sábado, 19 de janeiro de 2013

Pobre Henergúmeno...

Henergúmeno é um cara simples, genioso, de personalidade forte e posição. Defende suas ideias de forma a não criar atritos com ninguém, trabalha bastante e se esmera para criar e educar seu pequeno filho de menos de ano. Também se esforça bastante para manter seu casamento não celebrado em nenhuma instância, seja civil ou religiosa, mas que não deixa nada a desejar a qualquer outro casamento, seja ele feliz e duradouro ou exatamente o contrário. Digo esmera-se porque Henergúmeno acabou em uma situação, digamos, sui generis: Morava em cidade maior, vivia tranquilo, próximo da família e rodeado de amigos, tinha bom emprego e fazia somente o que gostava em suas horas de folga e lazer. Até que se apaixonou, e resolveu mudar de vida. Conseguiu, pois foi atrás e se esforçou para tanto. Ele apenas não contava que essa mudança lhe traria consequências penosas com o passar do tempo. Hoje Henergúmeno vive em situação que lhe aflige o corpo, a alma e o pensamento. O pobre jamais acreditara que a pior solidão é a que sentimos mesmo estando rodeados de pessoas. E por voltas que a vida dá, atualmente se encontra exatamente assim, convivendo com inúmeros indivíduos de diversos círculos sociais, porém extremamente isolado. Fala o tempo todo que é difícil, bastante difícil suportar esse peso. Que só continua nessa por não ter alternativa plausível no momento e por ter alguém que depende dele. Caso contrário, chutava o balde e quebrava o pau da barraca. Ele é do tipo que não gosta de bancar o hipócrita, ou fazer tempestade em copo de água, muito menos se sente mal tratado ou injustiçado. É totalmente ciente que a escolha partiu dele e que, consequentemente, a responsabilidade por esta situação é só dele mesmo. Mas, e há sempre um mas em tudo, é difícil e triste viver assim. Ser criticado e tripudiado por tudo que faz, por tudo que pensa e por tudo que gosta. Acreditamos que ninguém se sinta bem em situações parecidas. Compartilhar um teto é um exercício diário, que requer esforço, perseverança e paciência. Só que sem companheirismo, parceria e apoio mútuo, não se consolida, não evolui. É triste.
Henergúmeno se esforçou para mudar, para cumprir uma série de exigências que a esposa lhe fez quando resolveram viver juntos, sempre está pronto para apoiá-la e ajudá-la. Em troca, quando solicita o mesmo, patadas, pauladas e desprezo, tanto pelo que é quanto pelo que preza e crê. Assim anda vivendo... Nesse dilema de amar e não ver adiante. Para exemplificar, expôs palavras que lhe foram ditas exatamente dessa forma quando de uma conversa para melhorar o convívio do lar: “Ou você muda e faz o que eu quero do jeito que eu quero, ou não vamos ficar juntos muito tempo.” Simples assim... Pobre Henergúmeno... Ele tem seus defeitos, obviamente, mas marginalizar alguém porque gosta de algo que lhe foi ensinado e entregue no seio familiar é demais. Tripudiar de seus amigos, diminuir e fazer troça de seu emprego, tratá-lo como intruso dentro de casa, isso é maldade. Impor vontades calcadas no apoio de parentes que circundam suas rotinas é provalecimento. Fazer chantagens emocionais e financeiras para que esteja sempre dentro de casa, mesmo contra a vontade, é covardia, é jogo baixo, sujeira. Isso para ficar em alguns exemplos. Como ele mesmo sempre repete: - É triste viver assim... Qualquer pessoa tem anseio de ter uma atividade para extravazar os problemas e o peso da rotina, todo mundo gosta de estar com os amigos, é normal de qualquer pessoa debater assuntos antes de serem tomadas algumas decisões que afetam o convívio familiar, etc. Mas com ele isso não vem acontecendo, sua vida adquiriu um tom cinzento, sem colorido, a não ser pelo filho amado, que lhe dá alegria incondicionalmente.
Pobre Henergúmeno... Vivendo à sombra da vontade alheia, subjugado, apresentado como simples adorno matrimonial, como se tivesse sido salvo do lixo.
Fazemos sinceros votos para que Henergúmeno saia logo dessa condição, pois ninguém merece...
Pobre Henergúmeno...