sexta-feira, 29 de maio de 2020

Puteiro "made in"

É dose. De comida ruim e bebida amarga. Esse é o comparativo ou analogia que tenho para o momento do País, como um todo. Além da pandemia, que alterou fortemente a rotina de todo mundo, literalmente, temos o "barraco made in piriguetice" apresentada pela tríade mídia x governo x justiça, apoiado pelos nossos dois meritrícios nacionais, denominados erroneamente por câmara e senado federais. Nada de novo em terras tupiniquins, onde as vaidades e interesses pessoais SEMPRE estiveram e seguem estando BEM acima do bem comum. Afinal, o que é comum pouco importa. O órgão supremo da justiça do país ser composto por pulhas, é histórico. Os pulhas do momento estão colhendo o fruto de um plantio de décadas. Seus próprios atos pregressos os trouxeram até aqui. E os exemplos seguem vivos. Um ministro dessa zona de stf divulgar para a mídia um vídeo de uma reunião ministerial tem qual intenção? Que tipo de pessoa tem a atitude de quebrar um sigilo do executivo? Qual o motivo? Não defendo e nem julgo o conteúdo da reunião. Cada um que o faça por si. A discussão fica pra outra hora. A atitude do tal é que me espanta. Sacripanta, pra dar rima. O que desejo, nesse momento, embora saiba ser impossível, é que se possam se despir das vaidades e fazer algo de bom para a nação. Disse impossível, porque as vaidades dessa gente são maiores que eles mesmos. Maiores que suas polpudas verbas. Se houvesse um esquadrão do respeito com atuação restrita à Brasília, seria um bom lugar pra iniciar os trabalhos. E de quebra daria um ótimo exemplo pras outras casas. Ou zonas? Talvez eu não deva rebaixar o local de trabalho de profissionais do amor. Pode soar ofensivo.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Não é sino, mas bate

As bordoadas da vida doem. Todas. Umas doem bastante, outras nem tanto, outras "mais ou menos". E todas ensinam, se nos dispomos a aprender. Nos forjam, se nos impomos aprender. E nos moldam, se sabemos utilizar e repassar o aprendizado. Via de regra, nos fazem melhor. Pessoas melhores, pais melhores, amigos melhores, companheiros melhores, colegas melhores. E é claro, há exceções. Tem quem nem sabe ou tem ideia do que está acontecendo em sua vida. E não invariavelmente, estão reclamando, buscando culpados, se isentando. Nem preciso dizer que dessa forma não há como aprender. Que dirá buscar modificações e aperfeiçoamentos. Nunca fui e continuo longe de ser um exemplo, sob qualquer prisma ou ângulo da vida. Mas reclamar e atirar culpas em outros é algo que dificilmente irão me ver fazendo. A vida é minha, o comportamento é meu, as escolhas são minhas, e as consequências também. Positivas ou não. Boas ou não. Engrandecedoras ou não. Se isentar é coisa de inconsequente. Fez? Assume! Fiz? Assumo! Tem uma desculpa que é um tanto senso comum atualmente. "Tava bêbado(a)..." Ok. Tava. Fato. A pergunta que fica é: Deixou de ser a pessoa? Obviamente que não. Graças que a lei anda pesando a mão quando constatado embriaguez em situações que geram ocorrências. Porém, há inúmeras e diversas situações que não são motivos de ocorrências (ainda bem!). Os bolas-fora, as furadas, as humilhações, as discriminações veladas, entre outras. Porém, vamos olhar o lado bom. Assim como acontecem, em muitas delas as pessoas se retratam no ato. Ou na primeira oportunidade que possuem. Isso é uma forma de assumir. Legal né? Sim, se o vacilão ou vacilona se mancar e não repetir. Denotará aprendizado! É... E de pancada em pancada a vida segue. Ensinando, moldando e forjando quem se presta à isso. Tô em avaliação se ando me prestando. Vai que penso quesim e na real não tô. Fica ruim né?

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Seguimos indo...

Incredulidade. Entendo ser esse o melhor termo para definir minha posição sobre o caso. Incredulidade misturada com vários outros sentimentos. E nenhum positivo. Um inclusive me faz ter medo de mim mesmo. Luto diariamente para não deixá-lo aflorar. Faz muito mal. Tanto à mim como aos outros. A minha incredulidade suscita algumas perguntas bem batidas e óbvias. O que leva uma pessoa à tamanha insanidade e atrocidade? Crimes de assassinato são comuns, embora não devessem. A história nos mostra isso, infelizmente. Já uma mãe assassinar um filho, nada de comum tem. Sendo o filho uma criança, menos ainda. É grau de loucura e frieza a ser altamente estudado. O fato isolado, por si só, já é repugnante o bastante. Mas, parafraseando Hiltor, que diz que sempre há um mas em tudo, há quem defenda o ser. E usa da própria condição de ser mãe para dar uma justificativa atenuante para o fato. É de vomitar. Sim, eu sei que faz parte da profissão, que está exercendo-a, e blá blá blá. Só lembro à todos que não há obrigatoriedade alguma em "pegar" o caso. Salvo decisão judicial que obrigue. Por favor, me corrijam se estou errado. Esse tal profissional busca somente notoriedade e ganhos. Financeiros, profissionais, de status. Aos olhares de simples mortais, que prezam a família e os bons costumes, e desejam punição exemplar para a inclassificável, se coloca numa situação de paridade com quem defende. Simples assim. Ou seja, enquanto sociedade, continuamos descendo a rampa. Já tô achando que a rampa nunca vai ter fim. Infelizmente.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Quinquilharias

Quem não tem algumas guardadas? Quem de nós não juntou, ao longo da jornada, várias e várias pequenas ou nem tão pequenas coisas, dessas que guardamos para “um dia utilizar”, ou “pode ter utilidade”. A clássica “quem guarda o que não precisa, sempre tem o que precisa”. Essa é a mais estapafúrdia, confesso. E foi a que mais escutei. Fato é, que não existe casa onde não se tenha uma infinidade de quinquilharias. Algumas de forma mais organizada, com tudo guardado e encaixotado. Outras com as coisas mais espalhadas, sem muita “catalogação”. E outras numa tremenda bagunça mesmo. Bagunça organizada e organização bagunçada também estão dentro dessa última classificação. Essas peças, utensílios e afins têm, na verdade, sua maior função em nos lembrar de alguma passagem ou momento pregresso. Bons e significativos momentos, obviamente. Ninguém vai guardar algo que venha lhe trazer lembranças ruins, salvo situações hilárias, às quais, com o tempo, também passam a ser boas lembranças, pois o andar do tempo lhes transformou, lhe trouxe leveza e o entendimento que o momento vivenciado teve outro olhar, outra conotação. Alguns, inclusive, trazem memórias de pessoas que nem estão mais conosco, mas deixaram essas lembranças para se eternizarem em nossos meios. O mais interessante desses “itens memoráveis”, é que eles são vistos ou buscados muito esporadicamente, e na maioria das vezes, por um desses três motivos: 1 – Mudança. Seja de casa, de layout, de decoração ou outro qualquer. 2 – Reforma: De casa, de cômodos, de móveis. 3 – Procura: De documentos ou qualquer outra coisa que não se usa ou se vê em circulação há tempos pela casa. Dificilmente se escapa dessa trilogia. Analise se em alguns momentos, você já não esteve “futricando” pela casa, até que se depara com um desses. De imediato interrompe o que estava fazendo para vir com o artefato nas mãos, chamando por alguém e já dando “o parecer” sobre a situação, “a época” e tal. Corriqueiro e normal. Ou somente normal, já que corriqueiro fica contradizente com as vezes espaçadas que vivenciamos. Digamos que é normal e acontece em todos os lares. O mais interessante destes é quando estamos arrumando ou organizando um lugar que ainda não temos uma grande familiaridade, e surge um “elemento” desconhecido. Chamamos alguém para nos dar um parecer, esse alguém sabe tanto quanto nós a respeito. E assim vai se sucedendo, até que se vê que ninguém do recinto sabe da origem ou da utilidade do dito. Ainda bem que hoje em dia temos a internet para nos auxiliar nessas descobertas. E melhor ainda é que essas, definitivamente, não são situações comuns. Pois ter algo em casa e um dos habitantes não saber o que é ou pra que serve, tudo bem. Todos não saberem, fica xarope. A impressão não é das melhores e cheira a “algo estranho no ninho”. Pra dizer pouco. E fica todo mundo desconfiado. Sorte que os ditos são, em sua maioria, velhos, antigos e defasados, senão... Já viu... Hahahaha

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Pschhhhh... Pschhh... Psch...

