quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Daí a sentir gratidão pela vida!

Daí a se entender foi um pulo
Daí a sentir próximo foi rápido
Daí a procurar companhia
Daí a ver tudo com simplicidade
Daí a ver medidas de fazer
Daí a cercar-se de cuidados
Daí a buscar como
Daí a fazer acontecer
Daí a se apoiar
Daí a se ter inteiro
Daí a brindar parceria
Daí a encontrar refúgio
Daí a jogar leve
Daí a se ter alegria
Daí a ser legal os dias
Daí a colorir o horizonte
Daí a brilhar a temporada
Daí a conversa é boa
Daí a situação se controla
Daí a música tocou no ritmo certo
Daí a viagem foi bem sucedida
Daí a noite foi toda delícia
Daí a manhã foi radiante
Daí a pegada vale
Daí a memória fica doce
Daí a lembrança será terna
Daí a gratidão será eterna!

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Cavalo bom não morre

Pingo velho de lei e de valor inestimável
Carregou no lombo gerações diversas
Ensinou tantos perna ensaboada a correr boi
Sempre sério e prestativo, pronto pra lida
Teve seus dias de cuidado intenso
Sendo bem tratado e paparicado
Bem como merece um cavalo de valia
Que passamos a admirar e querer bem
E tratar como um amigo leal e fiel
Desses que pouco existem hoje em dia
Disposto, pra frente e correto
De bom comportamento, sem balda e sem defeito
Depois de muito troféu de rodeio
Muita viagem e corridas em cancha
Numa manhã dessas, se despediu
Sem mais nem menos, bem ao teu estilo
Apagar a existência da mesma forma altiva
Sem alarde, sem chamarisco nem redemunho
Só executando o destino, como sempre fez
E por bueno que sempre foi, deixa pra nós
Um exemplo de presteza e vicissitude
Que só os Buenos por excelência são capazes!
Que as invernadas eternas te recebam
Em sua imensidão verdejante de horizonte pleno
Para seguir galopando firme e leve, igual potro
Vai lá Hormiguero, vai lá Tatu!
Segue abrindo rasgado pros dois lados
E metendo o peito com vontade sempre que precisar!
Obrigado pela presteza, obrigado pela parceria
Obrigado pelo ensinamento e pela oportunidade
De viver tão belos e buenos momentos como vivemos!

domingo, 30 de junho de 2019

Assim, pelo silêncio, se ensina e se aprende

A chuva bate no telhado e cobre de silêncio fugidio a alma do campo. Se recolhem as aves e cessam seu canto. Aquietam-se os latidos e esmorecem os mugidos. A noite se faz longa e silente, num profundo respeito à natureza e seus elementais. É a alma do campo que se recobre com o tecido fino da manga d’água, lavando suas cargas e despejando suas energias sobre a terra, para que tudo vigore e brote. São suas forças ocultas que sobre o silêncio campesino agem de forma velada, recobrando cada palmo dilacerado pela existência, possibilitando novamente seu uso. São as bênçãos divinas se fazendo presentes para que possamos ver e sentir essa ação natural. Nos possibilita, se necessário, o uso dos cinco sentidos para a percepção do sagrado. Molha, tem odor e gosto característico, faz barulho e resfria em qualquer estação. Nesse silêncio retumbante, onde todos se recolhem e se aninham, há almas que se procuram. Buscam no brilho do outro seu aconchego, sua afabilidade. Nem sempre encontram. Mas não desistem, pois assim como a chuva, que vem e paira mansamente no ar, a busca precisa ser ininterrupta. É desse perseverar que vem a vitória. É da persistência na luta que se alcança a glória. No calor da batalha aflora o melhor que há no interior de cada um. Batalhas e lutas silenciosas tem o poder de nos permitir buscar nossa força adormecida e exteriorizar pelos gestos e atitudes o que somos. Quando aprendido, verbalizamos os atos e desfrutamos das benesses. Sem luta hermano, nada vale. O que vem fácil, vai fácil. Na dor o aprendizado é pra sempre. No amor também, porém temos a triste imperfeição social de não nos permitir aprender sempre pelo amor. Acabamos por achar errado, desconfiar, não ter o entendimento completo desse aprendizado. E na dor não há dúvidas. Marca e pronto. Assim como a chuva, as lágrimas que escorrem agem com poder, levando junto consigo as dúvidas do não aprendizado. Ele fica ali! Por mais adormecido que esteja, está ali! E os elementais, por saberem do quão poderosa é a água, venha de onde vier, deixam que escorra e cumpra sua função de assepsia emocional, natural, mental e espiritual. Se somos basicamente água, nada mais simples e natural que dela e por ela vivamos. Nos falta saber zelar. Enquanto não aprendemos (a dor vai nos ensinar), nos empenhamos em dar continuidade ao aprendizado do dia a dia. Se pudermos optar, será pelo amor. Caso não dê certo, já sabemos, a dor cumpre seu papel. No silêncio natural do eterno, que se faz presente pela ação da chuva nos campos, limitando as ações de tudo que é vivo, ela age silenciosa e eficazmente. E ficamos como expectadores, tentando vislumbrar os desfechos que nos rodeiam, embora saibamos que não há como prever nada. É deixar acontecer. Simples vida!

