segunda-feira, 16 de março de 2015

Foi tocante!

Muitas vezes estamos reunidos sem conseguir ter a percepção exata do que se passa ao nosso lado. Essa afirmação é carregada de verdade. Porém, por vezes nos deparamos com atitudes tão simples e singelas que nos tocam sem que ninguém perceba. São atitudes tomadas quando o coração comanda o cérebro, carregando de amor, respeito e carinho cada gesto. Tive a felicidade de presenciar um ato assim no último domingo. Meu avô, um homem sério, honrado e batalhador, o qual admiro e respeito eternamente, dono de um gênio ímpar, com uma personalidade inabalável, hoje em dia, por se encontrar acima da casa dos noventa, vem apresentando limitações, dessas impostas pelo tempo, pelo esforço e pela luta da vida de trabalhador braçal. Já não consegue mais sozinho realizar tarefas cotidianas, normais, que até pouco tempo atrás faria automaticamente, sem titubear. E quem o conhece sabe bem o quão difícil é fazê-lo aceitar algo, mesmo que seja ajuda, hehe. Pois vamos ao fato. Estávamos reunidos, conversando sobre assuntos aleatórios, fugindo do sol escaldante e procurando sombra, até que paramos em uma bem aconchegante, onde fomos nos dispondo conforme a possibilidade. Papo vai, papo vem, olho para o lado e vejo um de meus tios, o qual tem muita semelhança com o Vô, diferindo apenas no gênio, sendo bem mais afável, por assim dizer, aprontando alguns utensílios. Nada demais, mas fiquei um tanto intrigado. Logo em seguida entendi melhor o fato. Os utensílios não eram pra ele e sim pra utilizar com o Vô, seu Pai. Fiquei acompanhando quieto, como se nem estivesse assistindo, mas confesso: Ver um fazendo a barba do outro me tocou profundamente. Pode ter sido só o desfecho de um final de semana de fortes emoções, onde revi grande parte de pessoas importantes pra mim, pelas quais tenho enorme apreço, admiração e carinho, por quem fui brindado com uma dose gigante de afeto, que culminou em um ambiente alegre, festivo, sensacional. Onde vi um casal fora de série firmar matrimônio de forma simples e linda. Vim refletindo sobre tudo isso durante a viagem e, até hoje a cena do afeite tem me retornado forte à mente. Vida irônica não? Após termos sido criados, cuidados e educados, criamos, cuidamos e educamos para novamente voltarmos a sermos cuidados e auxiliados por quem criamos. Talvez esse seja, dentre outros, um dos grandes exemplos de amor. Só quem ama é capaz de ter gestos de carinho, de oferecer cuidados e afagos de maneira natural e tranquila sem esperar nada em troca. Na verdade nem sei como explicar melhor o que senti ao ver o fato, mas sei bem o que quero dizer: Só de ter presenciado essa cena valeu todo o esforço de ter ido até lá. Entenda-se esforço deixar o lar, meus pequenos, ficar três noites fora, sabendo que isso sobrecarrega minha esposa e me deixa bastante inquieto e saudoso. Mas valeu, valeu mesmo! É mais um exemplo familiar que guardo no coração e na memória com o firme propósito de passá-los adiante. Valeu Milo! Muito obrigado, mais uma vez!