quarta-feira, 30 de abril de 2014

Tradicionalismo & Esporte

Acho que não é novidade pra ninguém o fato de eu ser um tradicionalista, de ter uma clara e evidente paixão por cavalos, de adorar “a lida”. Creio também que todos que me conhecem sabem que sempre fui ligado à CTG’s e tudo o mais que envolve esse meio de convivência. Herança social que tenho profundo orgulho e sincero agradecimento à meus pais e familiares que me mostraram e proporcionaram habitar e seguir por este meio. Um meio onde se aprende, se cultiva, e se passa adiante o respeito, onde se formam caráteres e se difundem valores como o forte convívio familiar e a profunda amizade entre famílias inteiras. Esse mesmo meio é regido por regras, criadas aos poucos para manter a verdadeira cultura viva e para não deixar este movimento social não “degringolar”, não perder o intuito principal.
Nesta mesma linha, há algum tempo, venho acompanhando uma espécie de queda de braço entre duas “entidades” aglutinadoras deste meio. De um lado o Movimento Tradicionalista Gaúcho – MTG, entidade mãe dentro do estado, que reúne os CTG’s, DTG’s, PTG’s e demais entidades existentes que cultuam e promovem o tradicionalismo, e de outro a Federação Gaúcha de Laço – FGL, que surge para reunir amantes e praticantes da modalidade esportiva do tiro de laço e as entidades nascidas com este mesmo fim. Há argumentos válidos e boas ideias sendo utilizadas por ambos os lados, assim como há argumentos fúteis e ideias bestas dos dois lados. O que soa estranho é a incapacidade de coexistência revelada neste embate. Que é isso minha gente? E a tolerância? E o direito de opção de cada um? E o direito de optar pelos dois? Por que motivo não posso, ou não podemos, fazer parte de duas congregações que por natureza querem defender e difundir o bem de todos?
Custo a entender essa intolerância de uma com a outra. Diga-se de passagem, pelo noticiado e publicado até o momento, a intolerância vem da parte do MTG, dizendo-se dono do direito de classificar e ordenar quem é gaúcho, quem é tradicionalista e quem não é. Particularmente acho errado esse tipo de atitude, que tem origem na vaidade e no egocentrismo das pessoas que ocupam posições de liderança dentro de uma entidade que por natureza deveria primar pela disseminação de valores e práticas tradicionalistas. Ou pensam que não?
Já escutei e acatei, assim como todos, pelo bom convívio e gosto que tenho pelo meio, diversas decisões e regras esdrúxulas criadas pelos responsáveis do Departamento Campeiro, cada um à sua época. Foi tamanho e cor de lenço, tipo e cor de bombacha, modelo de arreio, de mango, de rédea, de loro, de estribo, tipo de chapéu, e por aí vai. A última que me chamou a atenção foi a “proibição” do uso de manta gel. Indo totalmente ao contrário do que tem se pregado e difundido sobre bem estar animal. Isso só pra ficar em alguns exemplos do que somos “obrigados” a aguentar dos desmandos do MTG. Particularmente, nestes últimos tempos tudo o que tenho ouvido das pessoas que tem ocupado posições de liderança dentro da cúpula ou das regionais termina da mesma forma: Punir, penalizar, multar...
Não seria a hora de se propor uma reflexão, de pensar melhor nos rumos onde estão levando o Movimento? Não está na hora de repensar e acalmar os ânimos, reprimir as vaidades e pensar na expansão e agregação de mais integrantes ao invés de afugentar e tolher a participação de muitos que tentam se achegar e acabam não ficando por conta das regras ditadas e impostas?
Meus amigos, ninguém agrega na força e na truculência, e daí se dá margem para que surjam outras entidades como a Federação , que vem com o claro intuito de congregar os descontentes e tocar adiante a paixão de todos de forma mais leve e tranquila. E irão conseguir, podem ter certeza. Primeiro porque não se tem legitimidade nenhuma para proibir a participação de seja quem for, tanto em uma como em outra entidade. Segundo porque, pra quem gosta de tradição e vive ela, tanto faz existir MTG ou não, e a flexibilidade da Federação irá acabar atraindo muitos campeiros e laçadores. E a chave disso se chama INCENTIVO e OPORTUNIDADE, coisa que no MTG não se faz, não se pratica e não se usa há tempos!
Ou mudam, e logo, ou serão deixados de lado pela grande maioria!
Temos escutado e lido também muitas manifestações e opiniões pessoais sobre o tema. Alguns argumentam que laço não é esporte, é tradição. A esses faço uma pergunta: Se não é esporte, porque se compete por prêmios? Aos que defendem a ideia de que rodeio não tem cunho esportivo, e sim de lazer, também deixo uma pergunta: E porque toda prova de rodeio oferece prêmios? Amigos, rodeio é um evento, que mobiliza uma comunidade inteira, que tem custo, e alto, de promoção e realização. E como todo evento, visa lucro, ou, ao menos “empate” entre investimento e receitas obtidas. Aos leigos que leem, um esclarecimento, em rodeio se PAGA, e bem, para competir. Isso sem falar dos custos incessantes para se manter um animal em condições de competir, deslocamentos, acampamentos, e etc. Opção de cada um, obviamente, e é por isso mesmo que se explica que alguém é tradicionalista e gaúcho porque quer, porque gosta, porque se sente bem. E não é uma entidade ou outra, um dirigente ou outro que vai ter legitimidade para classificar alguém como sendo ou não gaúcho.
Gauchismo é sentimento, paixão, opção de vida, e nestes itens não há quem interfira pela força da ditadura, somente pela parceria e amizade. Do jeito que estamos indo, estamos a caminho da Federalização em massa. E rapidamente!