segunda-feira, 17 de junho de 2019

A possibilidade é real!

E o que seria? Se não apenas nós mesmos, nossas sombras, nossa luz, nosso ímpeto e nosso querer? Nada mais! O que nos move, reles mortais em eterna construção nesse plano, são nossos anseios e aspirações, os quais criamos e idealizamos baseados em nossas vivências e aprendizados, ou na ausência deles, visto que muitos não se prestam à tanto. Minhas vontades são muitas, tuas vontades são muitas. E muitas delas não se encontram e nem ecoam uma na outra. São distintas e distantes. Trazem consigo nossa bagagem existencial, nosso acumulado de alegrias e dissabores. Mas há as que convergem e se comunicam. E estas, bem, estas são o que fazem a magia acontecer. Estas movem nosso ímpeto de gratidão, e nos ensinam mansamente que agradecer é um ato quase que egoísta, assim como ajudar, pois faz melhor a quem age do que a quem recebe. Há que se agradecer pelos infortúnios, pelas quedas, pelas derrotas, pelos percalços, pelos tropeços. A dor é mestra! A dor ensina de forma contundente e retumbante. Marca tipo marca de ferro quente, que nunca mais se apaga ou se refaz. E as vontades convergentes nos dão de beber o néctar divino com sabor de serenidade. Nos oferecem o refresco límpido e amável da paz. São o brinde astral de tudo que se desenrolou por longas fases. São o alívio de penas duras que só o tempo tem o poder e a sabedoria suficiente para aliviar. São o suplantar de dores invisíveis aos olhos frenéticos das multidões que nada veem e tampouco se importam em perceber. São o recobrar do sorriso franco quando o véu da tristeza cai. São despertar para o colorido que sempre nos rodeou, mesmo quando tudo nos parecia cinza. São os sabores que nos visitam combatendo o insipidez instalada. São os aromas cativantes que nos retornam frente ao inodoro. São o tato apurado e sensível que nos permitimos utilizar quando assim nos é permitido. São os sons melodiosos e agradáveis ocupando o lugar do silêncio melancólico. É viver e rumar para a plenitude. Sentir, ser, doar, receber. É um fenômeno. E é positivo, embora extremamente doloroso. Porém, bem sabemos que só há conquista através de esforço. Só há vitória com entrega. Só podemos desfrutar quando batalhamos para ter, para chegar. E é nesse batida que vamos. Sem frouxar!
Há que se agradecer a cada momento. E caminhar reto, para que estes momentos tomem caminhos de uma constante, ou ao menos, tenham maior frequência. Parece simples, mas se chegar à esse ponto é um tremendo e tenebroso desafio! Como sempre digo: "Vamo" que "vamo", pois graças à Deus, tem quem olhe por nós!

terça-feira, 11 de junho de 2019

Nova morada!

