sábado, 15 de agosto de 2009

Vinte-e-poucos anos

Um ano a mais ou menos de vida. Depende se você enxerga o copo meio cheio ou meio vazio. Quando um ano de vida a mais se completa, é como se num caleidoscópio enxergássemos o que fomos, o que somos, e projetamos o que podemos ser. Fazemos planos. Retomamos planos anteriores. Olhar o retrovisor é nostálgico e ao mesmo tempo feliz.


Chegar aos 25 me faz lembrar quando tinha 13 e planejava para os vinte-e-poucos-anos as grandes cerimônias da vida. Formatura, casamento, filhos. Tudo outrora tão distante. Tudo agora tão ali. Tudo agora que passou e que dá saudade. Tudo o que eu imaginava e que não se cumpriu. Tudo o que eu sequer sonhava e que se realizou. A vida é mesmo surpreendente. Onde mesmo eu sonhava em chegar? Memória com rasuras, não me permite saber quem eu gostaria de ser exatamente, tampouco lembrar quando me decidi ser quem sou.


Bailarina, atriz, pintora, jornalista. Universitária, profissional, independente, mulher. Amante, amiga, cúmplice, colega, filha, mãe. Mas lembro sim da Lidiane que eu sonhava e ainda sonho ser. Porém o longo caminho aos vinte-e-poucos se transforma na contagem regressiva dos trinta. Porque a gente não perde a mania de continuar planejando os grandes rituais (aqueles que os querem viver, evidentemente). A gente segue tentando construir um projeto de vida, mesmo aprendendo, depois dos vinte-e-poucos, que ele dificilmente se concretize da forma e no tempo que a gente planejou.


Talvez porque precisemos de algo a perseguir. Aquilo que nos motiva a acordar todos os dias, a lutar por uma carreira bem sucedida, por uma vida estável, por mais aprendizado, mais experiência. Superar-nos. Há sempre algo por traz dessa busca desenfreada, nem que seja o desejo de um coração tranqüilo. Somos seres movidos a desafios, a objetivos, a sonhos, a um querer. A vários. E que bom que é assim. Porque viver sem motivo, é apenas existir.


Lidy