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Inocentes? Mas por favor...

Sinceramente, não é possível! Custo a acreditar! Na verdade, gostaria muito de não acreditar!
As distorções e tentativas de desqualificações de argumentos, fatos, provas, testemunhos e depoimentos que vem sofrendo o andamento do caso Bernardo são de causar náuseas e dor no estômago de pessoas leigas como eu.
Além de advogados que surgem de forma midiática, trabalhando com causas sabidamente perdidas, onde todos os fatos são claros e as testemunhas são oculares e sinceras, tentando fazer nome com isto, ainda há outros, que não sabem, não viram e não ouviram, estão alimentando seus “discursos” das mesmas notícias que os demais, porém tentam fazer disso seu alvo, atacando-as como se ali habitasse a mentira, que virá a ser descoberta por suas palavras e suas mãos com o terminar deste trabalho! E o pior, parabenizam os primeiramente descritos pelas "sábias palavras", e "belo trabalho"!
NOS POUPEM senhores advogados! É de sua profissão o ato da defesa, é de sua profissão o aceite de causas, porém é da decisão pessoal de cada profissional, de acordo com sua própria índole, caráter e consciência ir a favor ou contra, dizer sim ou não, de acordo com o cliente e o fato gerador do processo de quem lhe solicita os serviços, ou estou errado? O profissional de direito tem a obrigação de aceitar um caso seja ele de quem for e como for? Se sim, peço desculpas pela crítica e me proíbo de outras manifestações acerca do caso. Se não, bem, se não, tenho sinceras razões para crer que as maiores razões da aceitação de um caso assim são os ganhos. Ganhos monetários com cifras generosas, com certeza, e ganhos de imagem. Dessa imagem que a mídia oferta, dessa mesma imagem que estão criticando quando falam de seus agora clientes.
Sei muito bem que a mídia tem poder e meios para influenciar, direcionar, formar opiniões, distorcer situações e fatos. Tenho consciência de como isso pode ser realizado e procedido. Sei também que isso é feito diariamente, em todos os segmentos da comunicação. Mas sei também, por conhecer as cidades, por conhecer pessoas próximas, por conhecer um dos envolvidos, que até o momento, isso não foi feito.
Por favor senhores do direito, tudo que a mídia fez até agora foi divulgar, sem condenação ou absolvição de ninguém, sem indução de opinião pública, sem manipulação. Apenas tem demonstrado FATOS! Quem tem colocado a cara a tapa, quem tem se mostrado, saindo do anonimato por pura e simples indignação são pessoas simples, de bem. Anônimos que tem seu dia a dia simples e normal, trabalhando e lutando por um lugar ao sol. Estes tem apenas contado, descrito e narrado ocorridos, nada mais.
A surpresa da opinião pública está em outro fato. De existirem pessoas capazes de vir a público declarar que há inocentes envolvidos em um caso assim. Esse simples ato ofende. Nos chama de idiotas. Por favor, não nos tratem assim. Busquem brechas, criem argumentos, façam a defesa destes inclassificáveis seres se esta é sua vontade, mas não tentem nos convencer de que são inocentes. Nenhum deles. De forma alguma. Se assim fossem, seus nomes não estariam vinculados ao caso. Usem as leis, manipulem-nas como puderem e conseguirem para diminuir as penas, para livrar “de esta ou aquela” acusação, mas por favor, não para dizer que são inocentes! NUNCA!
Pode ser considerado inocente uma pessoa que sabida e conscientemente está levando, com seu próprio carro, com hora e data marcada, uma criança para ser morta, para receber em troca dinheiro?
Pode ser considerada inocente uma pessoa que premedita, planeja e executa a morte de uma criança? A mesma criança a qual tratou mal durante a maior parte do tempo em que tiveram convívio? A mesma criança que já tinha tentado asfixiar em outra oportunidade?
Pode ser considerada inocente uma pessoa que abre mão do próprio filho? Que deixa uma criança ao “Deus dará”, se escondendo atrás de uma posição social conferida por um diploma de uma profissão que remunera muitas vezes em demasia quem não merece, sendo essa criança seu próprio filho? Deixando essa criança sofrendo toda sorte de maus tratos, mesmo que não físicos, e para piorar, concorda e pactua com a situação?
Em minha humilde ignorância jurídica, digo que não! Não são inocentes, nenhum deles! Cada um tem sua parcela de culpa sim! Quem mais ou quem menos, os juízes ou o juiz irá decidir, mas são culpados! Minha torcida é para que vão a júri popular, mas isso pode ser sonho ou divagação minha, nem sei se isso é legalmente possível. Mas desejo isso de verdade!
Nem vou lembrar aqui minúcias do caso, pormenores sabidos e outros ocorridos, pois o competentíssimo trabalho da delegada que conduz a investigação e sua equipe já o estão fazendo.
Ficamos atentos ao trabalho dos juízes e promotores envolvidos, para que não cedam as pressões e manobras ardilosas tentadas pelos senhores do direito, defensores dos “inocentes acusados injustamente “. Que eles possam entender por força de seu próprio trabalho que seres assim não são dignos de defesa, embora a lei dê essa opção a quem por ela se interessa, mesmo que os ganhos envolvidos, aos seus próprios olhos (ou bolso) valham a pena.
Friso novamente: Não tentem nos fazer passar por idiotas, não nos insultem! Não há inocentes neste caso! Não mesmo!