Costumeiramente, não se usa indicar emoções vivas para coisas inertes. Porém, não há como não adjetivar dessa forma o lugar. A casa recebe à todos com um sorriso já na chegada. Te abraça e aconchega em seu interior, tipo matriarca. Te oferece sua amplitude de locais e espaços para que se sinta à vontade, e te entrega aos olhos nus suas imperfeições, que são nada mais que charme amealhado ao longo dos anos. E não é só uma casa. É um LAR! Onde se vive, se aprecia, se convive! Tem uma mística só sua, regida pelo benfazejo tempo, que tudo cicatriza, e não deixa nada e nem ninguém passar incólume pela existência. Um lar tem alma, que capta tudo daqueles que ali habitam, condensa com os que passam e transforma em energia viva e vibração. Assim, se faz um rancho alegre, com cara de felicidade! Essa é a cara de quem olha de fora. Esse é o sentimento que vem de dentro. Recomeço, redirecionamento, reajustamento. Traz esse mote, carrega em si essa expectativa. E assim se posta mansamente nos trilhos de seus habitantes. Rege seus caminhos, oferece guarida aos seus esforços, e por hospitaleiro e aconchegante, abre as portas à todos! Pequenos percalços e dificuldades de início são apenas para dar a possibilidade de saborear melhor os acontecimentos que se seguirão. Afinal, estamos no mundo e essa é a vida. Lhes conto, vai ser uma alegria em cima da outra! Quem vai conhecer se encanta. Quem tem a oportunidade de visitar adora. Daqui uns dias vão ter que colocar roleta na porta, já vou avisando. (Risos). E esse é o gostoso da vida. Estar rodeado de quem nos quer bem! Dar e receber carinho e afeto em uma troca constante, alimentando corpo e alma ininterruptamente. Essa casa vai dar o que falar (de bom!) Ali, na Gaspar Silveira Martins 1705. Vai lá, confere e me diz se tenho ou não razão.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Na trave!

Por vezes, se tenta fugir do rotineiro e normal, fazer algo mais inusitado ou até mesmo que possa surpreender, trazer um sorriso ao rosto dos outros e deixar boas lembranças. Nem sempre se consegue, pois como diz o célebre ditado, “de boas intenções se encheu o inferno”. O fato de não conseguir, de não dar certo, de se deparar com percalços e contratempos não é culpa e nem problema de alguém. É apenas o rumo das situações em descordo com o imaginado. E convenhamos, nem tudo que se imagina (ou quase nada) se mostra possível. Fruto da mente humana, com suas elucubrações e devaneios, que flertam com as impossibilidades e se enamoram com o desconhecido. No mais, não dar certo já é uma possibilidade existente, pois se não for tentado, não acontecerá. Simples assim. Lá no fundo fica aquela sensação de “puxa vida”... (derrubando os ombros e deixando o olhar perdido). Fruto da expectativa criada quando se leva adiante um pensamento descabido. Essa imaginação! Sempre nos auxilia, nos move e felicita, porém, como mundana que é, às vezes nos prega peças. A coisa se avalia da seguinte maneira: Quem disse que era possível? Quem disse que tudo pode acontecer como se pensa? Quem disse que só uma vontade pode ser atendida? É isso. Não se pode ter e nem dar espaço para frustrações ou tristezas por causa de algo tão pequeno e simples como uma surpresa que não foi. É hora de exercer a positividade, bater a poeira e seguir adiante de peito aberto e queixo erguido. Não deu, haverão de se criar e aproveitar outras oportunidades. Haverá o universo de se encarregar que as coisas deem certo, aconteçam, e sejam altamente proveitosas, onde as boas lembranças apagarão aquele gostinho ruim que ficou num fim de noite fria. É só dar tempo ao tempo. O tempo tem o poder silencioso da cura de tudo que é tipo de ferida e mal. Não seria algo tão minúsculo como uma esquina da vida que faria frente à ação poderosa do andar cronológico da existência, não é mesmo? No mais, um acontecido desse deve, por bem, de nos servir de aprendizado. Traz um ensinamento velado que só se dá conta quem se depara com eles. Ou seja, o universo nos diz: Nem tudo que se quer, se pode! E é bem assim que funciona! Bola pra frente e "vamo que vamo"!!!

