domingo, 31 de dezembro de 2023

2024

 Novo ano, novo ciclo, novos rumos, novas realizações, novas situações, novos desafios, novos aprendizados, novos ensinamentos, novas possibilidades. Tudo novo. De novo! E se não for assim? Se na realidade, for tudo como antes? E se for apenas a repetência dos fatos? Se for o girar do globo nos fazendo revisitar as nossas mesmas situações, nos trazendo provações? E se for a vida, retornando seus ciclos, nos fazendo comprovar aprendizados e dando oportunidades para que possamos fixar ensinamentos, internalizar nossas verdades e entender nossas sombras. Mais uma vez, teremos um mínimo de 365 oportunidades de ser melhores, de encarar nossos fantasmas, de resolver nossas pendências individuais e intransferíveis. De sermos melhores, de evoluirmos, de progredirmos. De prosperarmos, de transcendermos. Assim é a vida e seus ciclos. Uns mais curtos, outros mais longos. Uns mais intensos, outros menos. Uns mais leves, outros mais pesados. Fato. E assim vamos indo. Ciclando e reciclando. Aprendendo e provando. Ensinando e nos avaliando. Que o 2024 seja conforme cada um mereça. Como sempre, dentro da sua luz e intensidade, dentro dos feitos e ações. Conforme escolhas e consequências. Dentre nossas sabedorias, inteligências e emoções. E que seja maravilhoso, lindo e realizador. É mais um entre tantos, e mesmo assim, é e sempre será, único e de cada um! Grande e fraterno abraço a todos! Vamo que vamo!

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Caronas inusitadas

Olho para o celular, como de costume nos últimos tempos, pois tem sido minha rotina de viver a solitude. Percebo uma mensagem no direct. Fico um tanto curioso e um tanto surpreso, pois não é algo corriqueiro de se acontecer. Leio, releio, entendo, me intero do assunto e respondo. Pessoa quer ir à terreira. Missão de quem desenvolve a espiritualidade. Levo com o maior prazer e alegria. É uma honra ser lembrado e contatado para tanto. Carona acertada, horário marcado. Local agendado. Cumpro o prometido. Com pontualidade britânica (ou quase), chego ao ponto determinado. A pessoa é um charme só, além de ser uma excelente companhia (e uma mulher linda no seu todo, não só na aparência). Confesso que estava apreensivo em relação a situação, porém, não sou de “me achicar” para os fatos. A viagem de ida transcorre tão tranquilamente que nem percebemos o tempo passar, dado ao papo aberto, sincero e transparente. Chegamos. Nossa primeira parada é na casa dos meus pais. Preciso trocar as vestimentas, devido ao trabalho ser diferenciado, pois é entrega de ano. Ela se desmancha em explicações e desculpas por ter chamado, por ter pedido carona e tal. Eu só tenho vontade de rir da situação, pois para nós, médiuns, isso é algo normal. Mas entendo ela. Pessoa séria, de índole, família e valores. Tem filhas, é trabalhadora e responsável. Está se sentindo desconfortável pelo inusitado da situação. O calor é insuportável. Mesmo com a noite chegando, a temperatura está acima dos 35º. Não há maneira de parar de suar, não há maneira de se refrescar. Devidamente uniformizados, como sempre, vamos a terreira. Lá, a situação piora, pois há velas acesas, e uma crescente aglomeração de pessoas. O calor nos consome, nos abraça. Faz parte. Cerimônia de entrega de ano é assim. Após destilar horrores de água pelos poros, suar em bicas com os trabalhos das entidades, cerimônia finalizada com sucesso e beirando a perfeição. Sensação de paz, alívio e serenidade pelo dever cumprido. Retornamos ao parador, para que eu possa novamente trocar as vestimentas, depois de uma justo e revigorador banho. Numa upa, iniciamos a viagem de retorno. Mais uma vez, a conversa flui ao natural, o papo segue sendo intenso, e os assuntos são em comum, facilitando a troca de informações e opiniões. A pessoa é extremamente agradável. É parceira e companheira. Como disse, é um prazer, uma alegria e uma satisfação poder contar com alguém para dividir o tempo dessas idas e vindas, pois sempre faço isso sozinho. E invariavelmente sou tomado pelo tédio. Principalmente nos retornos. A companhia dela me deu um motivo para colocar um sorriso sincero no rosto. Nem lembro (que feio!) se já lhe agradeci. Se não, muito obrigado! De coração! Espero que possamos dividir o trajeto e o espaço mais vezes em outras oportunidades. Será sempre muito bem vinda! Pessoas de alma limpa e coração verdadeiro sempre nos fazem bem, mesmo não estando em suas melhores fases. E claro, conte comigo sempre que quiser ou precisar. Sabe onde e como me encontrar. Só chamar lindona!

