quarta-feira, 16 de abril de 2014

BERNARDO - Vítima de todos nós!

Após esse inclassificável episódio da morte de uma criança, precisei externar um pouco de minha inconformidade com nossa situação enquanto sociedade. Nosso egoísmo, nossa incapacidade de ver além do umbigo, de enxergar de verdade. Estamos muito relapsos...

CASO BERNARDO

Diante dessa barbárie que acometeu famílias da região inteira, em especial moradores de Três Passos e cidades próximas, depois de ter visto tantas manifestações de repúdio, de indignação, de inconformismo e até de ódio e raiva, fiquei sem ação e sem atitude diante dos fatos.
Todos queremos justiça e julgamos a Lei por demais branda para o caso. Acredito piamente, até pelo meu sentimento, que a proximidade nos traz a crueza da situação, nos faz sentir na pele aquilo que nos acostumamos a ver pela televisão e tratar como fatos distantes, coisas de grandes centros e seus problemas. O choque é maior quando atos de monstruosidade acontecem “no portão de casa”. Em situações assim nos passam diante dos olhos incrédulos a crueldade, a frieza, o satanismo com que se praticam crimes e mais crimes mundo afora.
Uma vida ceifada no alvorecer da juventude, uma criança ser morta com a aquiescência do pai, por uma pessoa com quem convivia diariamente, com auxílio de uma terceira, onde todos os envolvidos ganham a vida exercendo profissões que tem como maior objetivo a preservação dela própria, a VIDA! Revoltante mesmo. Pra dizer o mínimo! Seres nojentos e repugnantes travestidos de entes sociais. E o pior, que mais me chocou, foi ver que conhecia de tempos a madrasta da criança. Nunca me enganei, sempre disse que não valia nada, tanto pelo jeito como pela atitude, mas nunca imaginaria ser um monstro, apenas uma pessoa da qual não se sente a mínima falta no convívio.
Me permito uma reflexão mais profunda nesse momento, analisando mais ao longe tudo o que envolve esse caso e seu simbolismo entristecedor e desanimador.
Reclamamos das Leis do nosso País, mas não nos questionamos sobre quem as faz, quem as cria e as faz valer. Reclamamos da falta de justiça, mas não cobramos desses mesmos pulhas formas de fiscalizar a vida dos nababos do poder. Sim meus amigos, essa é nossa realidade. Reclamamos com veemência, bradamos por nossos direitos, clamamos com ardor por justiça e igualdade, mas não sabemos usar nosso VOTO como meio de transformação. Se você já pesquisou sobre os candidatos para quem votou, menos mal, mas a imensa maioria da população não faz isso. Chega no dia de ir às urnas, e tudo vira negociata, interesse próprio e por aí vai. A falsa ideia de que isso se dá em Porto Alegre e em Brasília serve apenas para amenizar a nossa própria consciência. O mundo acontece onde se vive, nas nossas cidades.
Infelizmente, quem faz as leis são os membros dos legislativos, como o próprio termo define. Cada um em sua esfera, em sua área de atuação. Essas mesmas Leis que são brandas, que não penalizam, que punem quem trabalha e sustenta essa corja, que dá regalias a meliantes, que oferece imensas vantagens a marginais e bandidos. Se quisermos que aja eficácia e eficiência das Leis, temos que mudar quem está lá, ditando as mesmas. Sem partido, sem sigla, sem A ou B. Enquanto bandido fizer lei, a bandidagem vai imperar. Simples assim. Ou alguém ainda tem o pensamento ingênuo que o tráfico só existe por e para os traficantes? Que os crimes de “colarinho branco” só acontecem longe daqui? Que no nosso meio não tem marginal dando as cartas? Não sonhem minha gente, em nossas pequenas sociedades há tanta podridão quanto em qualquer outro lugar. Pensamos nós, aqui em nossa simples ignorância que não se investe pesadamente em educação no país porque há outras áreas que também necessitam recursos. Ledo engano. Há sim áreas que demandam recursos urgentes, mas a educação não é prioridade porque educar a população exigirá, no longo tempo, representantes pensantes e do bem (não que não existam, mas conseguem fazer pouco), e isto não é prioridade para as cúpulas do poder. Cabe a nós, reles mortais, simples cidadãos de bem e eleitores usar nossa inteligência para ser representado nas casas legislativas e nos poderes executivos. Ou continuaremos vendo nesses lugares seres analfabetos, burros, negligentes, omissos, maus caráter, bandidos, sem vergonha, e tudo o mais que vemos diariamente divulgados em todos os meios de comunicação.
Ou continuaremos a assistir estupefatos mais casos Bernardo (Que Deus o tenha), mais casos Kimberly, e outros tantos. Aqui vale o ditado do “quer resultado diferente, faço algo diferente também.” E, antes que me julguem antecipadamente, adianto: Estou tão indignado e revoltado quanto qualquer outro. NADA e nem NINGUÉM pode ou conseguirá justificar crimes assim, a meu ver, hediondos. Só para ilustrar, hoje, como todas as noites, fiz meu filho de 01 ano e 09 meses dormir, e após comecei a ler via internet sobre esse pequeno anjo chamado Bernardo, e isso me tocou tanto que ao pegar meu filho no colo para levá-lo até a cama, me vi em lágrimas só de tentar imaginar qual seria a dor de perder uma criança. Imagina sendo dessa forma, premeditada, cruel e insana. Mas se resume a isso, temos as Leis que merecemos, temos os governantes que merecemos e convivemos com seres que, no mínimo permitimos existir em nosso meio.
E, deixando a reflexão de lado, não concordo com a morte desses tipos, se fosse minha a decisão de pena para os mesmos, os colocaria em prisão perpétua, com visitas mensais que lhe dessem todos os relatos de como a vida fora da prisão é boa, de como uma família unida é confortante, e a cada seis meses, alguém lhes desse notícias de sua filha, sempre finalizando com a frase: “- Ela já perdoou vocês, porém, tem vergonha de vir visitá-los, pois os continua considerando assassinos!” Não pode haver pena maior do que ser renegado por aqueles que amamos incondicionalmente. Isso os faria, realmente, ter dor na consciência e arrependimento!
Finalizando, digo que cada um de nós tem uma parcela de responsabilidade no mundo, nos cabe cumprir e arcar com ela. Ou mudamos, ou vamos assistindo tudo piorar, os valores se perderem e se inverterem. E falo de nós porque me incluo, não me isento e não me vejo diferente ou melhor que ninguém. Mudança é o que precisamos, de atitude, de pensamento, de maneiras, de comportamento. Todos!

1 comentários:

ROSE disse...

MARCELO, REALMENTE EXISTE UM GRANDE NÚMERO DE CULPADOS NESSA HISTÓRIA. EM NOME DE UMA SOCIEDADE, UMA CLASSE, NINGUÉM TOMOU ATITUDES,MUITOS SABIAM TUDO O QUE ACONTECIA COM O MENINO, MAS ATITUDES NÃO ERAM TOMADAS. PORQUE ERA FILHO DE UM MÉDICO? PORQUE TIVERAM MEDO DO ENFRENTAMENTO? COVARDIA? PERGUNTAS SEM RESPOSTAS, INFELIZMENTE!