segunda-feira, 18 de maio de 2009

Cumparsita de mi vida

Las tardecitas de Buenos Aires tienen ese no sé qué, ¿viste?. Assim, como se me encontrasse nos cafés de La Boca e entre casas coloridas escuto a melodia hipnotizante. Me toma, embriaga, en un “ocho” me enobrece em um “gancho” me engancha. Efervescente, passa por cada célula e hipnotiza a alma, que dança, baila, sem sair do lugar. Balada de los locos de amor, que como diz a letra do poeta músico bailante, brilhante, con un poema y un trombón a desvelarte el corazón, te deixa assim, sem ar mas com el corazón a transbordar. Balada dos apaixonados, apaixona e consome a tristeza numa soledad porteña, correntina, cantada, romântica, intensa. Feito chama infinita enquanto dura a melodia, coloca fogo na existência. Aquece. De olhos fechados te lleva a media luz, crepúsculo interior a bailar, a llorar, y lloro de emoción oyendo un bandoneón. "¡Viva! ¡Viva!" los locos que inventaron el Amor! Viva a ti, Piazzolla, al bandoneón, al tango novo e velho, electro, de Bajofondo o Gardel, viejo de hoy y siempre, milonga de mi vivir, en Buenos Aires ou aqui. 

Lidy con alma argentina

sábado, 16 de maio de 2009

p.s: não se esqueça de viver

Bastou um filme e um fato pra aquele nó na garganta voltar. Essas coisas que nos motram o quanto a vida é efêmera mexem tudo aqui dentro. Sabe quando um temporal chega de surpresa e as janelas estão abertas? Vendaval que bate as janelas, derruba os livros, espalha os papéis pelo chão.  E então tu percebes que sim, as coisas podem mudar completamente a qualquer momento e em qualquer lugar, para qualquer pessoa, inclusive pra ti. 


A efemeridade da vida é assim, feito vendaval, que de uma hora pra outra desarruma tudo, tira tudo do lugar, te leva coisas que tu achas que não poderias viver sem. A efemeridade da vida é a certeza da perda. Ou perdemos algo, ou alguém nos perde. Não, não... não comecei esse texto pensando em combinar frases mórbidas e doloridas. O start sim, foi esse. Um fato e um filme que falam disso: da perda, culpa da efemeridade da vida. 


É que é nesses momentos que essa característica intrínseca a qualquer existência vem à tona. E então dá vontade de sair desesperadamente pela rua, cantando a música preferida, gritando para as pessoas importantes da sua vida que elas de fato são importantes, ir até o curso de dança mais próximo, matricular-se, para satisfazer aquele desejo que, até então, era só um desejo deixado de lado pelos compromissos e responsabilidades. 


É isso que esse vendaval faz comigo. Me sacode e me faz enxergar o quanto estamos cegos à nós mesmos. O quanto deixamos de lado tantas coisas que gostaríamos de fazer, de dizer, de sentir. É esse vendaval que nos traz de volta ao sentido da vida e te abre os olhos para o único fim irremediável, e te enche de gás, te encoraja a fazer tudo que queres fazer antes que esse fim chegue. 


Porque ele há de chegar, a qualquer momento. E quando isso ocorrer, não quero olhar para trás e perceber que carrego comigo frases de amor não ditas, abraços não dados, palavras caladas, desejos repreendidos. Talvez amanhã não consiga matricular-me no curso de dança que tanto quero, mas hoje, não passa de hoje, direi  ‘eu te amo’ com todas as forças para o homem que fez meus olhos voltarem a brilhar. Ligarei para aquela minha amiga de infância que em um e-mail, lido às pressas em meio ao trabalho, me confessou sua tristeza e eu nada respondi, porque me perdi nas tarefas e me deixei esquecer. 


Abraçarei com toda minha alma aquela alma irmã que encontrei na faculdade e que felizmente ainda está perto de mim. (Nos vemos quase todos os dias, mas há quantos não nos apertamos naquele abraço infinito?) Olharei para minha mãe e direi a ela o quanto ela tem razão nas coisas que diz,  e passarei a escutar as verdades que ela me fala a cada novo dia e que eu ignoro, para depois descobrir que eram realmente verdades. (É, tava frio aquela noite em que eu não levei o casaco, mãe). 


Ontem, ontem mesmo lia Álvaro de Campos (um presente que veio no diálogo com um amigo), e pensava nisso tudo... Em como há de se ter intensidade nas coisas que fazemos, nos segundos que vivemos, nos fragmentos que sentimos. Diz o poeta: “seja como for a vida, de tão interessante que é a todos os momentos, a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger, a dar vontade de dar pulos,de ficar no chão...”. Há quanto tempo não te permites pular? Há quanto tempo a vida não roça teus ânimos, teus nervos, eriça teus pelos? Não, não pare para pensar nesse tempo. Viva o tempo que há, enquanto o vendaval não chegar.  


o fato: a perda de um colega.

o filme: p.s: eu te amo.

