domingo, 21 de junho de 2009

É responsa, mas é ótimo!

Sim, escrever é uma coisa muito legal, satisfatória. Mas é também, de certa forma, uma maneira de colocar a cara à tapa. Sim, pois o que ali está vai passar pelo crivo de quem lê, e quem lê tem opinião, formas de pensamentos e olhares diversos sobre os mesmos fatos.
E isso rege as ideias de quem vai escrever, não propriamente, mas pelo simples fato de assim ser. É claro que qualquer pessoa que tenha um mínimo de personalidade não vai omitir suas ideias ou mudar de opinião por temor de que suas palavras, versos, frases, sejam entendidas de forma errônea. Quem escreve, o faz conforme sua consciência, e não para o agrado dos outros, embora seja totalmente prazeroso quando isso é alcançado conjuntamente.
E vejam que falo isso por experiência própria, pois gosto de escrever, me arrisco a colocar algumas frases no papel, e vez por outra me permito tentar uns versos. Claro que não me acho nada demais por isso, apenas faço porque me faz bem, e conforme inúmeras afirmações de pessoas próximas, é uma forma de estender essa bondade aos outros, e isso é o que mais me motiva. Sim, poder propiciar algo de bom aos que nos rodeiam é impagável, indescritível!
E, vejam como a responsabilidade recai sobre mim nesse caso, pois me atrevo a escrever junto com uma pessoa que tem o dom divino das letras, das palavras, e ainda é extremamente dedicada no que faz. Acham isso pouco? É barra meus amigos, é barra! To indo bem, mas ainda tenho vasto caminho a trilhar pra igualar! Mas não vou desistir, ah não vou! E por mais que seja uma baita “responsa”, é um prazer imensurável também! E “vamo” que “vamo”!

domingo, 14 de junho de 2009

Viver (na sua essência)

Ande ao léu, sem nada pra fazer, apenas pensando na vida. Siga por rumos antigos, invente novos caminhos, faça novas rotas e novos roteiros, vá pra novos lugares, visite velhos amigos, faça novas amizades, saia sem saber onde vai chegar, nem quando vai chegar, muito menos se vai chegar. Permita-se extravagâncias vez por outra, faça economias sempre que conseguir e puder. Entregue sorrisos verdadeiros sem esperar recompensas. Abrace verdadeiramente, com alma e vontade, aperte a mão olhando nos olhos, dê boas gargalhadas com os que lhe são caros, divirta-se com aqueles que se achegam sem pedir nada em troca, trabalhe com boa vontade, esmere-se em fazer tudo da melhor maneira, coma e beba com gosto, sentindo prazer. Escute a música que lhe agradar, cante o que tiver vontade. Dance como quiser, se vista como achar melhor, use óculos de sol se gostar, se não gostar não use. Coloque colares, joias, anéis, correntes, ou não coloque nada. Ostente chapéu, boné, boina, touca, ou mostre seu penteado, sua careca, ou ande escabelado, faça como achar melhor! Ligue pra um amigo que mora longe, mande um recado pra um vizinho, escreva uma carta (sim, carta, papel e caneta, bem do jeito antigo), ou não ligue pra ninguém, dê um beijo na sua mãe, no seu pai ou no (a) seu (sua) irmão (ã), aquela mesma com quem você discutiu ontem, trate com afeto os que te rodeiam, não dê a mínima pra quem só pensa em te ver pelas costas, faça pouco de quem quer puxar o teu tapete, ajude quem puder, mas ajude mesmo quem precisar de você ou de sua ajuda. Seja ativo, cuide de si mesmo e do que é seu, ou deixe tudo esculhambado por dias. Saia pra acampar, vá pro mato, pro campo, pra praia, ou fique na cidade ou nos arredores. Curta o frio, a chuva, ou curta o calor, o sol, ou faça tudo, cada um de uma vez ou com as combinações que se é possível. Tenha um cachorro, ou um gato, ou um passarinho, ou um cavalo, ou uma iguana, sei lá, ou não tenha nada disso. Prefira uma moto, um jipe, ou um barco, uma lancha, um caiaque. Faça natação, jogue futebol, ande de bicicleta, ou apenas caminhe de vez em quando. Ou, seja sedentário mesmo. Curta a simplicidade e sinceridade das crianças, ou não chegue nem perto delas, escute com atenção os ensinamentos dos mais velhos, ou se faça de surdo, permita-se aprender com a natureza, sim, isso você deve aprender! Tenha fé, seja devoto, seja ateu, ou não seja nada. Seja humilde, tranquilo, calmo, ou seja agitado, ansioso e voraz. Só não seja ignorante e/ou arrogante, isso não pode! Mas mantenha o respeito e a dignidade, não deixe que por trás de seu jeito de ser, de vestir e de agir molde-se um caráter volátil, uma personalidade vil. Não se torne e nem se faça uma pessoa, um ser sem princípios e sem valores, não se torne apenas uma caricatura, uma pessoa oca, vazia, um corpo sem alma. Nada pode ser pior que isso. São essas pessoas que fazem tudo perder a essência, que cada hora que passa, pelo simples fato de existirem e andarem por aí, tornam o mundo pior, bem pior! Não seja uma delas, não ande no mundo a passeio, e, se andar, tudo bem, só não faça desse passeio uma forma de exemplo. Pense melhor!

domingo, 7 de junho de 2009

Rodada

Aguarda a chamada de laço armado
Pede boi e sai cutucando o pingo
Vai ajeitando no bater de patas
Empurra o trançado antes da raia
Vai na boca pra fazer a armada
Suspende o seio cerrando a corda
Chega espora e dá rédea
Com a confiança debaixo dos arreios
É aí que lida perde a forma
A cancha se faz traiçoeira
E os dez pontos se vão embora
No aprumar da corda “véia” debochada
Perdeu as mãos a égua do patrão
E se foram os dois pro chão
Misturando pêlo, terra e arreio
Dando mostras do tamanho da confusão
De tão rápido que é o tombo
O índio velho se ajeita como pode
Pra não bater primeiro o lombo
Ou o recavém contra a barba-de-bode
Depois da embolada de homem,
Cavalo, terra, grama e arreio
A poeira cedendo espaço
Se levanta, ainda assustado da façanha
Monta de novo e sai, altaneiro
Mostrando que nessa hora
Até quem pensa que perde, ainda ganha
É coisa braba uma rodada campeira
Por mais mansa que seja
Larga o gaúcho extraviado, atordoado
Bombeando os tarecos que ali ficam
Tudo perdido, esparramado...
E o pingo, que vinha firme
Atendendo os comandos do campeiro
Sem nem ver como, se foi ao chão
Também fica zonzo, perdido
Levanta e se para ao lado, de pronto
Pra servir de novo, como antes
Mesmo tendo se machucado
Quem assiste leva um susto dos grandes
Vendo equino e campeiro
Rolando cancha a fora
Cessa a gritaria e fica o silêncio
Até verem que nada demais aconteceu
Sobrou uma mão bem dolorida
Os dois braços um pouco esfolados
E no mais, o rodeio aconteceu
Na barraca, esfriando o sangue
A canha fez às vezes de analgésico
E o carinho da parceria às de doutor
Continuou, dando ordem no boiamento
Zelando pelo refrigerador
Sendo o síndico do acampamento
Mas loguito se curou, e já andava
De trançado na mão, procurando rodeio
É assim mesmo a lida e a vida
De quem vive pela campereada
Num dia se ganha um troféu,
No outro, uma baita d’uma rodada.