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Tirão de apostas

Não aposte hermano! Não aposte! Jamais jogue alto no jogo da vida. Se tem um conselho que posso dar e tem valor, é esse. Não meta o cavalo no touro se não tiver os pés bem calçados no estrivo, e o cavalo não for pechador. Se não tiver a certeza da carreira, não tope e não bote a parada. A perda faz com que se amargue o gosto do mate. Levará dias e dias amargando. O fel do sorver da bomba vem forte, e nada fará com que isso mude do dia pra noite. Não são somas, não são bens. São sentimentos. O jogo da vida nos cobra no ato. Nos toma alguns dos mais valiosos bens intangíveis que temos. Nosso tempo e nosso sentimento. Nos deixa mascando o bridão de corrente, salivando a tristeza, babando a espuma do desconsolo. O bocal bem atado faz o beiço sangrar com o golpe, e a cicatriz custa a fechar.  Seguiremos troteando na volta, batendo a poeira da estrada com os cascos, pois é o que de melhor podemos fazer. Porém, mais encruados, mais duros de queixo, mais duros de lombo, sem buscar amanunseio, sem afrouxar o cogote. A dor redomoneia, faz o taura não querer mais arreio. Incha o lombo e cosqueia a costela. Quiçá aceitar rabicho. O laçaço faz riscar o couro. Ficam as marcas para contar a história. E somos exatamente isso. As marcas que trazemos, dos golpes que levamos. Como buenos de alma, andamos manso, nos achegamos, emparelhamos e fazemos costado. Tipo os bem costeados do bico, oferecemos mansidão, docilidade, servidão e lealdade. Não serve, é muito simples, é muito fácil, é muito pouco. Adoram, dizem suas palavras. Não gostam tanto, dizem seus atos. Enquanto falam com calor, agem despidos de amor. Preferem e se vão a montar n’outros, mais vis de nuca, mais velhacos de lombo. Aqueles que saem alvissareiros de início, e com o pesar da cavalgada, vendem os arreios e derrubam sem dó. Preferem aqueles que o tombo já lhes machucou. Aqueles dos quais querem cair novamente. Precisam, provavelmente. Para provar que sim. Ou para provar que não. Não sabemos. Fato é, que os que assistem a teimosia em remontar, entendem que pode ser o certo, pois sempre há nova chance. Calamitoso ensinamento velado. Quem amparará depois? Quem conseguirá demover com palavras o que os exemplos ensinaram? Derrubarão ou cairão? Mentes são mistérios indecifráveis para a ciência, para a espiritualidade, para a humanidade. Animais agem por instinto. Pessoas por que querem. Pela razão, pela emoção, pela insensatez, pelo medo. Por um misto de tudo. Nunca saberemos. Na vida, há emoções que precisam ser vividas. Há algumas que são incomparáveis, como o amor. Há outras que são totalmente dispensáveis, como os dissabores do rompimento. Quando o tirão arrebenta o laço, sobra dois pedaços, um inservível, outro encurtado. Na vida, é similar. Sobra um pra cada lado, e necessitando se refazer os dois. Como somos “mais nós”, nos iludimos achando que mudaremos a natureza de cada um, e isso hermanos, não se muda. Quem é malo, por malo morre. Quem é bueno, por bueno morre. Alguns driblam a natureza durante a vivência. Tentam esconder sua essência, mas a vida não aceita por muito tempo. Sempre dá um jeito de desvelar nossas verdades. A vida é simples. Nós é que complicamos. Apostamos contra a vida. Nos perdemos dentro de nós mesmos. Nos enganamos sozinhos. Nos iludimos por conta própria. Nessa aposta sempre perdemos. E o resultado é esse. Tombo. Golpe. Laçaço. E vamos amealhando marcas na caminhada, para compor nossa existência. Bom que, mesmo diante dos mais ardidos açoites, dos mais fortes tombos, não nos permitimos mudar nossa natureza. Seguimos por buenos, pois por buenos nascemos e por buenos morreremos. Simples assim!  