Silêncios e suas possibilidades. No silêncio, qualquer pequeno ruído é barulho. Qualquer leve brisa é vento, qualquer “remexida” é movimento. Se o silêncio se faz e a mente não silencia, tudo toma proporções. Diz a letra da música: Mente quieta, espinha ereta e coração tranquilo. É tipo um mantra, onde uma ação leva à outra. Como sempre, é necessário ter atitude. Tem que necessariamente, agir. Contudo, toda ação pode e em muitos casos, deve ser pensada. Planejada, feita com estratégia, alguns dirão. E para se pensar, se traçar estratégias e planejar, sendo estas ações voltadas ao âmbito pessoal, é salutar buscar o silêncio. Em muitos casos, se isolar voluntariamente. Em alguns casos, involuntariamente. Nos casos em questão, buscar um isolamento benéfico, em locais que nos sejam aprazíveis e aconchegantes. Nada de locais macabros ou temerosos. Isso é outra coisa. Aqui, falamos de bondades. De situações que venham a nos fazer bem. Que nos tragam positividades. O silêncio nos permite ficar em paz, prestar atenção em nosso interior. Visualizar obviedades e naturalidades de nosso ser que no afã da rotina e na correria dos dias nos passam despercebidos. E em dados momentos, esses detalhes podem fazer diferença. Podem nos embasar decisões, podem nos auxiliar em reflexões, podem nos indicar caminhos a trilhar. Podem inclusive, nos impulsionar a mudanças significativas na vida. Até drásticas, em alguns casos. Tudo alicerçado em momentos de busca de algo mais, através do silêncio, da solitude, da fuga da loucura que criamos em nossas vidas. O corre-corre do dia-a-dia vai nos consumindo de tal forma que momentos de relaxamento, sem fazer absolutamente nada são mais que merecidos. São necessários e imperiosos. Nos livram, preventivamente de males maiores. Previnem e fazem bem à saúde física também, não só à mental. Desses momentos saem um sem número de criações, conjunções, convergências e outros, que movem as sociedades, pode apostar. É na informalidade que as ideias e sementes de futuras ações são plantadas, em sua maioria. Todos já tivemos conversas leves e despretensiosas com alguém, que depois evoluíram para ações à nossa volta. São aquelas conversas na beira de uma piscina, degustando algo saboroso, sem qualquer intenção. Ou naquele acampamento com os amigos, na beira de uma fogueira, ou naquele jantar com os mais chegados, dando boas risadas. Até mesmo no inexorável e (quase) infalível almoço familiar de domingo, com todos os seus personagens e situações memoráveis. Obviamente, nestes todos, o silêncio não se faz presente, por questões óbvias. O que se apresenta aqui são as oportunidades de comunicar e abordar os insight’s advindos dos momentos de silêncio. Sempre que lembrados, é claro! Porém, para serem lembrados, hão de existir, senão, nada feito! Confesso que sou um fã desses momentos no silêncio. Ainda não descobri com precisão o porquê. Ao concluir (se um dia...), lhes conto, prometo!

domingo, 24 de maio de 2020

Fora do lugar? Talvez não...

Dia desses, envolvido numa lida gaúcha, me deparei com um artefato fora do contexto, pra quem tem um olhar definido sobre peças de nosso uso. E exatamente este item, naquele lugar, destoando dos demais, tipo pato em cancha de carreira, me fez pensar um pouco e expandir meus próprios horizontes e abrir o pensamento. Estava pilotando o fogão campeiro no quiosque de um grande amigo, dando vazão à uma de minhas paixões, que é a produção de "bóia forte". Neste dia em específico, espinhaço de ovelha com mandioca, na panela de ferro. No quiosque citado, há uma infinidade de coisas, muitas de uso e muitas de decoração. E muitas com dupla aptidão. Corria o olhar pelo ambiente, buscando identificar cada artefato, contemplando a beleza e charme que as peçam emprestam ao lugar. Até que numa mirada, entre os cuidados com o fogo e seu produto, bati o olho em algo diferente. De pronto, pensei: "Mas o que isso faz aqui??" E logo, também me dispus a buscar, ou melhor, formular, algumas alternativas, já que estava sozinho no momento. A parceria finalizava um serviço em outro ambiente. Nessas hipóteses é que o pensamento se expande. Poderia ser um presente. Poderia ser uma lembrança. Poderia ser várias coisas. Não importa. O fato de estar um chapéu de couro, dos tradicionais usados pelos vaqueiros nordestinos, junto às demais peças de couro cru, em nada muda. Ou muda, pra melhor. Mostra que somos hospitaleiros, que nos integramos com os demais rurais tradicionais desse mundo, e que valorizamos essa diversidade. Ponto positivo. Não existe uma fórmula pronta, tipo receita de bolo, mas passa, não só por estes gestos e pensamentos, também pela atitude, podermos enraizar e levar adiante a nossa própria cultura. A partir da aceitação da diversidade dos diferentes locais, entendendo que mesmo diferentes somos da mesma essência. E através da integração podemos ir mais longe, todos. Voltando ao chapéu, jantamos, conversamos longa e demoradamente, e não perguntei de onde surgiu e como foi parar lá. Hora dessas lembro e questiono. Vai que a história do dito vale um escrito...

sábado, 23 de maio de 2020

Fogão campeiro

Velho e sistema "bugro"
Origens do meu pago
Descendência que trago
Viva no braseiro rubro

Calor que invade a alma
Esquentando mais que a chapa
Deixando firme a ilhapa
Trançando sonhos com calma

Fumega a chapa da esperança
Fazendo tirintar a chaleira
Da aconchegante e hospitaleira
Alma velha e riso de criança

No crepitar da tua chama
Mantém acesa as vivências
Dessas muitas querências
Que nosso tempo conclama

És um altar dos mais chucro
Domado pela gaúcha mansidão
De cozinhar dando tirão
Sem mirar qualquer lucro

A fumaça que faz conduz
As intenções do preparo
E o ferro preto no amparo
Da bóia buena sob a luz

Pois quem pilota o jipe
Sabe a manha e o volteio
Tipo gaiteiro no floreio
Quando o baile quer repique

Chia a chaleira, "aleluia"
Dando vaza pro chimarrão
Que tava feito de antemão
Aguardando no porta cuia

Vem o frito do aperitivo
Atiçando toda indiada
Que já vinha alvorotada
Querendo sorver o do estrivo

Reverenciado e santo ritual
Das heranças da minha gente
Nesse costado sempre contente
Se mira no simples gestual

Reunidos sempre no teu calor
Degustam cheiros e sabores
Diversos e acolhedores
De quem ama com ardor

O fogo e seu chamativo "derredor"
Trazendo seu mágico momento
De parados fazerem movimento
Como arame estendido no corredor

No ancestral fogão campeiro
Evolução vil da dominação
Da flor vermelha e sua vocação
De mostrar o amor rotineiro

É a estampa rude de uma raça
Moldada revidando a intempérie
Que no sul repete em série
Temperatura propícia à fumaça

Nos frios onde o "beiço" arregaça
Nas orelhas, quando assobia o vento
Assemelha o laçasso de um tento
E os dedos encarangam de perder a graça

No calor da boca sem cinzeiro
Se esquenta o povo sulino
Escrevendo o xucro destino
De quem nasceu nesse paradeiro

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Nossos desperdícios

Por onipresente e adimensional, o tempo faz troça e escarnece de seres simplórios e inacabados em seus constructos, que se adicionam na conta da finitude dos dias de cada um de nós. Se empenha em ensinar através das lições vagarosas e simples do cotidiano. Importa-se em apresentar lições valiosas dentro do seu andar ritmado. Provoca o instinto, sempre que necessário, criando situações. Prova, em seu decorrer e de forma inconteste, que seu decorrer é implacável. Soma tudo. Diminui tudo. Multiplica e divide conforme a necessidade do momento. Pois momentos é o que lhe sobra. Por indelével, não se apega e nem se deixa ficar. Somente permite que lhe guardem nas memórias e lembranças dos que se permitem e dignam à tanto. Se doces ou amargas, se tenras ou duras, faz a escolha por cada um. É sua magia. Transcorrer mútua e paralelamente para todos, permitindo a coexistência e as vivências de vicissitudes e defeitos múltiplos de cada ser. Individualmente, mesmo que em grupo. Em cada momento, longo ou breve, marca cada ser e demarca cada existência dentro daquilo que ele, sábio, autoriza. Por ardiloso, concede que cada um internalize aprendizados ao com ele andarem ladeados. E se faz todo sentimento quando essa concessão é desperdiçada. Sabe que assim como a água da cachoeira não subirá o rio, ele também não retorna. E nós? Estamos recolhendo os ensinamentos e internalizando-os? Ou deixando que se vão? Experiência não é viver simplesmente. É o que se faz com o que se vive. E não há como inventar experiência, é necessário vivê-la!

