terça-feira, 26 de março de 2019

Abatido pela retaguarda

A situação ficou feia de fato. Dor de empalidecer e baixar a pressão de tão forte. A médica da emergência não quis nem examinar. Foi adentrar na sala e o semblante denunciou a crise. Para aliviar, uma sequência de três injeções, uma a cada dia, e repouso. A coluna me derrubou sem dó e nem piedade. O repouso eu imaginava que era pelo fato de precisar tempo para que a dor passasse, mas me enganei. Era pra sumirem as estrelinhas da retina. Menos mal que há essa sensação de estar no céu. É sério, tão logo o líquido começa a cortar a carne, não dá nem tempo de respirar, quando se abre os olhos, lá estão elas, de diversas cores e tamanhos. E é só o que se vê! Estrelas e mais estrelas. E dói! Dói de verdade! É uma dor sobrepondo a outra. E a enfermeira te pergunta com semblante de animadora de festa infantil: “- Tudo bem?” Pra não dar respostas destoantes, só balancei a cabeça positivamente... Sou bem desencanado e aceito numa boa o fato de estar envelhecendo. Curto meus grisalhos e brinco com meus fios de barba branca (minha caçula adora fazer cafuné neles!). Mas meu corpo não está lidando bem com os fatos. Dor aqui e dor lá fazem parte do dia a dia. Só que essa crise de dores na coluna me derrubou como nunca aconteceu antes. Dizem as más línguas que homem quando tem algo é uma ladainha, que geme e se queixa todo. E eu sou obrigado a concordar. Não que eu gemesse. Não dava. Era um bufo e um grunhido e respirar p-a-u-s-a-d-a-m-e-n-t-e para ver se diminuíam as fisgadas. Rapaz! O cara se vê pequeno. Não consegue se lavar do joelho para baixo. Pra se vestir, só deitado na cama. Calçar meias é um privilégio inacessível. Atar cadarços... o que são cadarços??? Isso sem contar que não é possível fazer absolutamente nada! Não pode caminhar, não pode cozinhar, não pode sentar, não pode (na verdade, não consegue) levantar, não pode, não pode, não pode... E, o que mais abala e deprime é que não pode pegar os filhos no colo! E claro, o humor de qualquer ser que tenha um pouco de apreço pelas coisas mundanas e corriqueiras fica totalmente azedo. Juro que me esforcei para não me tornar um peso para quem está na volta. E tentei inúmeras vezes segurar a onda pra que não largasse toda a frustração e tédio em cima de quem não merece. Se o fiz, peço imensas desculpas. Fato é, que ficar em casa forçado, sem poder fazer nada, é castigo dos grandes, e por maior que seja a paciência do vivente, ela termina! E pra piorar, TODOS os dias foram de sol e temperaturas agradáveis. É pra f****! Sorte a minha que tenho apreço pela leitura e escrita, assim, ao menos um pouco do azedume se diluía entre as páginas e linhas. Agora, é aguardar o resultado dos exames, receber o diagnóstico e tratamento do médico, e segui-los! Falando nisso, alguém já teve a oportunidade de fazer uma ressonância? É uma experiência ímpar. Indivíduo deitado de barriga pra cima, totalmente imóvel, com uma roupa, digamos, sem modelagem, enquanto o técnico que opera a máquina, que é altamente similar a um forno, vai te passando instruções. O trambolho parece um forno tanto em formato, como em temperatura, pois vai esquentando, e tu ali, longos e demoradíssimos vinte minutos. E dá-lhe calor e barulho. Muito barulho! Antes de te colocarem de vez dentro do aparelho, te dão uma espécie de buzina e te dizem: “- Se precisar, aperta.” E saem da sala. Me deu vontade de apertar só pra ver se voltam mesmo, mas me contive. Ando mais interessado no resultado do exame que no resultado da molecagem. Falando em resultado, prometo que vou me esforçar. Boa parte do que é necessário para manter a coluna “em dia”, eu, você, e toda a torcida do Barcelona e do Real Madrid sabemos. Eu gosto de caminhar e correr (já o alongamento é por obrigação mesmo...), o mal da coisa é achar um horário na rotina que concilie o trabalho, a vida em família, em sociedade, com o tal exercício. Quem não tem no DNA a atividade física, fica um tanto complicado inserir. E assim o sedentarismo vai passando de parasita para hóspede e vai ficando, ficando, ficando... Mas, se não tem outro jeito e essa dor indigesta e maligna insiste, vamos lá! O mundo fitness que nos aguarde (ave maria!)! Só não pensem que vou deixar de ser gordo! O que Deus fez e a natureza aperfeiçoou não se modifica (Hahahaha)!

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