domingo, 24 de dezembro de 2023

Mais um

Mais um. Entre tantos e em tantos anos, mais um. Tempo de renovar esperança, de rever caminhada, de refazer caminhos, de reafirmar votos. Dizem que precisamos, que é bom e salutar. Concordo. Mas, e se fizermos diferente? Se partirmos para uma reflexão um pouco mais profunda? Se nos questionarmos sobre tudo até aqui? Se nos impusermos a pensar no que fizemos, realizamos e construímos? E buscarmos aprendizado com o que não aconteceu, não realizou-se e não acertamos? Como se diz, há pessoas com os quais muitos de nós estaremos hoje, que morreríamos por elas. Sem pensar. Sem pestanejar. No ato. De imediato. Algo comum quando há amor profundo e verdadeiro envolvido. A questão é: E vivemos por essas pessoas? Damos nosso melhor para elas? Nos impomos a dedicar tempo de qualidade, paciência, abnegação? Doamos amor incondicional? Ou retemos ele em nosso interior, para lançar mão em momentos e situações que julgamos rasamente serem "as horas certas?" Pensemos nisso. Pensemos em como agimos e vivemos até então. Refletir acerca pode ser um ótimo caminho. Pode ser a chance de descobrirmos que sim, que um Feliz Natal pode partir de nós para nós mesmos. Bem como desejamos para todos a nossa volta, para todos amigos, familiares, parceiros, clientes e companheiros de luta e lida. Que o desejo de um dia cheio de coisas boas pode ser real, quando desejado por nós e pra nós também. Ame-se, cuide-se, presenteie-se. Você também é importante, embora temos dificuldade em compreender em relação a nós mesmos. Enternecemos, amolecemos o coração nesses dias. Tendemos a ter atitudes emotivas, em detrimento da razão. Nada errado e nem incomum. Somente estarmos alerta para não incorrermos em erros crassos, que nos deixem pagando por longo tempo. De resto, sendo bom e fazendo o bem pra si e pros demais, tá valendo. Esteja bem. Fique em paz consigo, para poder transmitir paz aos demais. Excelente Natal! Muita luz, muita paz, muita sabedoria e discernimento para o dia, para a data, para o momento. "Aquele" abraço, bem apertado e carregado de apreço e afeto, pra todos

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Lua que inspira

Contemplo a lua, enquanto ela me banha

Sua luz ilumina, o caminho acompanha

É claridão noturna, onde a vida ganha

Majestosa estrela, de alma tamanha

 

Esvoaça o pensamento, trazendo lembranças

Clareia as estradas, de todas as andanças

Remexe sentimentos, prenuncia mudanças

Faz gracejo na noite, renovando esperanças

 

Na nuvem se esconde, com a luz se restringindo

Amainando a fulgidez, na água se refletindo

Mesmo ofuscada, seu brilho segue agindo

Despretensiosa, deixa sua magia fluindo

 

Confidente dos amantes, envolta por mistérios

Acompanha os amores, e também adultérios

Se faz plácida e calma, mantendo ares sérios

Vislumbra o longe, em suas cores de minérios

 

É a estrela mãe dos enamorados, bendita

Traz em si o amor como lema, lhe solicita

Emana boas vibrações, sempre se acredita

Faz par com a paixão, onde a poesia dita

 

Seu nascer, com a noite já alta, encanta

Sua luz adentra n'alma, e se agiganta

Seu brilho impulsiona, nos traz calma

Seu raiar incessante é digno de palma

 

Vem sempre dotada de nuances, desditosa

Fica içada junto ao céu, se mostra toda prosa

Confere inspiração aos poetas, já diz Noel Rosa

É baronesa da luxúria, onde se faz esbaldosa

 

Vive a incendiar os leitos, fazê-los ardentes

Esquenta sentimentos, faz-lhes prementes

Ativa as paixões, as fazendo nuas a cruas

Acalenta os amores, e nele se perpetua

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Quando se esvanece!