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Dias e "dias"

Dias e dias. É a máxima já batida e repetida aos quatro ventos, por muitos. Alguns falam por falar. Outros falam com sentido. E outros com propriedade e profundidade. Neste ponto, vou me permitir, se não for presunção e nem pretensão em demasia, me alocar na terceira descrição. Há dias e dias. Dias amenos, dias "pegados", dias pesados, dias modorrentos, dias leves, e por aí vai. Fato é que vivi um dia de fortes emoções a pouco tempo. Produzi algumas "coisas" em casa, estive com as crianças um bom tempo, tentando matar a saudade, fui retirar um artefato aguardado por um período um tanto longo, e escrevi um pouco para manter o ritmo. Em casa, quieto no meu canto, sempre acompanhado do meu chimarrão, companheiro fiel de jornadas há décadas. Como tenho por premissa colocar sobre o crivo dos "personagens" reais das passagens que transcrevo, seja sob versos ou seja sob frases, assim o fiz. Copiei o link e "pah", enviei pro "zapzap" particular de cada um. Como sempre, muito mais por sentimento de honestidade e lealdade por aqueles que me dão a honra e o prazer de dividir momentos, do que por força de divulgação. Sim, peco fortemente nesse aspecto. Sou um tanto acanhado pra fazer isso. Um dia conto o que fiz gom inúmeros escritos da época que escrevia somente à punho. Mas outro dia. Agora voltemos ao fato motivador deste escrito. Após enviar as mensagens, recebo alguns cumprimentos acima do "normal". Fico feliz e lisonjeado pelo retorno, afinal, é basicamente familiares que se dignam a elogiar e apoiar, por obviedade (não divulgo, como vão adivinhar?). No "apagar das luzes" recebo um último. Carregado de emoção. Me diz que leu pra família, que falou com um amigo pra musicar e tal. Leio, viro de lado e fecho os olhos pra dormir. Pra tentar. Quando processo a informação, meu sono, que já era pouco devido à carga do dia, some pelas frestas do assoalho. Me sobressalto. Pego o telefone novamente pra ver se tinha lido errado. Não. Era isso mesmo. Como assim musicar??? Quem sou eu pra ter letra autoral? Os músicos e autores não vão querer. Certamente. Vai virar chacota. Meu coração bate tipo de criança que desceu da montanha russa. Levanto, vou no banheiro, tomo água, sento na cama. Deito. Sento de novo. Checo mais uma vez o telefone. Enquanto isso o pensamento acelerado dá voltas e voltas. Tudo que é tipo de bobagem aparece. Por prudência, rezo pra me acalmar. Dá certo. Deixo pra responder no outro dia. Aquieto a moringa e durmo. Às 2h. Pra quem tem dormido às 23h, são 3h de "piração". Faz parte. Guri novo quando se defronta com situações inusitadas dá nisso. Hahahaha. No outro dia, vida que segue. O que for pra ser, será! Bem tranquilo. E claro, agradeci imensa e carinhosamente cada retorno.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Esvaziando a moleira

Despretensiosamente, se ia o sábado
Corria rumo ao pôr do sol braseiro
A estrada como que chamou o campeiro
E largou, pegando rumo ao tablado

A estância tinha se povoado de pouco
Notícia vinha de prenda nova no rancho
Andava "às voltas", se prevenindo dos carancho
O pai, domador buenacho e bem louco

Reuniu-se a crioulada na volta do galpão
Até tiro pra cima se escutava ao redor
Tenteando ver quem com ele se dava melhor
O gurizote novo cruzava de mão em mão

Tinha prenda gaúcha em quantia no entrevero
Dessas que fala em tom seco sem cortar volta
Pela amabilidade e brandura logo se nota
Que monta a cavalo e corre boi o dia inteiro

A "arreiama" vai pr'os lombo num "prisco"
Cavalhada bem cuidada, pêlo fino, no brilho
Nem suja a xerga com o suor de ração e milho
A rascadeira tenteia, mas não tira nem cisco

A pegada toma forma e logo se principia
E pros lado da mangueira todos se vão
Querendo ver e entender, tipo a multidão
Gurizote, visita, peão, patrão e guria

Repontando a boiada de pêlo enganador
Trazendo pra pega do brete "moderneiro"
Pouco importando se a tropa é de tambeiro
Vem o patrão num flete lindo e caminhador

No embuxar de brete a dupla se "aprecata"
Combinam o saidor pra "formar o conjunto"
Tudo fica mais gaúcho no grito de "tô junto!"
Pois é ali, nessa hora, que a lida "engata"

Corre linda a gateada, forcejando um tento
Se resfolega a colorada, guachada do potreiro
É com ela a lida no campo, educando matreiro
Quando a boiada desrespeita o cercamento

O gateado de toso baixo, tem sede de arreio
Mostra toda a vontade de pingo bem vaquero
E empurra pra dentro o que se vinha cabortero
No disparar da rês, sai dando "de vareio"

Tem máquina, sangue e procedência o cuiudo
É pingo e pico, como diz o ditado da moda
Gaúcho perna ensaboada nele não se acomoda
Pecha de derrubar até o mais "corajudo"

Pra encerrar, a mulher gaúcha mostra talento
Firmezito na gateada, finaliza o trabalho
Paleteia lindo, mostra que entende do baralho
Atraca no bovino como quem garante o sustento

A corrida do boi tem sua beleza e seu encanto
Paleteada é coisa gaúcha, de crioulo chão
A Central Padrillos vai vindo pra função
No Haras Meu Velho, encontra apoio e recanto

Despacito, como quem tenteia milho na gaiola
Vão assistindo, presenciando a gritaria sadia
Se boleiam do alambrado e atracam na correria
Tipo um mango véio, quando a tala se despiola

E assim se finda a tarde nos confins do pago
Banhar o pingo, repassar manso o amargo
Encilhas, mangos e esporas voltam pro galpão
Plantando sorrisos sinceros que só gaúchos entenderão!

terça-feira, 19 de maio de 2020

Mudar sem mudar

E quando se vê, as cores retornam. Os dias mudam. As noites se estrelam. O entorno se modifica. Tudo ao redor tem outro sabor. Se debela a insipidez. O monocroma das retinas se dissipa dando lugar ao colorido entrelaçado da natureza e seus nuances enigmáticos e encantadores. Tudo se modifica. Tudo se transmuta. A flor desabrocha, o espinho fura. Os toques desvelam as texturas diversas e seus inusitados. Os aromas se fundem ritmando as notas do curso da existência. Tudo mudou. Mudou sem mudar. É o poder da nossa emanação energética que flui, vibrando esse tom de positividade. E nos retorna na mesma frequência, atraindo o magnetismo que exalamos. A natureza e a simplicidade do cosmos, sem as binariedades que somos compelidos a procurar e buscar em tudo. A magia da vida cruza em nossos olhos intermitentemente, fazendo din-don na ponta do nosso septo. E não nos dispusemos a enxergá-la como poderíamos. Azar o nosso. Depende só de cada um. É atitude, perseverança e persistência. Modificar ações de forma a alterar comportamentos e permancer firme no propósito. Com o passar dos dias as mudanças vão dando as caras. Inicialmente de forma sutil, depois mais e mais. É nossa própria permissão batendo à porta para vermos o que antes tínhamos ocultado. E o resultado é fenomenal. Quem já têm esse horizonte colorido e alegre, ofereça ajuda aos que não tem. Todos merecem esse nível de felicidade. Até os que não se ajudam. Tentemos. Faz parte das tentativas de melhorar o mundo.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Malas e suas (não) contribuições

Desconstruir para reconstruir. Tá aí uma afirmação um tanto desprovida de lógica para olhares mais rasos ou fortuitos. Porque alguém em sã consciência vai ou iria "colocar abaixo" para depois erguer, solidificar novamente? No mínimo, é contraditório. Contudo, quando se trata de conhecimento, logo fica bem mais compreensível. Neste ramo, o educacional, muito se ouve falar e muitos esforços se empreendem neste sentido. Usa-se como base um assunto, uma teoria ou a denominação que se quiser dar ao conteúdo, e a partir dele se embasa o estudo. Primeiramente conhecendo-o, após, entendendo seus nuances, meandros, e se possível sua temporalidade. Depois de se apossar dessas etapas do conhecimento, se passa a fazer contrapontos, entre o que era, o que está, e o que se quer. No ramo da administração, usamos muito a batida trilogia: Ideal x possível x atual. Partindo disso, e aqui falo de assuntos gerais e não de ramos específicos, as análises buscam, em suma, aprimoramento atemporal, porém dentro da temporalidade em que se está. Calma que explico. Ou tento. Atemporal por ser uma base de estudos que venha a servir para o futuro. E dentro da temporalidade pela obviedade do recorte de tempo, do momento, onde estamos enquanto o fazemos. Não é facil e nem simples, sei bem. Possível e gratificante, com certeza. Tudo que vêm suado, tem outro sabor. Só recomenda-se calma na empreitada. Não vamos resolver desconstruir a bíblia ou algumas das principais teorias que regem a humanidade. Eu, definitivamente não sou parceiro. Pelo trabalho triplo que isso daria. Primeiro, o estudo em si, que já seria um monstro esforço. Segundo, A quantidade de explicações para os chatos de plantão e seus porquês e críticas, na imensa maioria destrutivas, que nao trazem contribuição alguma. E terceiro, os incontáveis e intermináveis debates improdutivos com os mais diversos recalcados e suas doutrinações aprisionantes, que não lhes faculta possibilidades de rever ângulos e pontos de vista. Os famosos "mala sem alça" ou "sem noção" mesmo. Já outros temas sou bem propenso a encarar. Aprender e conhecer é algo que me fascina. Alguém com dicas ou propostas? Lembro-lhes que é em conjunto... Hehehe

domingo, 17 de maio de 2020

Repetindo!

