Várzea linda na encosta da sanga
Gramada inteira da barranca a estrada
Mantém a cavalhada buena, delgada
E vez por outra, um tambeiro ou de canga
O aramado se estende pela encosta
Faz parede pras corrida “motoneada”
Até pra alguma indecente pulada
Da petiça tordilha, que sai embodocada
Anda a baia no más, se amansando
Empurrando a polianga, despacito
Sai a tostada, garbosa, troteadito
Desfila a colorada, lindaça, galopeando
Se agiganta pelo meio, reluzente
Ladeado de varanda, forte, zincado
Dando guarida pros de rodado
Com esteios fortes, dos resistente
Se avizinha abaixo, o banho, em alvenaria
Bem construído, aprumado, alicerçado
Do fogo, do povo e da junção, distanciado
Pra hora de descarga, conferindo calmaria
É o galpão, estruturado, imponente
Que abriga arreio, mantimento e cozinha
Lenha, gelo, açúcar, trago, sal e farinha
Essas coisas que necessita o vivente
Não deixa ninguém no aperto, é garantido
Não larga nenhum gaúcho desamparado
Sempre tem um canto pra ser arrumado
E um catre, aconchegante, pra ser estendido
Quem chega, é sempre muito bem recepcionado
Um aperto de mão firme, por vezes, festejado
De gente simples, humilde, de bom costado
Indiada buena demais, já diz o antigo ditado
É uma terapia pro corpo e pra alma a estadia
Limpa o pensador, e faz gargalhar no improviso
Afrouxa o semblante, liberta a alma e o sorriso
Esvanece anseios e trás pra vida, alegria
Tira dos ombros um peso de mundo inteiro
Alivia o peso da vida e sempre nos faz bem
Passar longos e vagarosos dias lá, nos convém
Vida longa e um salve grande à Confraria do Saleiro!