sábado, 9 de março de 2019

É mais Taura, "De Mano"!


Quando o tempo se apresenta lobuno
É dia de encilhar os pensamento
Deixar o sábado trotear na volta das casa
Preparar o domingo que se vem lamacento
Pra fazer um costado na volta das brasa
É tipo potro de ano, que se chega no cocho
E desconfiado, se para sempre de lado
Mira o campeiro e bombeia o alambrado
A qualquer movimento, dispara em alvoroço
Tempo encharcado, rancho cheio e ruidoso
As panela chamando, a gurizada pedindo
A chapa que vai zunindo, e a água iniciando o chiado
A chaleira com a tampa tamborila
Enquanto o dente de alho é picado
Ronca a cuia, pra logo em seguida outro sorver
É o Rio grande nos mostrando o poder
Do dia a dia nas volta das casa
Mateia, cozinha, atende a “criarada”
Vai consumindo o tempo, por bem saber
Pra terminar o dia com ares de carreira atada!
São as simplicidades de cada vida
Que se estampa num sorriso inocente
Faz qualquer índio, do mais “flaco” ao mais valente
Perceber na hora, o quão se para impotente
Diante da vontade do Pai onipresente
É dever de um taura, zelar sempre pelos seus
Desde a chegada, até a hora braba do Adeus
Por isso que o patrão velho, num dia de alegria
Nos plantou, para que se faça nostalgia
A lembrança pura destes momentos singelos
Pois daqui, não se leva mais que o tempo vivido
E muitos não tem compreendido, o valor da existência
Renegando a querência, fazendo pouco do pago
Desprezando a fé, os amigos e até a família
Pra logo adiante, andar de joelhos no chão
Clamando por indulgência celestial
Se despindo da carapuça de falso bagual
Pra tentar encontrar o que há de valor
E se agarra, desta vez com profundo ardor
Nestes momentos puros, simples e belos
Entendendo assim, a razão da existência
Pois de nada adianta não ter querência
E nem um parador, pois até o xirú mais aragano
Na hora que a coisa se “entaipa”, necessita tutano
E se escora em alguém, pois precisa andar “de mano”.

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