Diz a música: "eu vejo o futuro repetir o passado"... E não é que o Cazuza tinha boa visão dos cenários! Gosto de músicas com letras intuitivas, que instiguem o pensamento. Que coloquem a cabeça pra funcionar, literalmente. Não sou um grande fã do autor, porém reconheço a contribuição deixada para o rock nacional. De grande valia. Esse trecho dessa música em si me fez analisar o momento, ou o cenário atual, para ficarmos com os mesmos termos e auxiliar a compreensão. Mudam os atores (por obviedade), mudam as épocas, e nós, a dita sociedade, vivemos em uma espécie de "looping's". Tivemos pandemias mundiais há séculos. O que fizemos com elas? Tivemos crises mundiais há séculos. O que fizemos com elas? Se me disserem que tiramos ensinamentos, bato palmas. Me parece que não. Não tiramos. Aqui não falo de individualidades ou especificidades. Falo no contexto geral. Enquanto sociedade, não evoluímos. Continuamos nos atritando por qualquer bobagem. Continuamos nos apegando à posses e cifras. Seguimos uma senda de culto e veneração de ditos heróis que nunca passaram perto de o serem de verdade. Continuamos sorrindo para o doutor e virando a cara para o porteiro. Ou seja, não aprendemos bulhufas de relações humanas na prática. Nem vou entrar na seara da política e sua politicagem. Suja, baixa e rasa, inflamada e escarnecida pela mídia e suas vertentes igualmente sujas e má intencionadas. Se no todo, seguimos descendo a rampa, há lampejos de esperança na individualidade. Desses que mantém viva a esperança de termos um futuro que não repita o passado, e nos leve adiante de vez. Ou melhor, que leve as próximas gerações, pois a minha e as "lindeiras" à ela, ficarão marcando passo mesmo. Votar, se posicionar, pressionar, cobrar, impor. Até agora, muito pouco ou quase nada aprendemos. Somos muito bons em desculpas. Temos pra tudo. Montamos uma forma de funcionamento da engrenagem social tão funesto que nem nos damos conta que os atingidos seríamos nós. É dose. Mas é assim. Aqui cabe mais um trecho da mesma música, que descreve bem o que pensamos e o que praticamos: "suas ideias não correspondem aos fatos". E sim, o tempo não pára!

Libertar, livrar, liberar

Incrível como as coisas acontecem sem nos darmos conta do quanto podemos, do quanto temos e do quanto fazemos. Estas três "crenças" em si, despertadas pela própria consciência e fortalecidas pela fé, nos dão um combustível motivacional fantástico, que se traduz em proatividade. Reconhecemos limitações, dificuldades e fraquezas. E sabendo-as, passamos a não as alimentar e não as aceitar como fatores de inatividade. As contornamos, agindo e progredindo, dando vazão as qualidades e pontos fortes, a fim de trabalhar o tempo e seus efeitos para atenuar as negatividades. Diz o ditado que o primeiro passo para corrigir um defeito ou sanar um problema é reconhecer que eles existem. O segundo é agir. Só teremos, ou criaremos, uma oportunidade ou situação que nos demonstre se mudamos, modificamos ou melhoramos algo, pela ação. Correta, diga-se de passagem. Na vida, como no esporte, não adianta "correr errado". Não nos leva a lugar algum. Não nos faz evoluir. E evoluir é tudo o que queremos. Se for pra ficar na mesma, nada do que vimos até aqui tem ou fará sentido. Para ficar na mesma, não precisamos agir e nem refletir. É só deixar o tempo passar e a vida andar. Como tudo na vida, é uma escolha. E escolhas prenunciam renúncias. "Vou para cá", logo "não vou para lá". Ao escolher um caminho, deixo o rumo, a viagem, a paisagem e tudo o mais do outro para contemplar o escolhido. E é assim em tudo. Os filosofos podem ajudar a compreender melhor. Fato é, que a primeira escolha, a primeira opção, de evoluir ou não, é só nossa, pessoal e intransferível. Pode até vir a ser inconsciente, mas ainda assim é só nossa. E daí pra frente, todas as demais vão acontecendo, queiramos ou não, gostemos ou não, aceitemos ou não. E é claro, se temos a consciência disso, e amparo da fé, tudo se torna mais visível e límpido. Inclusive a prática do perdão. Tão raro e difícil atualmente. Perdão dentro do coração, limpando a amargura e o rancor de dentro dele, e não da boca pra fora. Perdoar de verdade alivia. Não é necessário falar nada. Simplesmente expurgar os maus sentimentos, que nós, através de nossa percepção em dado momento de vida, recolhemos para dentro e atribuimos à outras pessoas, e mantemos por tempos essa negatividade dentro de nosso próprio coração. Ou seja, estamos ou estávamos mantendo os males conosco. E está em nossas mãos nos livrar deles. Agindo. Levando lado a lado pensamentos e atitudes que realmente demonstrem que liberamos esses pesos de nós. Rompemos as amarras, nos libertamos dos grilhões que há tempos nos mantêem inertes. Porquê? Porque temos, porque podemos e porque fazemos, despertados pela consciência e amparados pela fé!

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Sem animosidades!

Baseado no que li, escrito pelo grande Villagran, concordo plena e totalmente com a afirmação. As vertentes atuais, tanto o #fiqueemcasa quanto o #querotrabalhar não podem, não devem, e menos ainda é aceitável que estejam se engalfinhando, se prometendo, se agredindo, física, digital ou de qualquer outra forma que seja (dualismo, sempre ele!). Passaram fortemente dos limites. Toda e qualquer situação tem acerto, tem entendimento e tem contorno. Sempre há um "caminho do meio". A questão maior, que felizmente está nas nossas mãos, ao contrário da infecção, são os níveis de educação, empatia e bom senso que empregamos ao nos deparar com cada fato. Ficar em casa é correto? Óbvio. Isolamento é correto? Óbvio. Porém, há necessidades a serem supridas. Algumas básicas, outras nem tanto, mas que trouxemos para nosso rol de "primariedade" necessária (internet, por exemplo). Esses serviços, todos, dependem de pessoas para funcionar. E a imensa maioria, depende da presença física in loco, ou seja, não aceita o home office. É este o ponto. Há situações altamente divergentes. Tem gente que vai trabalhar contrariado. Tem quem vai por necessidade. Tem quem não vai e gosta. Tem quem não vai contrariado. Percebe a imensidão de egos e vaidades para acomodar neste oceano de opiniões e juízos? Este é o ponto. Não julgar. Entender. Porque A ou B está saindo de casa? Porque C ou D não estão saindo? Cada um tem seus motivos. E a vida é momento. Pode ser que tudo se inverta logo ali na frente. Não sabemos. Por hora, vamos usar este momento como oportunidade única de refletir mais, abusar da humanidade que temos individualmente e deixar os julgamentos rápidos e rasos num passado. Lhe parece um exercício interessante?

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Duo? Deixa!

Realmente, vivemos, no Brasil, um tempo onde os dualismos imperam. No sul então, isso está arraigado em nossa essência desde antes do nascimento. Ou é isso ou é aquilo. Ou gosta disso, ou gosta daquilo. Ou vai com esse, ou fica com aquele. Ou faz assim, ou assado. Serve pra tudo. É tão internalizado em cada um, que a própria educação, tanto familiar como formal, inconscientemente, desde o início nos apresenta duas opções para tudo. É sério. Pare e pense como foi que nos educaram e como nós seguimos educando nossos filhos, sobrinhos, afilhados. É por aí gente. Repassamos aquilo que vivenciamos. Só um parêntese. Não estou aqui para julgar sobre ser certo ou errado, sobre ser correto ou incorreto. É apenas a leitura que trago pelas vivências presenciadas. Algumas à duras penas, outras com muitas alegrias. Simples assim. Entretanto, esse dualismo, quando externado, e principalmente, quando feito junto ou para, estranhos, invariavelmente gera alguns estranhamentos (quanta criatividade!). Mas é isso mesmo. Se formos nos balizar pelas redes (anti)sociais, aí a coisa descamba. Não são só estranhamentos. É cacete mesmo. Do mais puro, cru e duro “pau comendo”. Na política, no futebol, na religião, nos gostos pessoais, em tudo. Já presenciei, inclusive, discussão ferrenha pelo fato de uma pessoa ter pedido opiniões para colocar nome em um pet que havia/estava adotando. É incrível. É assustador. Analisemos os casos. Presencialmente, o velho e bom olho-no-olho, as conversas e pontos de vista tendem a ser mais amenos, conciliadores e brandos. Muito porque, pelo simples fato de nos determos a conversar sobre qualquer assunto com alguém, mesmo que inconscientemente, estamos nos dispondo a emitir opiniões, e também ouvi-las. Ao ouvir e falar, nasce o diálogo. Tendo diálogo, e este sendo dentro de um nível mínimo de respeito e cordialidade, o entendimento está a um passo, embora possa se manter a divergência sobre o assunto em questão. O que está a se entender é o porquê dessa divergência. Agora, passemos as redes (anti)sociais e suas respectivas mídias e afins. Alguém escreve algo, um segundo lê e comenta. Um terceiro lê as duas escritas e comenta levando em conta o que entendeu das duas, não só da primeira. Daí pra frente, a coisa descamba valendo. Nem vou levar em consideração na análise, os erros crassos de escrita, embora deveria, pois alguns se expressam de uma forma inteligível, e querem ser entendidos e compreendidos. Mas isso é outro ponto. A questão que pega aqui, é a interpretação do que se lê. Quem lê algo nas mídias, já lê pré-disposto a entender conforme melhor lhe convém e se enquadra no seu modo de pensar e/ou agir. E daí pra frente, Deus nos acuda, já que bom senso é algo que “tem mas tá em falta”, como diria o atendente da vendinha de antigamente. Empatia então, nunca se ouviu falar. Respeito? Digamos que sim, mas com uma boa dose de malícia ou cinismo e sarcasmo. Chega. Esses ingredientes já bastam para os “comportamentos” descerem a ladeira. Ah! Uma ressalva oportuna: Eu já caí nessa armadilha. E quando se entra nessa, é tipo caminhão sem freio. É com tudo! A dica que me atrevo a dar, é para termos um pouco mais de calma. Analisar mais de uma vez o caso, pensar se vale a pena, tentar entender o que uma possível “discussão digital” trará de benefício para eu e o meu momento. E também, se o que entendemos é realmente o que a outra ou as outras pessoas querem dizer com o exposto. Em muitos casos, não é. Uma abordagem cordial e educada, que suscite uma segunda abordagem do emissor da mensagem inicial normalmente tende a trazer compreensão e entendimento para a situação, e aí tudo fica mais fácil de resolver. Se é que é preciso resolver algo. Em muitos casos, é evitar uma discussão desnecessária, simplesmente. Dito isto, podemos propor à todos e todas, que pratiquem a paciência e compreensão ao “habitar” esses mundos digitais. Tem muita gente precisando dessas atitudes. Em muitos casos somos nós mesmos. Para evitar incômodos e desgastes totalmente desnecessários, uma vez que, o dualismo, muito dificilmente conseguiremos atenuar, quiçá extinguir! Embora fosse uma ótima pedida!