Não há fuga, não há preâmbulos. Não tem evasão. É assim que ocorre e pronto! Chega, se acampa no peito, invade a mente e fica. Se deixamos ou não, se combatemos ou não, se dissipamos e assimilamos ou não, é com cada um e suas ações e decisões. O indicado é que o façamos. Por questões salutares. A cabeça necessita, o corpo solicita e a alma exige! Para desopilar, para vencer, para reciclar, para dar andamento à vida e suplantar. Não tem jeito. Não há fórmula pronta. Quiçá dica ou conselho que resolva. É nós por nós mesmos. Mais ninguém. Simples assim. Ir adiante é a única opção. O mundo não para pra que possamos nos refazer. Não tem intervalos para trocar a roupagem da alma. As feridas precisam ser “lambidas” pelo caminho mesmo. Vai andando e dando jeito. Use os acontecimentos como aprendizado. Reflita os fatos e entenda a situação. Repense os próximos passos, para não incorrer nas mesmas atitudes (e mesmos erros, pois repeti-los é burrice). Precipitar é principiar um erro, invariavelmente. Errar faz parte, e por vezes na intenção do acerto, o erro é maior. Por vezes dói ver os outros errar sem que possamos fazer algo além de alertar, mas é da vida. É do jogo. Muitas vezes, nosso alerta mais vale de combustível para ser atirarem no erro que o contrário. Paciência, resiliência e resignação é o que nos resta oferecer. Pena e dó são sentimentos indignos para se ofertar. Afinal, cada um com seu propósito dentro da sua caminhada. Os sinais não mentem. Eles indicam suave, porém verdadeiramente as intenções e os desfechos das situações. As conversas que vêm, trazem, também vão, e levam. Enquanto não há atitudes e ações que dêem alicerce à palavras proferidas, de nada serve o discurso. Sempre bom lembrar, pois falar, até papagaio aprende. Questão é falar com honestidade, o que ocorre, e agir também com ela, o que faz falta para transformar a palavra em verdade em si. E isso deve ser atentado. Sempre! A veracidade antecipada demonstrada pelos sinais cabe a nós compreendermos quando da leitura dos cenários. Simples assim. Claro como a luz de um dia ensolarado. Límpido como a água de Noronha (que só conheço por foto, hehe). Logicamente, sempre bom lembrar que os únicos responsáveis por deixar chegar nesse ponto, somos nós e nossas próprias permissões. Então, nada mais justo e honesto conosco que sejamos também os únicos responsáveis por sair disso. Vestir a armadura de novo, com os furos devidamente consertados, visando não dar entrada, empunhar a lança, levantar o escudo e seguir combatendo. É a única opção. É só o que podemos fazer. Mundo gira, roda anda, o tempo que voa é o mesmo que cura, todos sabemos, e nós nos refazemos dos baques, como sempre! “Vamo que vamo”, pois tristeza não dá camisa pra ninguém, e muito menos proporciona coisas boas, além de aprendizado! É cair, levantar, e pelear de novo! Sempre foi assim, e a essência da vida não muda! Esvanecem planos, fenecem intenções, se esfumaçam conversas trocadas. E ali na frente a vida coloca tudo no lugar certo, como sempre! Simples assim! Vamoooooooooo!!!

domingo, 29 de outubro de 2023

Nossas runas

 