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Antigos Caminhos

A carruagem branca segue pela estrada recém seca pelo sol e vento. Dentro segue solitária a princesa, envolta em pensamentos e devaneios postados sobre os próximos minutos. O cocheiro lhe conduz devagar pelas curvas e baixadas. O caminho lhes leva ao destino, onde se desvela uma linda mirada. Aguada limpa, gramado verdejante, som de pássaros esvoaçando sobre as árvores e alambrados. O horizonte se delineia através das curvas do relevo ao cair do sol. Na chegada, lhes é servido um chá diferenciado. Verde e quente, para acariciar mãos, rosto e coração, que foram se gelando durante a viagem. Sentam em poltronas brancas, ao pé de uma frondosa árvore, próxima a mansão, em pleno gramado. Passam a conversar por horas. Não percebem os minutos passarem, pois o diálogo se estende prazeroso e jovial. Em meio a isso, surge um genuíno interesse de um pelo outro. As palavras se encaixam e encontram eco. Há conexão. Há encaixe nas sutilezas e afirmações. Visitam os arredores, olham com atenção os espaços e locais. Lhes é apresentada a casa grande, com suas peças generosas e amplas. A antiguidade do local lhes surpreende. Percebem-se felizes com a visitação. Ao chegarem ao sótão, o local lhes encanta. As possibilidades atuais misturadas com as histórias passadas, marcadas em cada tábua e madeira traz uma mística diferente ao ambiente. Retornam à ampla e agora iluminada varanda, onde dão prosseguimento a conversa. Os olhares já não são mais os mesmos. Os olhos se fitam fundo. Os corpos buscam se aproximar, embora o comportamento e dizeres ainda permanecem firmes, cada um no seu espaço e tempo. Sem perceberem e sem terem intenção real, se abraçam, respeitosamente, porém afetuosa e carinhosamente. O enlace lhes faz tão bem que permanecem quietos, imóveis. Até a respiração é silenciosa. Se entreolham mais uma vez, com sorrisos de rosto inteiro. Seus olhos faíscam. Voltam a se abraçar. Cada vez mais percebem que seus abraços se encaixam tanto quanto suas palavras e olhares. Irremediavelmente, deixam seus lábios se tocarem levemente. Daí para o primeiro beijo são apenas frações de segundos. Sentem o calor um do outro. Sentem o toque de carinho e afeição que cada um exala pela pele. Nos rostos, olhares de satisfação e bem querer. Estão conectados. Estão ligados um ao outro. Necessitam seguir cada um seu destino, conforme seus ritmos e jornadas. A conexão lhes auxilia, propondo mais leveza e contrastes dali por diante. Vida que segue nos confins do mundo, onde desde os tempos antigos é possível ser feliz com pouco, bastando para isso calor humano e atenção. Têm um ao outro, embora de forma comedida e um tanto difícil. E sabem que a vida, por mais dificuldades que apresente, ainda é bela! Ainda pode bem lhes apresentar surpresas e nuances inusitados logo ali na frente. Confiar no Senhor, se amparar na fé e deixar que tudo siga pelo melhor caminho, é só o que podem fazer. E querem. Querem um ao outro e querem que tudo dê certo. E assim será!

domingo, 19 de maio de 2019

Ao redor do fogo se vivem grandes momentos!


Nosso costume descende de tempos remotos, onde os ancestrais se reuniam para conduzir os destinos das famílias, das comunidades e suas nações. Nestes encontros, somados a junção dos quatro elementos naturais, capitaneados pelo fogo, extraia-se um produto básico e elementar: O alimento. Cozido. Assado. Defumado. Desta prática rudimentar, mantida ao longo dos séculos e reproduzida em sua forma rústica até hoje por nós, adoradores do fogo e da sua magia calorosa e crepitante, surgem oportunidades de aprendizado. De se adquirir conhecimento. De se conhecer pessoas e suas histórias memoráveis. É isso que o fogo proporciona: Vida. Vivência. Experiências positivas e luminescentes! Por isso, afirmamos: “Ao redor do fogo se vivem grandes momentos!”

sábado, 18 de maio de 2019

Lá onde haverá de se ter gratidão!


