terça-feira, 3 de junho de 2008

Palavras, apenas.

A folha em branco espreita-me. Sorri, tacitamente, esperando que eu despeje alguma coisa sobre ela. Poderia falar sobre o princípio dialógico da complexidade de Morin. Mas, complexo demais. O dia tumultuado cansa a criação científica e a auto-cobrança excessiva é amenizada pela auto-piedade. Corpo cansado, que não quer pensar. Mas corpo cansado que sente, e sobre isso, que bom é discorrer. E então, eu começo. Largo palavras e nem faço pausas para saber se elas fazem sentido. Saem, simplesmente, como verborragias incontroláveis, traduções, confusões, simplicidade, sentimentalismos, complexidade. Volto a ela. Morin tem me perseguido nestes dias. Então, a folha já não mais solitária, pede, silenciosa, mais. Ela sempre pede mais e se mostra pra mim, infinita. No finito do tempo e da criação momentânea que me toma por alguns segundos, satisfaço parte de seus anseios. Preencho algumas linhas, e esvazio alguns centímetros aqui dentro. Não toco em tudo. Deixo a folha ausente de algumas inquietações que têm me visitado nestas últimas semanas. Deixo-as na solidão do meu pensamento, aqueles não compartilhados, que ninguém sabe e ninguém viu. Às vezes, nem eu. Mas ao menos não passo o dia em branco, como a folha, alva, que há minutos atrás refletia sua brancura em mim.

Lidy

0 comentários: