sábado, 26 de novembro de 2011

Do Céu Chegam Notícias

Na paz do rancho, em meio à rotina normal
Dá-se conta do atraso e se fica bem desconfiado
Como debate não adianta, se parte pro exame
Dito e feito: “Estamos ligeiramente grávidos!”
Pensamos em noticiar devagarito, aos poucos
Conforme a hierarquia familiar, por consideração
Avôs com sua felicidade estampada, fiel e contida
Avós sorriem e gargalham imensamente
E a notícia se espalha com velocidade espantosa
Tios, avós, primos, amigos, compadres, parceiros
Dali por diante, os telefones não param mais
Pra não dar impressão de preferência ou esquecimento
Comunica-se a todos os demais de uma só vez
E assim vamos adiante, aguardando essa chegada
Interessantemente, ao chegar a confirmação da suspeita
O chão não se abriu, e sim se elevou
A notícia não causou desespero nem desconforto
Inquietude talvez, ou um pouco de susto imediato
Mas tudo tranqüilo, tudo superável e suportável
Guarda-se o saber de que adiante é que virão dias de insônia
As noites de vigília, os dias de cuidados e apreensividade
A interminável sensação de responsabilidade
Mas, a despeito disso tudo, dá-se ouvidos a sabedoria popular
Onde, em uníssono todos nos falam e recomendam
É a experiência mais linda da vida, é sensação inigualável
E aqui estamos, prontos e aptos (vai saber...) a vivê-la
Em corpo, alma, fé, esperança e amor!
Que transcorra sem maiores sobressaltos!
Amém!
Grande abraço à todos!

sábado, 2 de julho de 2011

Estropiada...

Pra encerrar o feriado, uma brincadeira sadia
Reunir-se e meter corda com a parceria
Uma visita ou outra sempre aparece
Pra ajudar a aumentar o riso e a folia
Encilhar os pingos, reunir toda a boiada
A indiada se apressa em ajeitar as cancelas
E os campeiros desapresilham e arrumam as armadas
Num upa o primeiro chega e sai pedindo tampa
Na poeira do rastro o outro já atropela e encordoa
E toma forma a brincadeira de quem é chegado num basto
Sempre “cambiamo” os da lida com os do laço
Uns lidam na mangueira e outros correm na cancha
Pois nesse meio o companheirismo é praticado com sobras
E foi numa dessas corriqueiras desdobras
Que se confiou forte “nas tralhas”
E num repente, bem quando a sorte deu falha
O índio velho se veio de encontro ao chão
De supetão, sem esperar, estourou a argola do loro
E faltou estrivo na hora de cerrar a argola na orelha
O pretinho corria bem, mas era fraco de aspa
O laço caiu certeiro, e de medo de perder a armada
Quis cerrar pelo outro lado, fez peso pra bolear e se foi...
Ao bater no chão, parecia queda de nada
Sem conseqüência, cai, levanta e vamo de novo
Mas não foi assim que se sucedeu o destino
Ainda estendido na grama, a dor veio braba
O movimento se perdeu, e a direita velha esmoreceu
Tamanha era a dor que chegou a dar vertigem
E o olhar assustado de quem tava por perto
Dava ciência da gravidade do quadro
Ao conferir com o “Seu Doutor”,
Veio o diagnóstico: uma paleta fora do lugar
E um “purso c’as duas cana quebrada”!
Estragou a brincadeira, e deu dias de recolhimento
Causou constrangimento e atrapalhou no serviço
Mas quem imaginava, que um passatempo sadio
Num dia de sol bonito, depois de uma festança
Ia transformar um “home véio” de volta numa criança!
Ajuda pra tomar banho, pra vestir
Cuidado ao deitar, ao sentar e ao comer
Nem o próprio mate consegue fazer
Eta situação maula, tenebrosa, brasina!
Ficou o cuera a mercê dos cuidados da china
Os mais tranqüilos dizem que faz parte da vida
Os mais deitados falam que foi o peso do ferro no dedo
Mas a bem da verdade até hoje ninguém sabe
Se foi por loucura ou felicidade que se deu todo o enredo!