quarta-feira, 16 de abril de 2014

BERNARDO - Vítima de todos nós!

Após esse inclassificável episódio da morte de uma criança, precisei externar um pouco de minha inconformidade com nossa situação enquanto sociedade. Nosso egoísmo, nossa incapacidade de ver além do umbigo, de enxergar de verdade. Estamos muito relapsos...

CASO BERNARDO

Diante dessa barbárie que acometeu famílias da região inteira, em especial moradores de Três Passos e cidades próximas, depois de ter visto tantas manifestações de repúdio, de indignação, de inconformismo e até de ódio e raiva, fiquei sem ação e sem atitude diante dos fatos.
Todos queremos justiça e julgamos a Lei por demais branda para o caso. Acredito piamente, até pelo meu sentimento, que a proximidade nos traz a crueza da situação, nos faz sentir na pele aquilo que nos acostumamos a ver pela televisão e tratar como fatos distantes, coisas de grandes centros e seus problemas. O choque é maior quando atos de monstruosidade acontecem “no portão de casa”. Em situações assim nos passam diante dos olhos incrédulos a crueldade, a frieza, o satanismo com que se praticam crimes e mais crimes mundo afora.
Uma vida ceifada no alvorecer da juventude, uma criança ser morta com a aquiescência do pai, por uma pessoa com quem convivia diariamente, com auxílio de uma terceira, onde todos os envolvidos ganham a vida exercendo profissões que tem como maior objetivo a preservação dela própria, a VIDA! Revoltante mesmo. Pra dizer o mínimo! Seres nojentos e repugnantes travestidos de entes sociais. E o pior, que mais me chocou, foi ver que conhecia de tempos a madrasta da criança. Nunca me enganei, sempre disse que não valia nada, tanto pelo jeito como pela atitude, mas nunca imaginaria ser um monstro, apenas uma pessoa da qual não se sente a mínima falta no convívio.
Me permito uma reflexão mais profunda nesse momento, analisando mais ao longe tudo o que envolve esse caso e seu simbolismo entristecedor e desanimador.
Reclamamos das Leis do nosso País, mas não nos questionamos sobre quem as faz, quem as cria e as faz valer. Reclamamos da falta de justiça, mas não cobramos desses mesmos pulhas formas de fiscalizar a vida dos nababos do poder. Sim meus amigos, essa é nossa realidade. Reclamamos com veemência, bradamos por nossos direitos, clamamos com ardor por justiça e igualdade, mas não sabemos usar nosso VOTO como meio de transformação. Se você já pesquisou sobre os candidatos para quem votou, menos mal, mas a imensa maioria da população não faz isso. Chega no dia de ir às urnas, e tudo vira negociata, interesse próprio e por aí vai. A falsa ideia de que isso se dá em Porto Alegre e em Brasília serve apenas para amenizar a nossa própria consciência. O mundo acontece onde se vive, nas nossas cidades.