Lá onde se vai por motivo
Lá onde se encontra por destino
Lá onde diálogo se faz
Lá onde fluem interesses sinceros
Lá onde reverberam acertos sem acintes
Lá onde há intensidade de palavras sutis
Lá onde se verbalizam verdades
Lá onde não se explica
Lá onde instiga e “te liga”
Lá onde surge maravilhosa companhia
Lá onde o respeito permeia
Lá onde o elogio é verdadeiro
Lá onde a visita virá?
Lá onde a Lua brinda
Lá onde banha com luz cálida
Lá onde as estrelas iluminam
Lá onde junto com cálice, desnuda
Lá onde a face viril habita
Lá onde trará muita alegria
Lá onde abraços são verdadeiros
Lá onde poderá congelar os minutos
Lá onde o calor arrepia
Lá onde a vibração estremece
Lá onde a energia aproxima
Lá onde se tem companhia
Lá onde não se janta sozinho
Lá onde se sorve carinho
Lá onde se ama sem um ninho
Lá onde haverá lembranças noturnas
Lá onde encontra humano calor
Lá onde a retina testemunha
Lá onde estará envolta em magia
Lá onde sentirá intensa energia
Lá onde nascerá longeva harmonia
Lá onde...

terça-feira, 26 de março de 2019

Abatido pela retaguarda

A situação ficou feia de fato. Dor de empalidecer e baixar a pressão de tão forte. A médica da emergência não quis nem examinar. Foi adentrar na sala e o semblante denunciou a crise. Para aliviar, uma sequência de três injeções, uma a cada dia, e repouso. A coluna me derrubou sem dó e nem piedade. O repouso eu imaginava que era pelo fato de precisar tempo para que a dor passasse, mas me enganei. Era pra sumirem as estrelinhas da retina. Menos mal que há essa sensação de estar no céu. É sério, tão logo o líquido começa a cortar a carne, não dá nem tempo de respirar, quando se abre os olhos, lá estão elas, de diversas cores e tamanhos. E é só o que se vê! Estrelas e mais estrelas. E dói! Dói de verdade! É uma dor sobrepondo a outra. E a enfermeira te pergunta com semblante de animadora de festa infantil: “- Tudo bem?” Pra não dar respostas destoantes, só balancei a cabeça positivamente... Sou bem desencanado e aceito numa boa o fato de estar envelhecendo. Curto meus grisalhos e brinco com meus fios de barba branca (minha caçula adora fazer cafuné neles!). Mas meu corpo não está lidando bem com os fatos. Dor aqui e dor lá fazem parte do dia a dia. Só que essa crise de dores na coluna me derrubou como nunca aconteceu antes. Dizem as más línguas que homem quando tem algo é uma ladainha, que geme e se queixa todo. E eu sou obrigado a concordar. Não que eu gemesse. Não dava. Era um bufo e um grunhido e respirar p-a-u-s-a-d-a-m-e-n-t-e para ver se diminuíam as fisgadas. Rapaz! O cara se vê pequeno. Não consegue se lavar do joelho para baixo. Pra se vestir, só deitado na cama. Calçar meias é um privilégio inacessível. Atar cadarços... o que são cadarços??? Isso sem contar que não é possível fazer absolutamente nada! Não pode caminhar, não pode cozinhar, não pode sentar, não pode (na verdade, não consegue) levantar, não pode, não pode, não pode... E, o que mais abala e deprime é que não pode pegar os filhos no colo! E claro, o humor de qualquer ser que tenha um pouco de apreço pelas coisas mundanas e corriqueiras fica totalmente azedo. Juro que me esforcei para não me tornar um peso para quem está na volta. E tentei inúmeras vezes segurar a onda pra que não largasse toda a frustração e tédio em cima de quem não merece. Se o fiz, peço imensas desculpas. Fato é, que ficar em casa forçado, sem poder fazer nada, é castigo dos grandes, e por maior que seja a paciência do vivente, ela termina! E pra piorar, TODOS os dias foram de sol e temperaturas agradáveis. É pra f****! Sorte a minha que tenho apreço pela leitura e escrita, assim, ao menos um pouco do azedume se diluía entre as páginas e linhas. Agora, é aguardar o resultado dos exames, receber o diagnóstico e tratamento do médico, e segui-los! Falando nisso, alguém já teve a oportunidade de fazer uma ressonância? É uma experiência ímpar. Indivíduo deitado de barriga pra cima, totalmente imóvel, com uma roupa, digamos, sem modelagem, enquanto o técnico que opera a máquina, que é altamente similar a um forno, vai te passando instruções. O trambolho parece um forno tanto em formato, como em temperatura, pois vai esquentando, e tu ali, longos e demoradíssimos vinte minutos. E dá-lhe calor e barulho. Muito barulho! Antes de te colocarem de vez dentro do aparelho, te dão uma espécie de buzina e te dizem: “- Se precisar, aperta.” E saem da sala. Me deu vontade de apertar só pra ver se voltam mesmo, mas me contive. Ando mais interessado no resultado do exame que no resultado da molecagem. Falando em resultado, prometo que vou me esforçar. Boa parte do que é necessário para manter a coluna “em dia”, eu, você, e toda a torcida do Barcelona e do Real Madrid sabemos. Eu gosto de caminhar e correr (já o alongamento é por obrigação mesmo...), o mal da coisa é achar um horário na rotina que concilie o trabalho, a vida em família, em sociedade, com o tal exercício. Quem não tem no DNA a atividade física, fica um tanto complicado inserir. E assim o sedentarismo vai passando de parasita para hóspede e vai ficando, ficando, ficando... Mas, se não tem outro jeito e essa dor indigesta e maligna insiste, vamos lá! O mundo fitness que nos aguarde (ave maria!)! Só não pensem que vou deixar de ser gordo! O que Deus fez e a natureza aperfeiçoou não se modifica (Hahahaha)!