As marcas que todos trazemos são nossas runas pessoais, que ao serem decifradas revelam o caminho que trilhamos até aqui. Deixamos decifrá-las somente os que entendemos serem merecedores de tal feito. Podemos errar, nos enganar, em relação à eles, porém, se não se fazem merecedores da confiança depositada, é questão particular de cada um, a ser resolvida entre eles mesmos e o Pai Maior. A questão que pega, é quando e como esses se apresentam ou adentram nossa vida, nossa caminhada, nossa existência. Os meios e as situações são diversos, alguns improváveis, outros totalmente aleatórios. Fato é que se achegam. Alguns permanecem, outros seguem adiante, pois faz parte da aquarela da vida. E claro, também nos prestamos para selecionar, pois o crescimento e elevação é por nossa conta, pelas nossas escolhas, sejam elas conscientes ou inconscientes. E aqui há uma questão crucial: Se não fazemos por nós, pelas nossas crenças, objetivos e metas de vida e relacionamentos, acabamos por fazer parte das escolhas e opções de alguém. Escolha! Opte! Levante a cabeça e siga. Persevere, insista! Caso não colha frutos dessas escolhas, volte, retorne, recomece, e novamente siga adiante. Ao retornar, reflita, reconsidere, avalie o que houve de bom e positivo, pese os negativos e maus bocados, busque compreensão dos motivos e ocasiões dos acontecidos, para ter clareza e entendimento, e não cometer e nem cair nos mesmos novamente. São os princípios do crescimento, do aprendizado. Só podemos colher o que plantamos. Não há forma e nem maneira de mudar essa ordem natural da vida. Há opção apenas do que plantar, jamais de que colher. Pode demorar, mas a colheita ocorre. Plante o bem, faça o bem. E a colheita será farta, multiplicada e distributiva. Pode compartilhar ou não, pois aí é livre arbítrio. Se compartilhar, parabéns. Se não, parabéns também, pois está colhendo bem. Pode parecer patetice, mas há um infinidade de pessoas querendo colher sem plantar, e, pasmem, mas há uns pior ainda, há quem queira colher o bem plantando o mal. Esdrúxulo, pra dizer o mínimo! Mas... escolhas! Esquecem-se esses, que nossas escolhas nos geram consequências (colheita). E elas vêm! Sempre! Questão de justiça! Por isso sempre afirmo: Ande no bom caminho, mantenha a consciência tranquila e tenha paz de espírito! Nenhuma riqueza se compara a uma consciência tranquila e uma alma leve! Se puder, espalhe e pulse amor, pelos teus, pelos que te rodeiam, pela vida. A paz vem de nossas atitudes, nossas atitudes vêm de nossos pensamentos, nossos pensamentos vêm de nossa consciência. Simples assim. Nem tão simples de praticar, mas possível e regozijante! Tente, tente de novo, insista, persista! É recompensador! Nessa toada, nossas runas vão sendo tecidas calmamente, para serem decifradas e surpreenderem quem as ler! E esses, bem, esses terão acesso ao que podemos fazer de melhor: doar tempo, gerar boas vibrações, vibrar boas energias. O andar do tempo lhes conferirá o entendimento de que assim se vive o amor na plenitude!

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Luzes!

