quinta-feira, 24 de maio de 2018

Quando bate o gongo!

Enquanto viventes em sociedade, em nossa doente e senil sociedade brasileira, temos por hábito adquirido procurar problemas, no afã de reclamar, resmungar e ver as situações de maneira torta ou oblíqua, na ilusão de não trazer para si “olhos gordos” ou “maus presságios”. Somos ensinados, inconscientemente, a agir e ser dessa forma. É a doença que assola nossa raça. De tanto “pensar que pensamos”, estamos esquecendo de raciocinar e decidir pelo sinceramente correto, ao invés do mais fácil ou “politicamente correto”. Vivemos a correr, ter pressa, pensar adiante, “planejar o futuro” e tantas outras imposições da vida moderna, que deixamos passar batido, diariamente, os nuances e sutilezas que compõem algumas das maiores belezas da vida. O gole de café (ou o sorver do chimarrão, do tererê, como preferirem), o sorriso do transeunte, o aceno na rua, a risada despretensiosa do colega, o bom dia dos filhos, o desejo de bom trabalho do(a) companheiro(a). Ou os mais bucólicos: O raiar do dia, o sol brilhando, a névoa da manhã e seu poder de descortinar os sons já audíveis, o entardecer com todo seu charme de despedida, o vento batendo no rosto, o calor e seu convite silencioso ao “sair da toca”, o frio e sua quase ordem de aconchego, proteção. Enfim, uma infinidade de momentos e situações que nossas mentes ocupadas e aceleradas pela loucura das rotinas não se percebem. Nem vou entrar no mérito das músicas que deixamos de escutar para consumir o lixo cultural atual que nos chega de forma invasiva pelas rádios, televisões e congêneres. Esse assunto fica pra outro momento. Nesses momentos relatados acima, está muito da paz interior e tranquilidade que todos buscamos, uns mais, outros menos, mas todos buscamos. Desacelerar é necessário, faz bem e todo mundo sabe. “Mas pode ser depois”... “Agora não posso”... “Tô dando gás agora, depois diminuo”... “Só mais esse pega e deu”... E assim vamos emendando uma correria na outra e a vida vai correndo, o tempo vai passando, e nós dentro dessa couraça da loucura, sem ver nada e nem sentir nada do que é necessário ao coração e a alma, alimentando somente o cérebro. Até que a natureza, pelas mãos do criador e em sua sabedoria infinita, nos manda seus recados. E por vezes (não poucas) nos fazemos de desentendidos. O corpo padece, a cabeça “cansa”, e continuamos... Até o momento que o recado vem de forma mais dolorida, pra que se sinta e se entenda. E aí, a parada funciona. O sentimento de impotência aflora, e a atenção, que antes é utilizada para foco, abnegação, proatividade e outras, fica toda voltada a um só ponto: Doença. Triste sermos advertidos dessa forma, mas necessário. Não nos damos tempo, não nos permitimos ser salutares conosco. E aí, só resta lamentar. Mas vá lá. Se servir pra repensar os dias, rever conceitos, comportamentos e rotinas, já é um aprendizado válido. Claro que, desejamos acima de qualquer coisa, sairmos inteiros desses episódios. Não só pela cura, mas também de coração limpo e mente aberta para a continuidade. Isso é o que se apresenta como principal. Ter humildade para aprender, sempre! E não é nada simples, ainda mais de maneira “forçada” pela vida. Mas... e há sempre um mas em tudo, é uma baita oportunidade. Agarra quem quer e quem consegue. Depende de cada um! Eu opto por aprender, embora saiba das minhas dificuldades e limitações.