terça-feira, 19 de março de 2019

O pouco de cada um, se faz muito por todos

O pouco de cada, um se faz muito por todos
Há um momento da vida que nos toma conta a sensação de que estão nos tirando a possibilidade de convívio daqueles com os quais nos acostumamos. Por vezes pode não parecer intenso e nem importante esse convívio, mas cada pequeno momento, cada palavra trocada, cada gesto, cada olhar e trejeito tinha significado. E a totalidade destes momentos se traduzem em aprendizado. De caminhada. De estrada. De vida. E assim estes que estão indo, sem saber, contribuíram para a nossa formação de caráter, de personalidade, de indivíduos sociais. Fizeram por nós o mesmo que entes queridos e familiares faziam e fazem. Há mais tempo nos deixaram sem o “Tio” Alsério, sem o “Schepa”, depois levaram o “Dorço”, o “seu” Osmar, o “seu” Juarez, o “Tio” Valdemar, o Vermelho, o Beto, o César, o “seu” Antoninho, entre outros. Esses caras se fizeram importantes pra nossa existência. Como andávamos sempre “em bando”, éramos acolhidos e festejados pelos pais e mães da “gurizada”. Nos acolheram em suas casas, em suas famílias, em suas vidas. Nos davam atenção, cuidado e afeto. Deixam conosco uma carga de ensinamento grande e valiosa. Seu legado. Legado é algo que fica nas entrelinhas do convívio. Um misto de comportamento e conversa, de ação e diálogo. Bem imaterial dos mais valiosos que se possa conhecer. Obviamente não faziam nada sozinhos, pois eram todos bem casados e as patroas davam conta do recado com habilidade e sabedoria (as “tias”. Que até hoje querem saber se estamos bem e se importam em nos dar um abraço afetuoso!). Porém, pra nós, homens, o convívio com os mais velhos se faz salutar e é bem-vindo. A forma de repassar sabedoria e ensinar valores é através do convívio e da sua leitura sem cortes e nem apartes. E é nisso que “pega” o sentimento de falta. Só que não adianta, por pior que seja, somente ficar a prantear a partida. É necessário ir adiante, suplantar a dor e se esforçar para manter vivo o aprendizado, senão de nada valerá. Logo ali em cima, estão todos, junto com os nossos que também já foram, a nos olhar, a nos cuidar, a nos “ladear” durante a caminhada. Não se trata de minimizar a perda ou fazer pouco do momento, e sim de entender o quão grande e belo é o ensinamento que nos deixam. O quão lindo e importante foram para nós esses convívios, e a larga dose de altruísmo que se necessita para ter essa compreensão. E não é nada fácil. E dói. E machuca. Em contrapartida, faz crescer, faz com que procuremos o melhor de cada um e passemos a praticar. Pra mim em especial, que sempre tive um olhar diferenciado no convívio, tentando buscar o entendimento do porquê, do como, um amigo ou amiga era de tal jeito através da observação e conversa com seus pais, essas partidas me atingem e me ferem. Fico com um vazio no peito até entender que nos passaram o que puderam, e que daqui por diante é conosco e com os que ficam. Jamais teria a intenção e a pretensão de me colocar ao mesmo nível de filhos, filhas e familiares. Apenas partilho do sentimento de perda e fico dolorido por saber que não os teremos mais aqui. E entendo isso melhor por já ter vivido na pele a perda de tios, tias, padrinho e madrinha, avó e avôs. Não foi e não é fácil. Me agarro na fé e vou adiante. Bem como me ensinaram minha Vó Celina, meu Vô Otacílio e minha tia Rosa, assim como meu saudoso Tio Orlando, que já partiram e deixaram grandes aprendizados, vasta sabedoria e cargas generosas desses ensinamentos, para que fossem seguidos e praticados. Neste ponto, além de nós mesmos, temos filhos e filhas, sobrinhos e sobrinhas, afilhados e afilhadas para passarmos adiante, mantendo vivo o legado. São os ciclos da vida. Assim, resignados e conscientes de que isso não se muda, que não há o que fazer diante dos ciclos terrenos, pois eles se encerrarão para todos nós, e somos impotentes neste ponto, seguimos adiante. Com fé! Encerro com um ditado que todos sempre nos mostraram na prática como deve ser: “Ensina o piá o caminho que deve cruzar, que quando for “nego véio” não vai se extraviar!” Luz, paz e sabedoria à todos! Beijos e abraços!