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Tira teia

Por cedo se inicia um dia de lida. A manhã nem tinha dado as caras e o motor roncava. Fazer ar, conferir pneus, água, nível de combustível, entre outros. Quem vai “pro pega”, não pode ter pressa excessiva. Tem que ir numa boa, “bem calçado”. Pega o tranco na estrada, de manso. A manhã vem raiando, e com ela o frio se intensifica. Como dizem os estudiosos do tema, é a troca de energia entre a noite e o dia que refresca (ou gela) a alvorada. Horário marcado, não fica bem cometer atrasos. Gente séria trabalha assim. E por sério nos fazemos, pois a vida cobra logo quem “se boleia” pra fora dos trilhos. Um pastel de respeito pro café depois da abastecida, e se vamo. Encontro efetivado, primeiros assuntos dialogados, para quebrar o gelo, embora se conheça de tempos. Faz a primeira pesagem e segue o rumo. Nessas horas o sol já deu as caras e começa a elevar a temperatura com vontade. O vento é frio. No sul meu amigo, é só tendo saúde de ferro pra aguentar. E como diz os fãs do célebre artista: Não adianta! Tem que tocar! A estrada desce a coxilha com vontade. O rancho é no pé da estrada e a mangueira logo abaixo. Tropa encerrada, serviço andando. Nos confins do Rio Grande funciona do jeito que dá. O aparte é “à unha”, como diz o gaúcho. Toca uma pra lá, volteia outra, gira a tropa, empurra aquele, refuga esse. Larga pra juntar, traz de volta. Segue apartando. E um vai, e logo volta. Vai de novo, e volta. Refuga pela terceira vez. E o alemão vendedor só olhando. Resolvo dar um trato mais “de perto” no teimoso. Não à toa, traz uma coleira de “soga” no pescoço. Miro bem pra não errar o bote, vou certeiro, agarro com a canhota e pendo o corpo, pra fazer “virar de ponta”. Intenção e botada certeira. Só faltou combinar com a corda. Se parte em duas e o vivente sai cambaleando, de costas, buscando no que se firmar pra evitar o pealo. Não tem jeito. Se vamo ao solo com corda e tudo. Esparrama a tropa e tá o corpo estendido na mangueira. Bom início de uma sexta feira com lida o dia inteiro. Que nada. Cada um demonstra cansaço do jeito que quer. “É de livre escolha”, já dizia meu professor de educação física. Falando sério: Que rico pealo! Picanha com força contra o chão, esparramando a boiada. Se assustaram com o tombo e nem por cima se vieram, saíram cada um pr’um lado, Graças à Deus! Entre mortos e feridos todos bem. Sem mancar, sem doer pra movimentar. Foi só o “deita e levanta” e segue o baile! Uns não riram por receio, outros por educação. Mas com certeza todos tiveram grande vontade. Inclusive eu. Esse foi o tal de “tira teia”, pois fazia pares de anos que não ia carregar “fora de casa”. Nessa lida, tem que andar esperto, “de orelha em pé”, pois qualquer descuido pode resultar em uma “pisada”. E assim seguimos, com mais essa peripécia na conta. Ah! Ia esquecendo. Se vissem o tamanho do animal, riam também! Pouquinho maior que um cachorro. É... tem dessas minha gente... Não se ganha todas... Tem vezes que o protagonista da façanha somos nós. Hehehe

terça-feira, 12 de maio de 2020

Aos que cuidam

Não são os de antigamente, e para os olhares mais afoitos e rasos, nem os lembram, sei bem. É necessário vê-los em ação, e também sentir sua suavidade permeada de reconforto nos gestos, atos e palavras, para entender a magnitude de suas atuações. Ninguém se intitula ou opta seguir nessa batida sem estar imbuído das tarefas, sem ter o dom. Sim, para se manter firme nesse propósito, é necessário ter o dom. É necessário ter “chego pronto” para cumprir tão honrada e doce missão de vida. Empreender esforços em cuidar e zelar por quem muitas vezes sequer compreende que está sendo mantido sob os olhares da cautela não é para qualquer um. Há os que não entendem que estão ali justamente para que dali saiam revigorados, sadios, curados. Sempre bem melhores do que chegaram. E não falamos de doença ou mazelas. Falamos de pessoas. Sim, enfermeiros cuidam de pessoas, enquanto há outros profissionais que tratam e curam doenças. Sua missão profissional compreende responsabilidade mesclada de humanidade, zelo e carinho. Nada fácil e nem simples dispensar todos esses sentimentos para desconhecidos, e muitas vezes ingratos, que se apresentam em seus caminhos. É a rotina de quem vive o dia a dia dos hospitais, prontos socorros, UPA’s e afins. Receber, orientar, atender, acalmar, tratar, cuidar, dar atenção, verificar. Ninguém opta pela enfermagem pelas cifras a serem recebidas, e nem pelo glamour, pois a primeira é repelente e a segunda, inexistente, por mais triste que possa parecer. Nossa vã, rasa e perversa sociedade moderna não glorifica quem zela no anonimato. Prefere quem “ostenta” na mídia. Fazer o que... São os produtos advindos de nossos obscuros tempos atuais. Pode parecer oportunismo falar dessa profissão no momento atual, onde estão sendo exaltados aos quatro cantos em função da pandemia. E talvez seja, não me isento. Entretanto, quero fazer esse registro desde quando necessitei dos cuidados desses profissionais. E em decorrência da excelência destes, hoje estou com a vida de volta à normalidade. Gostaria de nominá-los, porém posso esquecer alguém. Seria um pecado. Vocês são fora de série. Têm meu respeito, minha admiração e meu carinho! Geraram boa parte da inspiração para que eu fizesse um pós operatório decente e correto, conforme as orientações recebidas. Esse misto de cuidado, zelo, humanidade e amor que dispensam diariamente para todos os que são à vocês confiados é inspirador e motivador. Vocês são demais! Fosse necessária alguma analogia para definir sucintamente a atuação profissional de vocês, eu diria: “Se dedicam a cuidar como mães, dão carinho e atenção como avós!” É como vejo, é como senti. Cumprem suas jornadas exitosamente, sem murmúrios, sem lamentos, com entrega e resignação. Entregam sorrisos e palavras de apoio. Trazem bendição e alento aos que precisam. Parabéns pelo dom, parabéns pelo cumprimento do dever, parabéns pelo dia do Enfermeiro, dia da Enfermeira! Meu sincero e profundo apreço e agradecimento por vocês existirem e fazerem a diferença! Que sejam todos abençoados pelo Pai Maior!

