quinta-feira, 30 de maio de 2019

Antigos Caminhos

A carruagem branca segue pela estrada recém seca pelo sol e vento. Dentro segue solitária a princesa, envolta em pensamentos e devaneios postados sobre os próximos minutos. O cocheiro lhe conduz devagar pelas curvas e baixadas. O caminho lhes leva ao destino, onde se desvela uma linda mirada. Aguada limpa, gramado verdejante, som de pássaros esvoaçando sobre as árvores e alambrados. O horizonte se delineia através das curvas do relevo ao cair do sol. Na chegada, lhes é servido um chá diferenciado. Verde e quente, para acariciar mãos, rosto e coração, que foram se gelando durante a viagem. Sentam em poltronas brancas, ao pé de uma frondosa árvore, próxima a mansão, em pleno gramado. Passam a conversar por horas. Não percebem os minutos passarem, pois o diálogo se estende prazeroso e jovial. Em meio a isso, surge um genuíno interesse de um pelo outro. As palavras se encaixam e encontram eco. Há conexão. Há encaixe nas sutilezas e afirmações. Visitam os arredores, olham com atenção os espaços e locais. Lhes é apresentada a casa grande, com suas peças generosas e amplas. A antiguidade do local lhes surpreende. Percebem-se felizes com a visitação. Ao chegarem ao sótão, o local lhes encanta. As possibilidades atuais misturadas com as histórias passadas, marcadas em cada tábua e madeira traz uma mística diferente ao ambiente. Retornam à ampla e agora iluminada varanda, onde dão prosseguimento a conversa. Os olhares já não são mais os mesmos. Os olhos se fitam fundo. Os corpos buscam se aproximar, embora o comportamento e dizeres ainda permanecem firmes, cada um no seu espaço e tempo. Sem perceberem e sem terem intenção real, se abraçam, respeitosamente, porém afetuosa e carinhosamente. O enlace lhes faz tão bem que permanecem quietos, imóveis. Até a respiração é silenciosa. Se entreolham mais uma vez, com sorrisos de rosto inteiro. Seus olhos faíscam. Voltam a se abraçar. Cada vez mais percebem que seus abraços se encaixam tanto quanto suas palavras e olhares. Irremediavelmente, deixam seus lábios se tocarem levemente. Daí para o primeiro beijo são apenas frações de segundos. Sentem o calor um do outro. Sentem o toque de carinho e afeição que cada um exala pela pele. Nos rostos, olhares de satisfação e bem querer. Estão conectados. Estão ligados um ao outro. Necessitam seguir cada um seu destino, conforme seus ritmos e jornadas. A conexão lhes auxilia, propondo mais leveza e contrastes dali por diante. Vida que segue nos confins do mundo, onde desde os tempos antigos é possível ser feliz com pouco, bastando para isso calor humano e atenção. Têm um ao outro, embora de forma comedida e um tanto difícil. E sabem que a vida, por mais dificuldades que apresente, ainda é bela! Ainda pode bem lhes apresentar surpresas e nuances inusitados logo ali na frente. Confiar no Senhor, se amparar na fé e deixar que tudo siga pelo melhor caminho, é só o que podem fazer. E querem. Querem um ao outro e querem que tudo dê certo. E assim será!

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