sábado, 9 de março de 2019

É mais Taura, "De Mano"!


Quando o tempo se apresenta lobuno
É dia de encilhar os pensamento
Deixar o sábado trotear na volta das casa
Preparar o domingo que se vem lamacento
Pra fazer um costado na volta das brasa
É tipo potro de ano, que se chega no cocho
E desconfiado, se para sempre de lado
Mira o campeiro e bombeia o alambrado
A qualquer movimento, dispara em alvoroço
Tempo encharcado, rancho cheio e ruidoso
As panela chamando, a gurizada pedindo
A chapa que vai zunindo, e a água iniciando o chiado
A chaleira com a tampa tamborila
Enquanto o dente de alho é picado
Ronca a cuia, pra logo em seguida outro sorver
É o Rio grande nos mostrando o poder
Do dia a dia nas volta das casa
Mateia, cozinha, atende a “criarada”
Vai consumindo o tempo, por bem saber
Pra terminar o dia com ares de carreira atada!
São as simplicidades de cada vida
Que se estampa num sorriso inocente
Faz qualquer índio, do mais “flaco” ao mais valente
Perceber na hora, o quão se para impotente
Diante da vontade do Pai onipresente
É dever de um taura, zelar sempre pelos seus
Desde a chegada, até a hora braba do Adeus
Por isso que o patrão velho, num dia de alegria
Nos plantou, para que se faça nostalgia
A lembrança pura destes momentos singelos
Pois daqui, não se leva mais que o tempo vivido
E muitos não tem compreendido, o valor da existência
Renegando a querência, fazendo pouco do pago
Desprezando a fé, os amigos e até a família
Pra logo adiante, andar de joelhos no chão
Clamando por indulgência celestial
Se despindo da carapuça de falso bagual
Pra tentar encontrar o que há de valor
E se agarra, desta vez com profundo ardor
Nestes momentos puros, simples e belos
Entendendo assim, a razão da existência
Pois de nada adianta não ter querência
E nem um parador, pois até o xirú mais aragano
Na hora que a coisa se “entaipa”, necessita tutano
E se escora em alguém, pois precisa andar “de mano”.