sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Iluminai!

Consideramos equivocado dizer que sentimos saudades
Saudades sente-se do que se viveu, do que se passou
De ti sentimos falta! Sim, falta! E uma falta enorme!
Condizente com o tamanho da tua pessoa!
Nos faz falta teu jeito elegante, meigo e singelo
De chegar quieta, sempre bem asseada, bonita
Ser bem recebida e bem tratada, praticamente ovacionada
Nos fazem falta teu bom humor e alegria
Características ímpares, marcantes em ti
Que faziam reunir ao teu redor nós, às dezenas!
Nos faz falta teu olhar acariciante e sincero
Que mesmo sem palavras, apenas com expressões faciais
Diziam muito mais que pensávamos saber
Fruto da sabedoria e experiência acumulada
Exteriorizada por um olhar simples, mas profundo, penetrante
Que aguçava o pensamento e nos trazia fortes ponderações
Nos fazem falta tuas repreensões e desaprovações
Pois por elas sempre fomos bem guiados
E sabíamos que com elas vinham também
Os elogios e aprovações quando de nossos acertos
E esses.. Bem... Esses eram tudo que queríamos!
Nos faz falta tua sede de vida, teus exemplos cotidianos
Sim, todos eles! O bem viver!
Sempre nos deixaste muito claro o que eras
Esse teu singular conceito próprio
Lembramos a cada pouco tuas sábias palavras:
“- Cada coisa no seu momento e na sua ordem...”
Trabalhar, estudar, se alimentar, dormir, se divertir
Provar cada parte das boas coisas que a vida tem
Cada uma delas, quando assim se apresentarem!
E por ter como “norte” teus ensinamentos
É que hoje, passado um ano que nos deixaste
Entendemos que até nisso foste sabiamente superior
Nos proporcionou um século de aprendizado,
De companhia inigualável, de convívio harmonioso
E agora, que nos empenhamos em levar adiante teu legado
Em nossas humildes preces, pedimos que continues a nos iluminar
Para que tenhamos a sabedoria e o discernimento necessário
De manter firme a união e a amizade, o companheirismo e a parceria
Que conduzem ao caminho da felicidade e satisfação
Bem como vimos e presenciamos tu sempre fazer!
É com alegria e satisfação que notamos que estás ainda presente
Ficou a presença da ausência, o espaço vago, todo teu
Em nosso meio, nossas mentes, nossos corações
Nos faz falta tu, Dona Plácida, por tudo que foste
Por tudo que trouxeste, por tudo que representaste!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Em vão

É nas pequenas coisas,
por vezes vãs,
que às vezes a gente não vê.
Vozes, ventos, tempo. Volátil.
Nelas, fragmentos que vão e vem
e voltam, ou não.
Nelas, com elas, coisas nossas tantas,
invisíveis, em vão.
Voam, livres...
por ai.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Me larguei no mais!

Aparei a barba, cortei o cabelo, tomei um banho
Me olho no espelho, confiro, tá tudo certo
Dentro do possível, é claro, essas ações não fazem milagres
Penso no que tenho feito e no que tenho vivido
Me pesam as distâncias, me limita a conta bancária
Me atordoa a saudade, me aconselha o juízo
Fico parado, com o pensamento vazio
E num repente, jogo roupas na mochila
Confiro a carteira, pego chaves, telefone
Óculos de sol e boina, calço as botas e me vou
São mais de sete horas no brilhantão
Uma criança chora estridentemente, sem parar
Eu, que nunca sinto dor de cabeça
Até por isso to acometido nessas alturas
Paradinha básica no restaurante mais caro do percurso
Uma água, um chocolate, poltrona de novo
Do meu lado uma senhora com pouca educação
E nada de papas na língua, uma filha sem noção
E a neta, que era meu medo ao embarcar
É a única que passa despercebida a noite toda
Depois da parada e do “assalto”
A viagem segue tranqüila, pego no sono
Acordo na rodoviária de destino, de supetão
Ligo, me buscam, chego seco por um mate
Atropelo o povo dentro de casa
Enquanto mateio, arrumam “as coisas”
Carrego tudo, e vamos pra estrada de novo
Agora muito bem acompanhado
Conversando pra passar o tempo
Carro zerado, primeira vez na estrada
Vou na manha, sem forçar, e a patroa de olho
Só chia no quebra molas por causa da sacudida
Essa pegada é curta, coisa de hora, hora e pouquinho
A estrada tá semi deserta, chove forte em alguns pontos
Chegamos cedo da manhã, de surpresa
Meu povo de mate na mão, recém acordando
Primeiro se surpreende, depois sorri, alegre
Partilhamos o mate, conversamos vagarosamente
E no mais, sai o primeiro assado gaúcho
Carne buena, suculenta, saborosa
Na noite se repete, e se estende por ela adentro
Família reunida, ê coisa linda!
E quando acontece no de improviso
A sensação que se tem é de que fica mais gostoso!
Retornei com a alma leve e o coração aquecido
Menos mal que na volta viajei tranquilo
Porque vim com o estômago “pedindo água”
Me desacostumei com toda essa fartura
Mas não dá nada, faz parte!
Logo, logo to indo de novo!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Eu troco!

Paredes, calçadas, ladrilhos, vigas, elevadores
Persianas, interfones, condomínios, porteiros
Barulho constante, congestionamentos
De veículos e de pessoas, correria
Gente de todo tipo, todas tribos, todos grupos
Atividades de todos os gostos e estilos
Opções gastronômicas para todos sabores
Ar pesado, poluição visual e sonora
To cansando disso tudo!
To mais pelo meu chão colorado
Tranquilidade, calma, sossego
Convívio pacífico, tempo para o simples
Chimarrão na tardinha, canto de pássaros
Amanhecer com cheiro de natureza
Rotina intercalada, tempo sem pressa
Cachorro, cavalo, campo, jardim
Casa, pátio, pomar, terreno
Rodeios, viagens, cumplicidade
Eu e meu amor! Já me chega!
Não quero mais nada!