Tropeada do amor

Para os momentos que nos faltam ações e sobram tormentos, amor! Para as situações que nos faltam controle e sobram preocupações, fé! Para que sejamos realmente bons e deixemos deitados nos recônditos fundos do ser o primitivismo que nos habita, o qual nos instiga a deixar aflorar o instinto impulsivo, que por ser cru e bruto, nos impele à maldade, doses cavalares de amor e fé! Assim, dosando sempre, trazendo os pensamentos amadrinhados por esta crença, dando fiador às ações e empurrando a culatra dos desejos, nossa tropeada se faz mais amena, mais tranquila. Montado na esperança, repontando despacito a vida por diante, ladeado pelo respeito e pela honradez, caminhamos manso rumo à prosperidade. Berra ao cruzar a estrada a falsidade e sua malícia, e se aquieta quando estalamos a verdade num golpe seco no ar. A honestidade vem carregando o sustento, ringindo o eixo contra a roda da velha carreta do aconchego, onde a família se aninha nos braços da brandura, e a carreta, que avança, sob o sol forte que ilumina o semblante dos viventes, e segue sob a chuva que abastece a cacimba e o embornal das vicissitudes, faz contraponto à lua no horizonte da doçura e do abrigo. A tropeada segue, alimentando os que dela dependem para também seguirem, pois os bons exemplos necessitam fincar pé tipo potranco bem domado na esbarrada, a fim de que a docilidade do comando das rédeas seja a luz do andar. Ninguém é peão sozinho. Por mais sozinho que se ande no campo afora da vida, há sempre um bom amadrinhador pra fazer parelha, e também bons companheiros de jornada, que mesmo ao longe, acompanham o estradear da tropa. Fiéis companheiros, não se perdem no corredor da estrada, e nem fogem da lida quando a coisa enfeia! Ficam pé e metem o facão no toco, não importa o tamanho da pegada. Seguem sempre, cada um com sua sina, campereando suas dores e alegrias. Sedentos por uma nova “olada”, pra continuar escrevendo nas páginas encardidas pelo tempo sua própria história. Aos que lhes olham, onde veem cicatrizes e marcas, é oportuno e de respeito enxergar os rastros de seus passos. São vestígios de longos tempos, que as almas empoeiradas pelas cruzadas apresentam como quem oferece um chimarrão ao que chega. Histórias que se cruzam e se perdem no longevo caminho da existência. A tropeada segue, buscando bonança pra guaiaca, e enquanto não falta os pilas, a bóia é farta e de respeito. Reúne a gauchada pras charlas ao redor do fogo. Encima as abas dos chapéus de picumã e perfuma de fumaça o ambiente, pra não perder o velho costume bugre, de queimar os nós-de-pinhos e enterrar na cinzas o que houver de ruim. Nessa fumaça, transitam a energia das verdadeiras amizades e a vibração das admirações e cuidados. Na roda de prosa e mate, sentam lado a lado, em cepos de angico e camboatã, o bem querer e o apreço. São famílias que se entrelaçam pela tropeada, levando o tempo, esse “pingaço” ligeiro e esperto, por diante. Cada um do seu jeito, cada carreta com seus modos de ser e viver, mas todos com o mesmo intuito: Chegar ao final da tropeada com a certeza de ter distribuído amor e fé e alegria por cada pago que cruzou! E que assim seja sempre!

domingo, 10 de maio de 2020

Mãe Terra

Somo todos frutos dessa terra
Da Mãe Terra, generosa e resignada
De seu poderoso ventre fecundo
Germina, brota, pari, descasca

Pra quem se permite visualizar e entender
Na face feminina do astral deitar seu saber
Que para existirmos, há que gerar e fazer
Logo, Mãe Terra passará a compreender

Somos almas errantes que se tolhe
No denso infinito da parca existência
Generosamente, Mãe Terra nos acolhe
Emanando sua gloriosa providência

Somos únicos naquilo que definiu existir
E Mãe Terra nos conhece bem direito
Um por um, cicatrizes, sinais e feitos
Marcas, características, qualidades e defeitos

Somos hoje, formas disformes da matéria
Mãe terra assim há tempos nos permitiu
Por mansidão e carinho, de forma séria
Na história marcar o que caridosamente existiu

E aqui nos encontramos, todos sem exceção
Vivenciando o vagaroso andar de uma era,
Cada um sabendo a espera, sem exaustão
De futuros exitosos e certos, como pudera

Pois por mais forte que puder existir
A estrutura complexa e inteira de um ser
Ainda terá que primeiramente acontecer
De Mãe Terra primariamente lhe permitir

E Mãe Terra, por inteira bondade infinita
Em seu valor altamente incompreendido
Permite resignadamente, e proscrita
Que cada um possa ter seu seio bendito

Mãe Terra nos concede, abençoadamente
Por zelo, cuidado intenso e compaixão
Que tenhamos cada um, aqui neste chão
A nossa Mãe, única e inexoravelmente

Pra nos ensinar amar incondicionalmente
E até mesmo o indivíduo mais descrente
Nesse ponto, se convence tacitamente
Que é pra viver o agora, calmamente

E Mãe terra avisa, ninguém vira semente
Sem contar com um único ventre materno
E por mais que se vislumbre o eterno
A natureza de uma Mãe jamais desmente

Mãe terra é assim, gera, cria, ampara
Recebe de volta, dá guarida, consistência
Dá seguimento em nossa vil existência
Ensina, reconhece, aponta, nos prepara

Mãe terra se faz onipresente a cada minuto
Através desse ser surrealmente magnânimo
De atitudes afáveis, e objetivo quase ufânico
De cumprir o desafio, de ser Mãe, por absoluto

E por assim ser, à Mãe terra agradecemos
Por nos proporcionar essa inenarrável experiência
Conhecer o amor em sua mais terna essência
Nos dar uma Mãe, pois juntos com ela, acontecemos
Somos unicamente amor, por toda uma existência!

sábado, 9 de maio de 2020

Máscaras

Sempre fui um adepto convicto de jamais usar máscaras, nem em baile. Talvez pela criação, talvez pela vivência, talvez por ambas. Sempre tive a ideia fixa de que máscaras servem apenas para atenuar um fato, burlar uma regra de convívio, esconder algo, deixar de demonstrar uma faceta, entre outros atributos. Claro que, há casos e casos. Não vamos entender tudo com extremismo. Máscaras de festas infantis, com intuito real de diversão, por exemplo, ficam fora desse contexto. Aqui, me refiro muito mais às máscaras “invisíveis” que tanto presenciamos em nossas sociedades. Àquelas utilizadas por diversos atores sociais, em diversos locais e diversas situações, a fim de tapearem ou dissimularem suas reais intenções. Estas máscaras, jamais devem ou podem ser aceitas. No contexto atual, o fato é que estamos tendo que usar máscaras. Para preservação da saúde. Tanto a nossa quanto a do outro. Um gesto empático e altivo. Lindo, não fosse a obrigatoriedade legal, que tornou imperioso o uso. Salvo aquela parcela da população que por ter alto nível de conscientização e educação social já utilizava anterior à obrigatoriedade, estamos, todos (sim, eu também), usando para cumprir uma determinação. E assim sendo, nosso gesto, embora sadio e eficaz, se faz menor, nos tira o brilho e nos coloca numa espécie de “limbo”, para dizer o mínimo. Estamos dentre aqueles que proferem o chavão “uso pra não me complicar”, ao invés dos ovacionáveis “uso para proteção”. Complicado né meu povo? Enfim, é isto. Entender para aprender, já dizia o sábio. Diante dessa situação, as máscaras, que sempre apresentaram a necessidade de serem tiradas, precisam ser colocadas, utilizadas, usadas, higienizadas, reaproveitadas! Sem dó e nem piedade. Sem moderação, para continuar nos chavões em voga. A ressalva de que queremos continuar tendo as orelhas em perfeito estado também é válida, já que tem certos modelos que deixam a pessoa “cabana”, de tão forte ou tão curto que é o elástico que sustenta o artefato. Finalizando, temos as ações louváveis e dignas de divulgação. Principalmente duas: A primeira, a criatividade da nossa gente. Tem aparecido e sido feito um sem fim de modelos, estampas, cores e formatos delas. Alguns surpreendentes, inclusive. Parabéns à todos que se empenham e demonstram sua capacidade através da criação. Vocês são diferenciados. A segunda ação, são as doações feitas. Inúmeras. De empresas, de companhias, de clubes de serviço, de associações, agremiações. E também de pessoas físicas, algumas inclusive com limitações financeiras, que doam seu tempo e seu trabalho manual para confecção de máscaras. Parabéns pessoal! Vocês são, involuntariamente, responsáveis por mantermos acesa a chama da esperança na humanidade. À todos, obrigado pelas máscaras protetivas! Estas reais são de grande proveito e utilidade. As outras, seguimos aprendendo a identificar, a fim de derrubar com classe, as imaginárias, que insistem em permanecer coladas às faces dos que as alimentam e sustentam. Continuaremos usando somente as reais, obviamente!

