sexta-feira, 27 de junho de 2008

Amor de Bandeira

Não é à toa que ele é um dos meus poetas preferidos...


Dedução
Manoel Bandeira

Não acabarão com o amor,
nem as rusgas,nem a distância.
Está provado,pensado,verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo firme,
fiel e verdadeiramente.


Eu também.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Senhor da Vida

Tu, indelével, impávido,
Que declina, que ascende
Que transforma, que eterniza
Que areja, que pereniza
Que renova, que perece
Que traz ansiedade, que acalma
Que apressa, que demora
Que aumenta, que diminui
Que une, que desfaz
Que esquece, que traz à memória
Que fortalece, que enfraquece
Que passa, que fica
Que deixa saudade, que cura males
Que faz aprender, que deixa desaprender
Que aproxima, que distancia
Que forma, que deforma
Que deixa, que leva
Que traz, que busca
Que anuvia, que desopila
Que molda, que desmancha
Que emoldura, que apaga
Que desenha, que borra
Que cura, que adoece
Que ira, que acalanta
Que demonstra, que esconde
Que limpa, que empoeira
Simplesmente TU, intrépido tempo,
que faz tudo, apenas mudando de óptica.

terça-feira, 17 de junho de 2008

És...

És lindo nos teus detalhes
nos teus contornos e nas tuas cores
Lindo nos teus conceitos, e teus anseios
Lindo de valores

És lindo na risada fácil
no sono presente, no sonho feliz
És lindo na camisa passada
no chinelo surrado
no blusão gris

Lindo na pose de profissional,
de festeiro, de estudante
És lindo no todo e na parte
no doce beijo
na triste saudade

És lindo na qualidade
de um ser tão meu
meu amigo, cúmplice e metade
és a minha melhor parte
e a mais feliz.

domingo, 15 de junho de 2008

Encaixe!

Ele coração Ela paixão
Ele emoção Ela razão
Ele estrada Ela chegada
Ele espera Ela viagem
Ele força Ela entrega
Ele paixão Ela acolhida
Ele rudeza Ela afago
Ele riso Ela sorriso
Ele pegada Ela sutileza
Ele plano Ela elaboração
Ele querer Ela saber
Ele argumento Ela ponderação
Ele atitude Ela firmeza
Ele parceria Ela companheirismo
Ele amizade Ela cumplicidade
Ele retidão Ela entendimento
Ele sonhos Ela resignação
Ele aproximação Ela proximidade
Ele carinho Ela reciprocidade
Ele tormento Ela calma
Ele ventania Ela brisa
Ele tempestade Ela sol
Ele soma Ela multiplicação
Ele bem Ela maravilhosa
Ele bom Ela ótima
Ele e Ela AMOR!

Calor no frio

Sentiu o frio bater no rosto e gelar as mãos, lembrou do que havia conversado com as amigas, enrolou-se no cachecol de lã, vestiu o casaco grosso e tomou o caminho de casa. Fez a janta, nada de especial, pois o momento a seguir já daria o tom mágico da noite.
Escutou o tilintar da campainha, tremeu de nervos, caminhou até lá tirando o avental e secando as mãos, abriu -a, dois braços tomaram conta de seu pescoço, lábios uniram-se num beijo. Era uma boa forma de dizer boa-noite, vim jantar contigo!
Ainda antes do jantar, enquanto dava os toques finais, escutou o ruído do liquido escorrendo para dentro da segunda taça, pois a garrafa já estava aberta , e a primeira servida tinha sido ótimo aperitivo. Juntamente ao ato de alcançar a taça, veio um encontro suave e gostoso de corpos, mais alguns beijos, uma fala sussurrada ao pé do ouvido, um respiro mais forte junto à orelha, e um estremecimento mútuo, até que um dos dois distanciou-se, mantendo a linha, lembrando que o jantar ainda estava por vir.
Acenderam as velas juntos, e enquanto um colocava uma música suave ao fundo, o outro ateava mais fogo à lareira. Sentaram-se, um em cada ponta da mesa, serviram-se pouco, pois o jantar já passara a terceiro plano, mesmo estando maravilhoso.
Com o término da refeição, mais algumas taças de vinho em frente ao fogo, mais algumas palavras de carinho, carícias de ambas as partes, foi o necessário pra esquecerem-se do mundo e entregarem-se um ao outro, sem restrições ou medos. O espesso tapete de lã crua serviu de ninho de amor durante várias horas, até que apagaram os dois, ali mesmo, um enlaçado no corpo do outro, sentindo o calor das próprias peles, até que o tímido raiar do sol de inverno os tirasse de seu sono.
Na despedida, olhares profundos, palavras comedidas, gestos carinhosos, e apenas uma certeza de ambas as partes: Acontecerá novamente!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Palavras, apenas.

A folha em branco espreita-me. Sorri, tacitamente, esperando que eu despeje alguma coisa sobre ela. Poderia falar sobre o princípio dialógico da complexidade de Morin. Mas, complexo demais. O dia tumultuado cansa a criação científica e a auto-cobrança excessiva é amenizada pela auto-piedade. Corpo cansado, que não quer pensar. Mas corpo cansado que sente, e sobre isso, que bom é discorrer. E então, eu começo. Largo palavras e nem faço pausas para saber se elas fazem sentido. Saem, simplesmente, como verborragias incontroláveis, traduções, confusões, simplicidade, sentimentalismos, complexidade. Volto a ela. Morin tem me perseguido nestes dias. Então, a folha já não mais solitária, pede, silenciosa, mais. Ela sempre pede mais e se mostra pra mim, infinita. No finito do tempo e da criação momentânea que me toma por alguns segundos, satisfaço parte de seus anseios. Preencho algumas linhas, e esvazio alguns centímetros aqui dentro. Não toco em tudo. Deixo a folha ausente de algumas inquietações que têm me visitado nestas últimas semanas. Deixo-as na solidão do meu pensamento, aqueles não compartilhados, que ninguém sabe e ninguém viu. Às vezes, nem eu. Mas ao menos não passo o dia em branco, como a folha, alva, que há minutos atrás refletia sua brancura em mim.

Lidy