Infelizmente, quem faz as leis são os membros dos legislativos, como o próprio termo define. Cada um em sua esfera, em sua área de atuação. Essas mesmas Leis que são brandas, que não penalizam, que punem quem trabalha e sustenta essa corja, que dá regalias a meliantes, que oferece imensas vantagens a marginais e bandidos. Se quisermos que aja eficácia e eficiência das Leis, temos que mudar quem está lá, ditando as mesmas. Sem partido, sem sigla, sem A ou B. Enquanto bandido fizer lei, a bandidagem vai imperar. Simples assim. Ou alguém ainda tem o pensamento ingênuo que o tráfico só existe por e para os traficantes? Que os crimes de “colarinho branco” só acontecem longe daqui? Que no nosso meio não tem marginal dando as cartas? Não sonhem minha gente, em nossas pequenas sociedades há tanta podridão quanto em qualquer outro lugar. Pensamos nós, aqui em nossa simples ignorância que não se investe pesadamente em educação no país porque há outras áreas que também necessitam recursos. Ledo engano. Há sim áreas que demandam recursos urgentes, mas a educação não é prioridade porque educar a população exigirá, no longo tempo, representantes pensantes e do bem (não que não existam, mas conseguem fazer pouco), e isto não é prioridade para as cúpulas do poder. Cabe a nós, reles mortais, simples cidadãos de bem e eleitores usar nossa inteligência para ser representado nas casas legislativas e nos poderes executivos. Ou continuaremos vendo nesses lugares seres analfabetos, burros, negligentes, omissos, maus caráter, bandidos, sem vergonha, e tudo o mais que vemos diariamente divulgados em todos os meios de comunicação.
Ou continuaremos a assistir estupefatos mais casos Bernardo (Que Deus o tenha), mais casos Kimberly, e outros tantos. Aqui vale o ditado do “quer resultado diferente, faço algo diferente também.” E, antes que me julguem antecipadamente, adianto: Estou tão indignado e revoltado quanto qualquer outro. NADA e nem NINGUÉM pode ou conseguirá justificar crimes assim, a meu ver, hediondos. Só para ilustrar, hoje, como todas as noites, fiz meu filho de 01 ano e 09 meses dormir, e após comecei a ler via internet sobre esse pequeno anjo chamado Bernardo, e isso me tocou tanto que ao pegar meu filho no colo para levá-lo até a cama, me vi em lágrimas só de tentar imaginar qual seria a dor de perder uma criança. Imagina sendo dessa forma, premeditada, cruel e insana. Mas se resume a isso, temos as Leis que merecemos, temos os governantes que merecemos e convivemos com seres que, no mínimo permitimos existir em nosso meio.
E, deixando a reflexão de lado, não concordo com a morte desses tipos, se fosse minha a decisão de pena para os mesmos, os colocaria em prisão perpétua, com visitas mensais que lhe dessem todos os relatos de como a vida fora da prisão é boa, de como uma família unida é confortante, e a cada seis meses, alguém lhes desse notícias de sua filha, sempre finalizando com a frase: “- Ela já perdoou vocês, porém, tem vergonha de vir visitá-los, pois os continua considerando assassinos!” Não pode haver pena maior do que ser renegado por aqueles que amamos incondicionalmente. Isso os faria, realmente, ter dor na consciência e arrependimento!
Finalizando, digo que cada um de nós tem uma parcela de responsabilidade no mundo, nos cabe cumprir e arcar com ela. Ou mudamos, ou vamos assistindo tudo piorar, os valores se perderem e se inverterem. E falo de nós porque me incluo, não me isento e não me vejo diferente ou melhor que ninguém. Mudança é o que precisamos, de atitude, de pensamento, de maneiras, de comportamento. Todos!