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Pelos Meus

Um dia, por vivos, abraçamos
Um dia, por vivos, gargalhamos
Um dia, por vivos, nos sentimos
Um dia, por vivos, nos lembramos
Um dia, por vivos, contamos
Um dia, por fazer, degustamos
Um dia, por fazer, sorrimos
Um dia, por fazer, brincamos
Um dia, por fazer, cantamos
Um dia, por fazer, pulamos
Um dia, por agir, emocionamos
Um dia, por agir, fizemos sentir
Um dia, por agir, demos exemplos
Um dia, por agir, pegamos forte
Um dia, por agir, olhamos além dos olhos
Um dia, por estar, trocamos gestos
Um dia, por estar, aprendemos juntos
Um dia, por estar, somamos em algo
Um dia, por estar, trocamos muito
Um dia, por estar, abraçamos todos
Um dia, por ser, demonstramos
Um dia, por ser, externamos
Um dia, por ser, exemplificamos
Um dia, por ser, ensinamos
Um dia, por ser, amparamos
Um dia, ao ser, protegemos
Um dia, ao ser, cuidamos
Um dia, ao ser, regemos
Um dia, ao ser, equilibramos
Um dia, ao ser, sustentamos
Um dia, por ter, amadrinhamos
Um dia, por ter, encampamos
Um dia, por ter, melhoramos
Um dia, por ter, reerguemos
Um dia, por ter, refazemos
Um dia, pra sempre, amamos!

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Retrovisor

Era domingo, me lembro bem
Chovia tanto como hoje
Por novidade, tudo era princípio
O momento que ali, se dava início
As companhias, se chegavam
Em meio aos dias que se iam
Dali por diante, os tempos andavam
O tempo, por sábio se fazia
Guardava grandes ensinamentos
Para oferecer no alvorecer
Nas certezas erradas dos momentos
Quando a alma quis encrudescer
E os pensamentos ficaram turvos
Mudanças, por mais dolorosas
Deixam saldos que não são rubros
Na grande maioria das vezes
Não conseguimos ver de imediato
As modificações nos moldando
Ensinando, erguendo, forjando
Somos deveras pragmatistas
Precisamos prazos, vamos fixando
Ao invés de nos dar conta, ser realistas
Do que nos acontece e nos rodeia
É como se o tempo e seu transcorrer
Fossem um retrovisor a refletir
Nosso caminho percorrido
E os olhos que lhe miram
Se desfocam, se perdendo
Lembrando, se dispersando
Por tudo que se viveu
Buscando racionalizar, compreender
Para desse mesmo tempo
Tirar proveito através de si
Aprendendo e entendendo aqui e ali
Que tudo na vida, vem para o bem
Que o astral somente nos propicia
Conhecimento e crescimento, nada mais
Nos basta entender, aceitar e agradecer!

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Quando a vontade vence o receio

Podia ser um sábado qualquer, desses dias buenaços de sol, que o tempo consome de largo, pois tudo que é bom se vai rápido em nosso vil entender. Mas não, era um sábado de maio, gaúcho em quantia. E por gaúcho se parou. Mate ao amanhecer, tironeando o friozito do campo, ajeitar a bicharada pra que passem bem o dia, pois quem quer ter, tem que saber cuidar e se prestar pra isso. Aprendi com meu pai. Estradeando, na cruzada um beijo, um afago e o trato pro amanhã com os pequenos. Razão do nosso viver, presentes de Deus! E se chega no destino morredor do dia. Um assado bem gaúcho no restingal. Fogo de lenha buena, carne no espeto do jeito campeiro. Água da bica, do jeito antigo. Charla, causo, e bóia de fundamento. Arrebanhar a gadaria, oferecer um trato singelo. Abrir o peito chamando a cavalhada. Devagarito, a parceria vai se chegando. A pé, à cavalo, de camionete. Quando o sol “froxa o tento”, a encilha da matungada toma forma. Na falta de freio, de buçal mesmo. De laço nos tentos, ao passo devagarito, “se vamo”. Por manso e sujeito, estendemos o laço e se vamos arrastando, pra apertar o tento e trabalhar a trança. No mais, a fome da indiada ganha vaza, e começa a cantar portão. Por receio, apeio. Nessa de faltar freio, cambiamos cabeçada e rédea pelo buçal um do outro. A novata não sabe muita coisa, e fica com medo de lidar de corda. Como é negociação do patrão, faz bem quem auxilia e não se mete na conversa. Nessa cambiada, por falta de atenção, tá o cavalo pra dentro da pista. Monto de novo, com intenção de sair, e justo nessa hora refuga um osco, bem do meu lado. Eu que tava quieto, resignado. Firme na intenção de dar mais tempo pro retorno, sou pego de surpresa pelo inusitado da situação. Atraco o gateado, pra fazer o boi andar, e me pedem de imediato que leve pro fundo. Saio, e como cavalo bom sabe do serviço, vai acompanhando o tranco do boi. Primeiro galope depois de cerca de um ano. Tudo bem, tudo certo. Nessa mescla de desconfiança, vontade e fome de corda, faço a armada e no retorno, de bate pronto, saio cutucando o barroso com o bico da bota. É ponto! Chego no fundo, avalio. Tudo bem. Venho de volta, mais uma boa. Penso, avalio e entendo que é hora de ser prudente. Enrodilho o laço, apeio e encerro as atividades. Avalio com o patrão: De canhota, de buçal, e duas positivas. Tá valendo mais o gateado! Hehehe. Passa um tempo, vamos auxiliando no serviço de mangueira, até que o patrão retorna, agora de freio, e pede que pegue novamente. A vontade vence o receio. Mais quatro pegadas. Duas, uma e uma. Tá ótimo pra um retorno. Treino feito. Volta realizada. Tudo bem, tudo certo. Tudo nos conformes. Sem dor, sem desconforto. Uma ressalva para a montaria. É de fundamento. Cômodo, calmo, domado e meio. É pingo e pico! Pingo de lei, de valia e de valor. Corre lotes de bois e “malemal” bota suor na xerga. É montaria de patrão! Faz bem em recusar qualquer proposta. Um pingo, quando lhe serve pra qualquer circunstância, não tem preço que pague a serventia. Não por acaso, é gateado. Não por acaso, é cria dos TJ. É pêlo da tradição e marca de cavalo bueno! O rodeio que me aguarde! Vamo que vamo!

terça-feira, 5 de maio de 2020

Ciclos existem

Ciclos existem. Sempre existiram e sempre existirão. Com vários e diversos intuitos e objetivos. São os recortes de tempos que nos oferecem oportunidades também diversas. Depende de cada um, em seu momento de vida, sua visão e forma de entender as situações, fazer suas conjeturas e retirar delas seu aprendizado, suas certezas, seus pontos de vista e por aí vai. De fato estes momentos não tem prazos definidos com datas marcadas de início e fim. São cíclicos, e se entrelaçam com os outros que estão entrando e saindo de nossas vidas. São inclusive, vividos de forma intermitente e concomitante, dado a quantidade dos mesmos que se apresentam durante uma vida. Ou seja, não há o fim de um para o início de outro. Fim e começo se entrelaçam. Um vai ficando e o outro vai iniciando. Os resquícios do que fica andam junto, assim como o que marca o atual vai contrapondo e aos poucos tomando conta, até que o próximo venha se enredar nos meandros do tempo. Entremeando isso, as vivências que se acumulam tendemos a chamar de experiência, sejam elas positivas ou não. Até porque, a positividade dessas experiências e seus viés são obras da particularidade e livre arbítrio de cada um de nós. Em cada momento. Em cada situação. Vibramos a energia que temos conosco, nada mais justo. Cuidar da nossa energia, não dar entrada para as negatividades são exercícios diários, com os quais vamos aprendendo a lidar através do decorrer do tempo. É necessário boa dose de esforço para trazer esse comportamento para o dia a dia e fazer dele rotineiro. É possível e compensador. Faz com que passemos e vençamos os ciclos de forma mais leve e saudável, para mente, corpo e alma. Talvez esse seja o maior aprendizado que tenhamos a internalizar. Ficar com o sentimento de leveza permanente. Não a ponto de tratar tudo de forma rasa, e nem a ponto de não se importar com nada (percebem a dificuldade de equilibrar?). Entretanto, todos sabemos e vivemos provações suficientes para saber que os vai-e-vem, os altos e baixos, as provocações e fatos tentadores se passam diariamente, a fim de nos testar. De nos melindrar. De nos desequilibrar. Aí entra a questão de estarmos dispostos a utilizar nosso aprendizado, de mostrar que temos força mental e sabedoria emocional para manter o equilíbrio frente à eles. Nada fácil. Mas possível e salutar. Peço que não me interpretem mal. Não estou sugerindo que sejamos pessoas de sangue doce eternamente, muito menos que passemos por débeis frente aos demais. Não é isso. Há situações que necessitam que aflore nosso lado “sanguíneo”, que pedem nossas ações mais enérgicas. O que não podemos é confundir ou entender que nesses momentos podemos ou precisamos usar de maldade ou má fé. Jamais! Mesmo nos momentos mais difíceis, quando as situações vão à extremos, ainda é possível deixar o bem falar mais alto. É a imposição forte e resoluta, porém gentil e educada. Nada mais. Respeito e educação, sempre! Nada, nada, nada fácil. Mas nada fácil mesmo. É um dos grandes mistérios da vida. Como sermos melhores a cada dia. Aprender a ser uma pessoa melhor a cada dia, mesmo com todos os revezes e tombos. Talvez seja esse o legado maior de cada ciclo vivenciado: Nos dar condições de ser alguém melhor.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Faça!

