quarta-feira, 28 de junho de 2023

A Confraria

Várzea linda na encosta da sanga

Gramada inteira da barranca a estrada

Mantém a cavalhada buena, delgada

E vez por outra, um tambeiro ou de canga

 

O aramado se estende pela encosta

Faz parede pras corrida “motoneada”

Até pra alguma indecente pulada

Da petiça tordilha, que sai embodocada

 

Anda a baia no más, se amansando

Empurrando a polianga, despacito

Sai a tostada, garbosa, troteadito

Desfila a colorada, lindaça, galopeando

 

Se agiganta pelo meio, reluzente

Ladeado de varanda, forte, zincado

Dando guarida pros de rodado

Com esteios fortes, dos resistente

 

Se avizinha abaixo, o banho, em alvenaria

Bem construído, aprumado, alicerçado

Do fogo, do povo e da junção, distanciado

Pra hora de descarga, conferindo calmaria

 

É o galpão, estruturado, imponente

Que abriga arreio, mantimento e cozinha

Lenha, gelo, açúcar, trago, sal e farinha

Essas coisas que necessita o vivente

 

Não deixa ninguém no aperto, é garantido

Não larga nenhum gaúcho desamparado

Sempre tem um canto pra ser arrumado

E um catre, aconchegante, pra ser estendido

 

Quem chega, é sempre muito bem recepcionado

Um aperto de mão firme, por vezes, festejado

De gente simples, humilde, de bom costado

Indiada buena demais, já diz o antigo ditado

 

É uma terapia pro corpo e pra alma a estadia

Limpa o pensador, e faz gargalhar no improviso

Afrouxa o semblante, liberta a alma e o sorriso

Esvanece anseios e trás pra vida, alegria

 

Tira dos ombros um peso de mundo inteiro

Alivia o peso da vida e sempre nos faz bem

Passar longos e vagarosos dias lá, nos convém

Vida longa e um salve grande à Confraria do Saleiro!

sábado, 10 de junho de 2023

O Rancho

 Se abre lindo, formoso num talhão

Numa pastagem verdejante, formada

Onde se levanta o tipo da eguada

Tendo eximío cuidado por padrão

 

Escaramuça à vontade a cavalhada

Bem tratada, lisa, de cocheira

Só reúne bicho bueno, de primeira

Sempre de pelo fino, bem tratada

 

Montaria de fundamento, bem arreada

Salta na sombra, buscando o tiro certo

Empurra a tropa no limpo, a céu aberto

Correndo “na mão” de toda a peonada

 

Ronca a “magrela, e sai manso, no trote

Pra calibrar o braço, buscar “as norma”

Na gadaria, o treino grande toma forma

Assovia o trançado, espicha o galope

 

Pingos de lei, corretos, de toda pelagem

Gateada, baia, tostada, tobiana, tordilha, oveira

Tem pra queira e também pra quem não queira

É só chegar e levar, não precisa nem sodagem

 

Acolhe bem à todos, sem distinção

Onde famílias podem conviver

Podem ver as crianças crescer

Ali ermanados, peão, capataz e patrão

 

Timaço que empurra a trança

Andam sempre juntos, reunidos

Vencedores, concentrados, aguerridos

Desfilam bem montados na cancha

 

O galpão, do descanço, do assado

Pra deixar a visita bem a vontade

Serve também pra prosa da tarde

E pra reunião do trabalho pegado

 

É modelo, é exemplo, é inspiração

Tem “que” de magia na atmosfera

Lugar onde a amizade prolifera

E encontra um abraço de irmão

 

Na boca do glorioso Pantanal

Igual sombra copada de tarumã

Se faz grandioso, o Rancho Yucumã

Lugar majestoso, ímpar, sem igual

 

Sonho sonhado e batalhado desde guri

Erguido no suor, na pata de cavalo

Pra se fazer patrão e não vassalo

E hoje poder dizer: Cavalo de laço, é aqui!