terça-feira, 24 de março de 2009

Faço versos...


Faço versos como quem cospe sentimentos

Com quem grita emoções

Como quem cala o mundo nas palavras

Como quem o liberta pelos dedos

Como quem o compreende com o coração

 

Faço versos como a criança

Que faz beiço pra dor

Que não controla o choro

Que não segura a lágrima

Que sem querer, sorri

 

Faço versos como o bêbado

Que enrola as palavras

Que não as mascara

Que fala o que sente sem amarras

e esquece o que convém

ele no inconsciente, eu no papel

 

Faço versos como um covarde

Como quem sente e cala

Como quem sofre e disfarça

Como quem desaba e esconde

Como quem se refugia nos versos que constrói

 

Faço versos como quem não vê

No escuro da alma

Na noite de amor

No silencio do não dito

Na imensidão do escrito


Faço versos como quem cai e se afoga no próprio vazio

Como quem mergulha no abismo interior 

E cavoca, e viaja, e descobre

E joga tudo nos versos

Simples assim...

 

Faço versos como Quem ama

         Quem sonha

         Quem vive

 

Faço versos que falam por mim...


Lidy em 5/5/2005

sexta-feira, 20 de março de 2009

Deles pra Eles!

A alegria transcende o tempo
De quem sabe por quem olha
De quem sabe por que olha
De quem olha pra dentro
Pra trás, pra frente, e pára!
E sorri, leve, solto, feliz!
Felicidade por saber de onde vem
Satisfação por ter quem tem
Dúvidas sobre ser quem é
E mesmo assim segue, firme!
Sente o sol aquecer o corpo
E torce pra que todos tenham sol
Sente a chuva molhar tudo
E reza pra que todos tenham chuva
Delicia-se com essas farturas
E quer que todos se deliciem também
Alivia a alma ao saber de um por um
E dá graças por estarem todos bem
Supera obstáculos, vence dificuldades
Amarga derrotas, acumula vitórias
Vive intensamente, por saber
Que não se vive pela metade
Zela pelo bem estar de todos
Deseja saúde pra cada um
Esbanja positivismo, incondicionalmente
Pra que todos continuem a acreditar
Que sempre se vence, por mais difícil que seja
E faz tudo de forma simples, humilde
Pois é como entende ser certo
Fazendo o bem, e recebendo de volta
Disseminando luz , compreensão e resignação
Aprendendo a cada dia um pouco
Por que assim lhe ensinaram
Por que foi assim que aprendeu
Com todos Eles, sempre, Graças a Deus!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Caminhos cruzados I










Eram quase sete da manhã. Manhã cinza em Brasília. Fui experimentar o café da manhã do hotel que, pelo restante dele, me enchia de expectativa. Hotel que eu me hospedei por acaso, já que a reserva me esperava em outro, onde nunca apareci. Parênteses: Todos sabemos que Brasília foi metodicamente construída, mas de tão metódica, se tornou um grande “lego” -  dizia uma japonesa curitibana -  onde tudo é igual, só mudam as cores, e olhe lá. Tudo junto, da mesma espécie, no mesmo lugar. Bancos no lugar dos bancos, residências apenas na área residencial, hotéis somente no setor de hotéis. Um na Asa Norte e outro na Sul, mas só ali, naquele setor, naquelas quadras, tu os encontras. Um ao lado do outro, similares, altos, imponentes. Mas tão iguais. Fecha parênteses. Bom, fui para o café. Grande parte senhores engravatados, grisalhos. Uma que outra mulher, eu, umas três noutra mesa, e uma outra, só, na mesa logo ali. Sotaques de todos os tipos. Viajava tentando imaginar de onde era cada um. A menina nova, como eu, estava de calça azul de terninho, cabelo liso, não deveria ter 30 anos. (Depois dela, só eu com menos de 30, provavelmente).  Memorizei-a porque suas unhas me chamaram a atenção. Coisa de mulher. O esmalte era lindo, um vermelho diferente, que eu percebi enquanto ela segurava a taça do café. Dali uma tarde inteira de reunião, da reunião ao aeroporto, da geométrica Brasília ao caos agradável de POA. Sim, agradável. Cheguei à noite, e acho aquela imensidão de pontinhos luminosos, como se a cidade estivesse coberta de pisca-pisca de árvore de natal, muito mais linda e atraente que aqueles quadradinhos organizados que a gente vê de cima quando chega à Capital Federal. Os legos de lá parecem não ter vida, não como os da nossa infância. É tudo reto demais, frio demais, de curvas só o que Niemeyer ousou. Eu nunca achei agradável andar pela Rua da Praia em meio ao aglomerado de gente, onde é preciso desviar sem que consigamos evitar algum esbarrão. Mas depois que conheci Brasília, até desse contato eu sinto falta. Não há calçadas. Não há proximidade, nem toque, nem encontro. Há vias, muitas. Organizadas. Mas o caos humano  de todas as outras capitais se tornou, para mim, muito mais interessante. Bom, mas esse texto não era para falar sobre isso. Retornar é sempre bom, mas quando a viagem é curta, nem dá pra sentir a sensação do lar-doce-lar.  Fui para a esteira, desfile de bagagens. Quando me dirigia a encontrar um cantinho pra ver a minha passar, passa por mim uma moça. Mundo ridiculamente pequeno. (a vida me prova mais uma vez). Passou por mim falando no celular. Calça de terninho azul. Sim era ela, que de manhã, num hotel que eu entrei por acaso, tomou café na mesma hora que eu e que podia ser de qualquer parte do país, como todos aqueles outros de sotaques estranhos ao meu. Era ela, mesmo que eu não tenha visto as unhas. Mundo absurdamente pequeno, em que caminhos-nada-a-ver se cruzam, assim, numa quarta-feira qualquer.

