terça-feira, 6 de maio de 2008

Doce estação



E ela esperou ansiosamente o vento gelado na nuca, o cobertor pesado sobre o corpo, o leite quente pela manhã. A época da elegância desfila mantas coloridas e botas de cano longo. A grama verde, agora branca, do gelo que “cai do céu”. Tardes ensolaradas e convidativas, a espreitam. “Vamos fugir?”. À noite, delicias gastronômicas e um bom vinho. Bochecha vermelha e o brilho nos olhos. (Lembrou de sua mãe dizendo sentir a perna afrouxar no primeiro cálice).

A cama quente parece manter o corpo imantado nas manhãs geladas. Uma preguiça que logo se esvai, quando a vontade que o dia não termine toma conta, (Afinal, paisagens fotográficas, cinematográficas, estão logo ali, do outro lado da janela). E em silêncio, na janela, ela pede que o sol não se vá “a menos que eu possa vê-lo adormecer...”. E quando ele se vai, o escurecer traz os sonhos e desejos embalados no vento minuano do sul.

Com o nariz gelado, encostado na mão dele, o pé tão gelado quanto, escondido entre a perna dele e o sofá, ela sorri. Para no instante seguinte submergir no abraço longo, quase infinito, que exala a saudade do cotidiano. O blusão de lã azul dele esquenta os dois, mas nada transmite mais calor que a energia trocada ali, no abraço apertado e sincero de quem muito se quer.

Na sala vazia de outros e cheia dos dois, já levantados do sofá confortável sobre o tapete felpudo, ela, recostada no peito dele, sobe na ponta dos pés para chegar próxima ao ouvido, sussura baixinho: “adoro inverno e amo você” (em todas as estações).

Lidy.