segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Acidente Campeiro

Pobre gateada, já tinha feito o serviço
Vinha de volta, “froxando” o garrão
E no baixar as orelhas, sentiu o encontrão
“Nas cruz” que de recém folgava
Rodopiou com quem a enforquilhava
Quase se pranchou, mas por sorte
Se salvaram os dois pelos listão do fundo
O cavalo enganador, manso, educado
Calmo, bonito, premiado, vistoso
Aprumado e encilhado a preceito
Vinha se pesando de dianteiro
Dando serviço pros dois braços
De suor bem tirado, escarceando
Troteando largo, veio pra cancha
Com vontade, atendendo o serviço
Saltou em cima do bovino, bonitaço
Seguiu fazendo cancha, tenteando
Mas na hora do campeiro abrir o cavalo
Deitar na paleta e empurrar a trança
Se foi a boca do pingo gateado
Perdeu-se a doma, e desfilou cancha afora
Feito zebu enraivado, de cabeça baixa
Se trompa sem nem esboçar parada
Quase reparte a égua no meio
Por pouco não saca dos arreios
O moreno que fica com o pavor estampado
Com os olhinhos pretos grelados
Procurando explicação pro acontecido
O outro, que vinha firme, bem estrivado
Também se espanta, e procura saber
Se alguém se pisou forte, pois é feia a pegada
De um trompaço campeiro, bem embalado
No fundo de uma cancha de rodeio
Se viram, os dois campeiros
Numa embolada "de toda pata"
Pela graça de Deus, não foi nada demais
Um roxo aqui, um arranhão ali
Um lombo dolorido, um taco arrancado
E uma boca requentada pra se trabalhar
Por dias e dias a fio, refazendo o serviço
Pra poder socar bem socado
Umas armadas debochadas, de fundamento
Pra fazer o povo levantar e gritar forte de novo
Mas dessa vez, de alegria e contentamento!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Rimando Ausências

Depois de tanto tempo sem nada postar
Me resta aqui voltar, e logo indagar
Sentiram falta ou tanto fez nada enxergar?
Respostas guardadas, desvios de olhar
Desconversas, afirmações sem adular
Modos individuais de manifestar
Positivo é o que venho por achar
Pois ninguém quer visitar
E quando aqui neste espaço chegar
Não ter nenhuma linha para apreciar
"- Como nos deixa em vão procurar?"
Nunca quis isso propositar
E pretendo não mais deixar
Pois ao merecer este visitar
Obrigação tenho de contentar
Ou ao menos propiciar
Algo aos olhos para (re)aprovar
Pois tudo que tenho a falar
Desculpa! Não gosto de fazer esperar
E com vergonha, balbucear
Volte sempre, estamos a aguardar
Que você consiga retornar
Para podermos lhe felicitar
E nosso caminho retomar
Pois quem escreve para alegrar
Sem isso nunca poderá ficar!


Marcelo
(saudadoso e envergonhado pelo tempo ausente)