 

Caminhos cruzados II


A cidade pode ser sem graça, sem vida, sem contato. O destino pode ser sem graça, o lugar, o canto que nos espera para ficar ou para passar. Mas é incrível como tudo muda se há um abraço a te esperar. Eu não gosto de Brasília, como se pode perceber. Mas saber que lá encontro um dos abraços mais importantes da minha vida, me faz querer estar ali. Talvez porque quando há sentimento, há gente que a gente gosta, todo o resto some e até os legos voltam a ser divertidos.

ps.1: Essa é a Fê: o abraço que dá sentido ao lego

ps.2: A história da menina das unhas é real.

(Voltei!!!)
Lidy

 

domingo, 15 de março de 2009

Conceda-nos!

União, pra quando um vier a cair
Todos estendam a mão pra levantar
Apoiar, afagar e recolocar nos rumos
Soberania, pra quando um chegar ao topo
E surgirem as palmas, elogios e lisonjeios
Essas não façam com que perca o rumo
Acuidade, pros aprendizados silenciosos
Que o convívio íntimo propicia
Resignação, pros defeitos que aprendemos
A aceitar aos poucos uns nos outros
Paciência, pras diferenças que entre nós existem
E com elas passamos a nos aceitar como somos
Compreensão, pras individualidades e vaidades
Que aturamos dia-a-dia em nossos meios
Calma, pros egocentrismos que temos
E somos obrigados a tratar diariamente
Intelecto, pra entender e aprender com nosso passado
Despreendimento, pra compreender nosso presente
De movimentação, correria e faina diária
Esperança, pro nosso futuro de realizações
Cuidados, amparos e felicidades
Discernimento sempre, pra mantermos
A vida nos trilhos, com decência
Altivez, pra continuarmos a ser grandes
Quando a derrota se fizer presente
Grandeza, pras pequenas mazelas
Que a vida nos coloca à frente
Coragem, pra seguir adiante
Suplantando dificuldades e obstáculos
Paz de espírito, pra acalmar
Quando a alma se inquieta e se revolta
Força, pras horas brabas e difíceis
Que atormentam a vida de todos
Bondade, pra quando irmãos
Necessitarem de mãos amigas estendidas
Solidariedade, pra trazer de volta aqueles
Que se perderam no meio da caminhada
Companheirismo, pra manter ao nosso lado
Quem fica, quem retorna e quem chega
Alegrias, pras horas felizes vividas juntos
Pras horas felizes vividas a dois
Pras horas felizes vividas sós
Pelo simples fato de sabermos
Que lá estão, que assim são
Que assim seremos e continuaremos
Se assim puderes nos conceder, é claro!
Obrigado!

segunda-feira, 2 de março de 2009

No Quatro Dois

Nem bem se adentra o Stella
E já se sabe o que se encontrará
Na portaria sai um olá pro “Maugo”
No elevador um papo com a vizinhança
No corredor cheiro de bóia
Barulho e risada do povo reunido
Abrindo a porta se depara com a muvuca
Vem se achegando e cumprimenta todos
Saca de um copo e se serve, brinda pela parceria
Dá uma olhada em todos os cômodos
Pra ver se não falta ninguém
Pega um vento na área dos fundos
Enquanto uns incendeiam crivos
Toma um sol no rosto na sacada de frente
Balançando quem tá na rede
Dá uma passada no “seicho-no-ie”
Olhando o movimento da feirinha
Busca pazinha e vassoura na dispensa
Pra limpar os cacos do copo que se foi
Ao passar pela cozinha “lhe gusta” o aroma
E pega mais uma das de cima
Volta pra sala, e se atraca na cantoria
Violão em abundância, e som bueno pro descanso
Filme, show, jogo, seriado ou jornal
Pouco importa nessas horas
Vale pelo povo que tá ali
Alegria, diversão, parceria
Gente boa, companheirismo
Alcunhas normais pra quem conhece
Jeito simples de quem frequenta
Esse é o Quatro Dois!
Firmado e continuado pela amizade
Vivido no estilo que se consegue
Aberto sempre a todos
Habitado por gente simples, mas buena
Indiada que se vira, peleando no dia-a-dia
Mas que sabe bem o valor de uma amizade
E também a valia de um leito
Por mais simples que ele seja
Oferecer algo que ajude, faz parte
Dessa moradia simples e humilde
Onde o respeito e os princípios
Regem a convivência diária
Nivelando particularidades, atenuando diferenças
E deixando tudo em harmonia perfeita
Ali cabem todos os gostos, todos os jeitos
Cada forma de viver, de agir e pensar
E, por mais que um venha a não gostar
Sempre há diálogo pra tudo se acertar!
E se ainda não conhece ou não freqüenta
Ta perdendo tempo, venha logo
Com certeza vai gostar de se achegar!
Salve Quatro Dois!