 As mais belas luzes só são vistas no interior de cada um. E só podem ser vistas, por quem se digna a buscá-las. Nem todos vêem, nem todos se propõem a tanto. Os que se impõem a busca, são recompensados pelo brilho incandescente, singular e hipnotizante dessa luminosidade. O saber espalha brilho. Não é uma iluminação qualquer. Se molda numa caminhada longeva, árdua e incessante. Vem sendo alimentada através do andar do tempo e pelas decisões advindas com ele. É uma luz que se constrói dia após dia, mês após mês, ano após ano, calcado nos pilares mais sólidos do ser: Caráter, honestidade, doação e perdão. Regados por uma autêntica e genuína fé. Herança de família. Somos abençoados com esse convívio, por podermos desfrutar desses exemplos, pela dádiva do cuidado que nos proporciona, bem como, pelas orientações e puxões de orelha, que não são poucos, mas que sempre possuem um viés mais corretivo e assertivo do que crítico ou punitivo. Esses nuances quase imperceptíveis, porém valiosíssimos, são o que nos demostram a necessidade de refletir sempre, antes de decidir quais caminhos devemos seguir. Nos demonstram a clareza e simplicidade de encarar a vida e os fatos. Pois certo só tem um jeito! E é nesse caminho e desse jeito que vamos. Todos. E claro, sempre gratos por termos a possibilidade de receber a bênção desse convívio duradouro. E aqui estamos, comemorando o completar de mais um ciclo. Um marco inconteste. Um feito de pouquíssimos. Nove décadas de existência. Noventa anos de um vida bem vivida. É tanta coisa boa, é tanta lembrança carinhosa, que descrever somente algumas pode soar injusto. Seria omitir uma diversidade de fatos, um se fim de passagens e lembranças tenras. Seria negar a luz para o lindo longa-metragem que a retina de cada um carrega. E como ser de luz que é, isso não nos cabe fazer. De nossa parte, seguiremos orando, para pedir perdão pelas nossas falhas e nossas faltas, que não são poucas, e nessas mesmas preces, nos importamos em agradecer por todo esse tempo juntos, por todas esses ensinamentos, por todos esses exemplos. Conviver debaixo do mesmo teto com alguém de brilho superior como a senhora, é uma honra e um prazer Tia Tere! Justamente onde a rotina faz seu frenesi e nos empoeira a alma, inebriando a visão e nos tolhendo a clareza e lucidez dos momentos, termos a graça de colher no fino tecido da realidade da vida exemplos tácitos de retidão moral, de conduta ilibada e uso prático da sabedoria social e familiar é, sem dúvida, uma grande bênção! Aprender a sermos amigos e companheiros confiáveis, desde a mais precoce idade e dentro do seio familiar é de um valor imensurável. Muito obrigado! Receba nosso afeto e a manifestação da nossa gratidão mais profunda e sincera, nossa Camarada! Grande beijo Tia! Que Deus em sua infinita bondade, lhe conceda tanto tempo quanto lhe for necessário para seguir nos instruindo e conduzindo! Feliz aniversário! Feliz noventa! E particularmente, de minha parte, ainda digo que sou grato triplamente, pois além de arrumar um saco pra me aguentar, ainda aumentou ele pra caber mais dois! Hehe!

sexta-feira, 7 de julho de 2023

A Solingen do Meu Velho

Veio da barranca da fronteira

Na bainha de sola escurecida

Pra aquela rinha não ser esquecida

Onde apostador esvaziou a gibeira

 

De lá pra cá, na cintura amadrinhada

Ganhou retovo de fundamento

Anda com fio sempre a contento

Vistosa pela alpaca cravejada

 

Sangra o borrego, pela a vitela

Recolhe o caldo, faz o graveto

Bate o sal, aponta o espeto

Fatia a picanha, corta a costela

 

Atora o arame, faz uma descola

Fura o látego, desquina o tento

Ponteia o sovéu, assovia no vento

Num aperto, atora a vassoura da cola

 

Nas volteada, serve gente direita

Exemplou vagabundo e tareco

Dando estouro de fazer eco

Pra entender como se respeita

 

Na mão de quem entende

Não tem preço, mas tem valor

É artefato destinado ao labor

Daqueles que não se vende

 

É talhada pra qualquer serviço

Sangra, pendura e carneia

Pica, descarna e coureia

É aço de valer compromisso

 

Fatia com gosto um assado

No romper a fibra rosada

Pra tira gosto da peonada

Deixando na tábua, o caldeado

 

Pro “potchar” do pão sovado

Servir de aperitivo na espera

Enquanto a mesa ainda tapera

Espera leigo, mestre e togado

 

Quando se esvai o fio navalhado

Na carborundum logo se escora

Mandando grão, do miolo pra fora

Num upa, deixando o braço pelado

 

Dessas guazubira, não se vê mais

De bom gosto e acabamento fino

Cobiçada por “miles” de teatino

Anda na cintura, firme por demais

 

Vai amadrinhada na guaiaca

Contraponteando a fivela

Quieta, reluzente e bela

Expondo o garbo da alpaca

 

Na viajada, anda bem ladeada

Pelo preto véio embuchado

Que nunca fica desavisado

Sempre sujeito a uma assoviada

 

Dizem valer coleção de luxo

Com ares e formas de relíquia

Se ouve reverberação longínqua

É ferramenta de homem gaúcho!