Lidy

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Rodeios Crioulos

Escolhendo o melhor lugar pra acampar
Já aparecem os primeiros amigos
A alegria e o bom humor dominam o ambiente
Desdobrar lonas, firmar estacas, esticar cordas
Com sorrisos no semblante, alegria real
Descarregar o acampamento
Arrumar os leitos e catres, montar a cozinha
Lidar com o “boiamento”, em quantia
Encilhar a eguada, arrastar os laços
Dar um chego na secretaria, fazer inscrição
Conferir pilchas e arreios, deixar tudo em ordem
Semana após semana, mês após mês, ano após ano
Perfazendo o caminho de uma vida inteira
É lindo o rodeio, pela forma e pelo conteúdo
Quem vive ele, sabe bem do que falo
Famílias envolvidas inteiras
Aumentando a união e companheirismo
Convívios selados ao longo de armadas
Pulos de aporreados e berros de incentivos
Amizades firmadas pra uma vida inteira
Com gente de fundamento, de valor
Propiciadas pela atividade em comum
Pelo gosto de campereada, de xucrismo
Nesse meio, sobram mãos amigas
Braços estendidos, atitudes
De solidariedade, ajuda, parceria
Feliz quem habita o rodeio
Quem atira uma armada, aguenta um pulo
Suja a mão, o rosto, a roupa
Na poeira ou no barro d’um rodeio
Lugar onde se forjam pessoas de valor
Com respeito, seriedade, caráter
Meio de vivência em que o espaço
É ocupado por pessoas de grandeza
Que procuram lugares seguros, tranquilos
Pra aliviarem a tensão do dia-a-dia
Espairecerem, esvaziarem a cabeça
E ali encontram isso e muito mais
E é a isso que me refiro
É disso que gosto, é nisso que vivo
E peça a Deus misericordioso
Não me deixe sem, seja qual for o motivo!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Mude-se

Mudanças são sempre necessárias. Mudar rotinas, hábitos, crenças. Mudar a cor de uma parede, o quadro de lugar, o som do carro de todas as manhãs. Mudar o prato do dia, o restaurante de domingo, mudar o paladar. Gostar de coisas novas, fazer coisas novas, conhecer gente nova. Mudar o jeito de se relacionar. Mudar o valor que se dá a uma relação.

Mudar a cor do sapato, o estilo de blusa, dar um tempo para a estampa predileta, para o caminho preferido. Dar-se tempo. Mudar o rumo. Escolher um novo caminho para chegar ao mesmo lugar ou mudar o olhar. Perceber o diferente no mesmo, perceber que o mesmo pode sempre traz algo de novo. Mudar o ângulo. Mudar de foco. Surpreender(se).

Hoje mudei o corte de cabelo, e percebi o quanto toda e qualquer mudança significa um ato de coragem. Coragem de sair do mesmo, driblar o monótono, libertar-se da zona de conforto. Mudar exige tomada de atitude. É verbo no imperativo. É primeira pessoa. Ir além de onde fomos até então.

Ultrapassar a linha limítrofe. Esquecer deadlines. Mudar exige libertação. Encarar o medo, a insegurança de aquilo que pode ser, sem sabermos se, de fato, será. Mudar é ir além das hipóteses, além do que se imagina, é agir. Mudar é desafiar a si mesmo, ao que sempre foi, ao que sempre fui.

Por isso mudar pode fazer da gente muito melhor do que já somos e do que poderíamos ser, se permanecêssemos tão iguais. Mudar é nos darmos a chance de escolher. Livre arbítrio para o ser, quando se quer ser melhor. Mudar o jeito de olhar para os dias, para os outros, para si mesmo. Mudar uma mania, trocar de canal, experimentar.

Permitir-se sentir algo diferente pode depender de uma simples mudança de prioridades, ou de atitudes. Gostar de um outro jeito, demonstrar sentimentos de outra forma, amar de outra maneira, sem deixar de amar. Aliás, amar é em si, mudança. É mudar a alma de casa, já dizia o poeta.

Mudar pode trazer arrependimento, é verdade. E cabelo cresce. Ainda assim, mude-se. Mudar é risco, mas arriscar-se é, por si só, superação.

(tardo mas não falho ehehe)

bjs!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Há de se viver!

Ser um gaúcho de fato nos dias atuais transcende conceitos prontos.
Vai muito além do simples fato de usar uma bombacha, ostentar uma boina ou chapéu na cabeça,
passa mais longe ainda do fato de ter nascido no Rio Grande Amado, embora muitos teimem em achar que isso basta.
É carregar consigo e aplicar na sua vivência e rotina diária valores e princípios como honestidade, honradez, hombridade, respeito e coragem, amizade e companheirismo. É aplicar-se ao convívio e cuidado com a família, desde o primeiro ascendente até o último descendente, é manter boas relações no trabalho e convívio social. É ter sobriedade para manter-se íntegro num mundo onde todos vêem seus maiores tesouros, seus únicos bens verdadeiros irem por água abaixo, e ainda assistem suas vidas serem timoneadas conforme a vontade de alguns, ficando de braços cruzados e mãos no bolso diante disso tudo.
Canta nosso hino: “-Mostremos valor e constância nessa ímpia e injusta guerra...” E faz-se exatamente o contrário, caminha-se na contramão do que se prega, deixando as palavras cada vez mais fracas, cada vez mais sem sentido. Temos, como gaúchos de fato, que travar nossa luta diária no sentido de fincar raízes, perpetuar valores, ensinar princípios, demonstrar caráter sem perder a simplicidade e a alegria, traços marcantes de nossas origens, para, no apagar de nossas existências, termos a certeza de que estamos partindo e deixando nossa tarefa realizada da melhor maneira, pra sabermos que estamos indo com o dever cumprido.
É o que penso, é o que faço, é o que vivo!