Veio da barranca da fronteira
Na bainha de sola escurecida
Pra aquela rinha não ser esquecida
Onde apostador esvaziou a gibeira
De lá pra cá, na cintura amadrinhada
Ganhou retovo de fundamento
Anda com fio sempre a contento
Vistosa pela alpaca cravejada
Sangra o borrego, pela a vitela
Recolhe o caldo, faz o graveto
Bate o sal, aponta o espeto
Fatia a picanha, corta a costela
Atora o arame, faz uma descola
Fura o látego, desquina o tento
Ponteia o sovéu, assovia no vento
Num aperto, atora a vassoura da cola
Nas volteada, serve gente direita
Exemplou vagabundo e tareco
Dando estouro de fazer eco
Pra entender como se respeita
Na mão de quem entende
Não tem preço, mas tem valor
É artefato destinado ao labor
Daqueles que não se vende
É talhada pra qualquer serviço
Sangra, pendura e carneia
Pica, descarna e coureia
É aço de valer compromisso
Fatia com gosto um assado
No romper a fibra rosada
Pra tira gosto da peonada
Deixando na tábua, o caldeado
Pro “potchar” do pão sovado
Servir de aperitivo na espera
Enquanto a mesa ainda tapera
Espera leigo, mestre e togado
Quando se esvai o fio navalhado
Na carborundum logo se escora
Mandando grão, do miolo pra fora
Num upa, deixando o braço pelado
Dessas guazubira, não se vê mais
De bom gosto e acabamento fino
Cobiçada por “miles” de teatino
Anda na cintura, firme por demais
Vai amadrinhada na guaiaca
Contraponteando a fivela
Quieta, reluzente e bela
Expondo o garbo da alpaca
Na viajada, anda bem ladeada
Pelo preto véio embuchado
Que nunca fica desavisado
Sempre sujeito a uma assoviada
Dizem valer coleção de luxo
Com ares e formas de relíquia
Se ouve reverberação longínqua
É ferramenta de homem gaúcho!
Quebra o vinte, reluzindo o metal
Contraponteando o apero chato
Deixando muito gaúcho de fato
Exclamando: Que faca bagual!