 

Quebra o vinte, reluzindo o metal

Contraponteando o apero chato

Deixando muito gaúcho de fato

Exclamando: Que faca bagual!

quarta-feira, 28 de junho de 2023

A Confraria

Várzea linda na encosta da sanga

Gramada inteira da barranca a estrada

Mantém a cavalhada buena, delgada

E vez por outra, um tambeiro ou de canga

 

O aramado se estende pela encosta

Faz parede pras corrida “motoneada”

Até pra alguma indecente pulada

Da petiça tordilha, que sai embodocada

 

Anda a baia no más, se amansando

Empurrando a polianga, despacito

Sai a tostada, garbosa, troteadito

Desfila a colorada, lindaça, galopeando

 

Se agiganta pelo meio, reluzente

Ladeado de varanda, forte, zincado

Dando guarida pros de rodado

Com esteios fortes, dos resistente

 

Se avizinha abaixo, o banho, em alvenaria

Bem construído, aprumado, alicerçado

Do fogo, do povo e da junção, distanciado

Pra hora de descarga, conferindo calmaria

 

É o galpão, estruturado, imponente

Que abriga arreio, mantimento e cozinha

Lenha, gelo, açúcar, trago, sal e farinha

Essas coisas que necessita o vivente

 

Não deixa ninguém no aperto, é garantido

Não larga nenhum gaúcho desamparado

Sempre tem um canto pra ser arrumado

E um catre, aconchegante, pra ser estendido

 

Quem chega, é sempre muito bem recepcionado

Um aperto de mão firme, por vezes, festejado

De gente simples, humilde, de bom costado

Indiada buena demais, já diz o antigo ditado

 

É uma terapia pro corpo e pra alma a estadia

Limpa o pensador, e faz gargalhar no improviso

Afrouxa o semblante, liberta a alma e o sorriso

Esvanece anseios e trás pra vida, alegria

 

Tira dos ombros um peso de mundo inteiro

Alivia o peso da vida e sempre nos faz bem

Passar longos e vagarosos dias lá, nos convém

Vida longa e um salve grande à Confraria do Saleiro!

sábado, 10 de junho de 2023

O Rancho

 Se abre lindo, formoso num talhão

Numa pastagem verdejante, formada

Onde se levanta o tipo da eguada

Tendo eximío cuidado por padrão

 

Escaramuça à vontade a cavalhada

Bem tratada, lisa, de cocheira

Só reúne bicho bueno, de primeira

Sempre de pelo fino, bem tratada

 

Montaria de fundamento, bem arreada

Salta na sombra, buscando o tiro certo

Empurra a tropa no limpo, a céu aberto

Correndo “na mão” de toda a peonada

 

Ronca a “magrela, e sai manso, no trote

Pra calibrar o braço, buscar “as norma”

Na gadaria, o treino grande toma forma

Assovia o trançado, espicha o galope

 

Pingos de lei, corretos, de toda pelagem

Gateada, baia, tostada, tobiana, tordilha, oveira

Tem pra queira e também pra quem não queira

É só chegar e levar, não precisa nem sodagem

 

Acolhe bem à todos, sem distinção

Onde famílias podem conviver

Podem ver as crianças crescer

Ali ermanados, peão, capataz e patrão

 

Timaço que empurra a trança

Andam sempre juntos, reunidos

Vencedores, concentrados, aguerridos

Desfilam bem montados na cancha

 

O galpão, do descanço, do assado

Pra deixar a visita bem a vontade

Serve também pra prosa da tarde

E pra reunião do trabalho pegado

 

É modelo, é exemplo, é inspiração

Tem “que” de magia na atmosfera

Lugar onde a amizade prolifera

E encontra um abraço de irmão

 

Na boca do glorioso Pantanal

Igual sombra copada de tarumã

Se faz grandioso, o Rancho Yucumã

Lugar majestoso, ímpar, sem igual

 

Sonho sonhado e batalhado desde guri

Erguido no suor, na pata de cavalo

Pra se fazer patrão e não vassalo

E hoje poder dizer: Cavalo de laço, é aqui!