Com essa de quarentena, fique em casa, permaneça no teu espaço e por aí vai, temos visto muitas coisas boas partindo de grandes pessoas (ruins de muitos também, mas isso é problema deles e não merece exaltação, nunca!), e várias dessas são responsáveis por manter nossa esperança na sociedade, no ser humano, nas pessoas, acesa! A bondade é decorrente do amor, e sem amor o mundo não é e nunca será um lugar de bom convívio. Enfim. Como estamos em época de digitalização extrema, o que tá pegando são as “lives”. Em casa, em estúdio, em palcos, em jardins, em sítios, no lugar e no local de preferência de cada um. E muitas dessas têm o intuito de arrecadar alimentos, somas, e outras doações para auxiliar quem realmente necessita. Nada mais louvável. Vejamos a situação. Artistas que vivem de seu trabalho ao vivo, dependem de poderem apresentar este trabalho, e devido à situação, estão impedidos. Foram alguns dos primeiros a parar e muito provavelmente serão dos últimos a retornarem. E ainda assim, se dispõem a contribuir com sua arte para que outros, portadores de parcas condições sejam favorecidos. Baita atitude! Tá, eu sei que há os que recebem pra isso, sei que há os que fazem porque não sabem fazer outra coisa, e blá blá blá. Pouco importa. Estão fazendo! Enquanto a imensa maioria dos que criticam estão somente criticando. Não são capazes de usar o famoso e célebre t.b.c*. A atitude é louvável sim. Acompanhando estes artistas há um sem número de pessoas que vivem do trabalho prestado em função das apresentações. E estes também passam dificuldades. Acima de todo esse debate de ser certo ou não ser tão certo, há a atitude. Graças à Deus há a atitude. E esta é das grandes. Agem para contribuir com outros. E muitos desses outros são desconhecidos. É generosidade. É abnegação. É de se ressaltar e aplaudir. É fazer o bem sem olhar a quem. É sair do discurso e partir para a prática. Parabéns à todos. Sincero, honesto e profundo parabéns! E fica o pedido, para todos que assistem uma ou outra: Contribuam! Sempre tem gente precisando. Em momentos como esse ou fora dele, necessitados sempre existem! Se não contribui na “live”, contribua ao seu redor. Se não com valores, com algo que auxilie. Roupas, calçados, agasalhos, utensílios, móveis, eletroeletrônicos sem utilização (quem não tem?). Pode, inclusive, ser com parte do seu tempo, da sua atenção. Pra muitos, isso é mais que bem-vindo. Tem gente que não quer valores e nem objetos. Tem gente que quer somente atenção. Tem gente que quer um ombro amigo. São as múltiplas carências do ser humano. E quem quer doa. Quem quer faz. Quem quer, dá um jeito. Quem não quer, dá uma desculpa. Uns agem, outros se esquivam. Uns por iniciativa, outros por acompanhamento. Pouco importa. Agir é sempre necessário. E tu, te enquadra em qual turma hoje em dia?

*t.b.c. – tirar a bunda da cadeira – forma irônica de incitar a ação.

domingo, 3 de maio de 2020

Cura de luxo

E veio a tropa num upa
Levantando a polvadeira
Deixando o rastro fresco
De casco partido e ressequido
Que a chuva por escassa
Endura, requebra e “desbeiça”
A soiteira estoura no vazio
Empurrando forte a culatra
Mantém a tropa coesa
Sem refugo ou reponte
As porteiras se fecham
Evitando retorno e desmonte
E a braba que sempre arremete
Vem no seio do corpo parelho
Não fica pra outra cruzada
Vem junto nessa pegada
Atende aos gritos e estouros
E nem ameaça se desgarrar
A aspa quebrada no palanque
Agora tem trato bueno e rechego
Sai bicho, bicheira e atraso
Entra cuidado e progressão
No santo altar da mangueira
A reza acontece, mesmo braba
Com toda perícia e conhecimento
Pois essa humilde e sagrada cura
Alimenta abundosa e fartamente
Toda essa nossa nação!
E assim se seguem os dias
Repetindo a mesma toada
Vem as terneiras, sai a vacada
É proteína criada no luxo
Do nosso interior produtivo
Que traz por vocação e chamado
Manter um país ajustado
Enquanto a “locaiada” peleia
Pra definir no jogo falado
Quem primeiro nos faqueia!


sábado, 2 de maio de 2020

Fazendo pátria

Ao fundo um mugido
Anuncia a pegada do dia
A tropa vem pelo corredor
Levanta o pó da mangueira
Redemunha, renegada
E por fim, se para
A peonada rechega no más
Assovios, estouros e gritos
Aparta e empurra pro serviço
Canta o portão, ringe a roldana
Tilinta o guiso, ronca a catraca
Tá pego! Um atrás do outro
Agulha fura o couro num upa
Empurra saúde pela carne
A faca afiada embeleza
Emparelhando a vassoura da cola
Brinco pra marcar lote
Pesagem pro controle
O fio do lombo carrega
O repelente do mosquedo
Bate portão, “froxa” a tesoura
Machos p’rum lado, fêmeas pro outro
Aparte do lote é tradição
Evita muito retoço
E resguarda a invernada
O andaime liso e batido
De tantas e tantas lidas
Ladeia o brete, sovado
A sala de trabalho comprova
A pecuária dando vida
À tradição do pago
Fica no chão o testemunho
Que desde muito tempo
Tem gaúcho no mundo
Fazendo pátria com tudo!

sexta-feira, 1 de maio de 2020

E aí?

E quando a saudade passa a não ser mais opção? Como dominar o instinto, amansar a natureza do ser e refletir sobre o que e como fazer? E nesta luta eterna entre o que se planeja e o que se torna possível concretizar, o que fazer? Onde e no que se amparar? Quais os exemplos que se podem buscar para usar de esteio, com o pensamento embotado e o raciocínio prejudicado pelo aperto da saudade? Não há remédio, não há vacina. O que se tem é externar a dor pelos gestos. Agir. Ocupar o corpo para que a mente trabalhe e “golpeie” os pensamentos até que “fiquem sujeitos” e se acomodem, de forma que nos tragam soluções plausíveis e aplicáveis na realidade que vivemos, sem exageros e sem esdruxulidades, garantindo o futuro dentro de um mínimo de dignidade e zelo pessoal. E para amparar esse andar com firmeza, a fé e sua capacidade de nos fazer fortaleza! Colocar e manter em pé, firme, alinhavando e coordenando ações e atitudes, amansando as rotinas com suavidade. Conduzindo e trazendo sinergia para o dia a dia. Sem ela, a perdição começa pelo que se pensa e se concretiza pelo que se faz. A falta de fé é o início da negação do amor, e sem amor, nada segue adiante. Sem amor, o que sobra é a maldade, a raiva, o ódio, a inveja. Sentimentos extremamente ruins, que consomem o ser e nos tornam recipientes do mal. Sacudir essa poeira da alma e deixar o calor aquecer o espírito nos fortalece, abre horizontes, traz vislumbres de felicidade adiante. E daí por diante, alimentando a bondade, as situações se passam mais amenas e os sorrisos e olhares se tornam frequentes. Os entendimentos acontecem, os momentos são saboreados junto ao calor do coração, que amparado, se abre e vibra positividade e boas energias. Nessa toada de vibrar o bem, com o tempo passamos a ser luz, e ser requisitados e procurados pelos das nossas voltas. E a saudade, que feito traça carcomia o fino tecido da existência, se esfarela e some, dando lugar à sabedoria aprendida na dura luta dos dias, que a partir de então se transmuta em felicidade plena. Esse mesmo saber acende a chama da acuidade mental e nos impele a ver de forma diferente os momentos mais simples, que estando juntos, preenchem o que antes era lacuna de dor, e ao transcorrerem, traziam sofrimento. E ao não mais nos permitirmos sofrer pelos caminhos que a vida nos conduz, percebemos que estamos no trilho. Que há opções. E que o protagonismo de cada um é responsabilidade individual. Intransferível. No entanto, para se chegar nesse ponto, ela antes se apresenta e nos dá mostras de seu poder dilacerante e desconcertante. Depois de apresentada, nos resta lidar com sua brutalidade educadora. Aí entram nossas escolhas (sempre elas). Trabalhar a favor de nós mesmos ou nos entregar. Nem sempre é fácil visualizar o momento ou entendê-lo. A dor ensina. É mestra dos homens. E creio que o maior de seus ensinamentos é justamente como não trazê-la para si. Como tratá-la para que fique “ela lá e eu cá”. Talvez seja um dos grandes segredos da vida. Talvez seja um dos mistérios da existência. Para dar jeito nessa equação, me valho do que dizia meu amado avô, com seu sorriso não muito corriqueiro: " - Pra que sofrer e chorar, se podemos sorrir e ser felizes?"


“... Não me entrego,
Sou galo, morro e não grito,
Cumprindo o fado maldito,
Que desde a casca eu carrego...”
Fragmento da poesia “Galo de Rinha” de Jaime Caetano Braun.