Era hora do mate, da calmaria,
de sossegar o garrão. Guri estreava no rodeio, pela primeira vez indo e
ficando dois dias ali, envolvido, envolto. Aprendendo, perguntando, tendo
curiosidade sobre tudo. Bem normal, bem dentro do esperado. Além de ser
esperto, é de uma índole e comportamento admiráveis. Achou logo um lugar
diferente pra observar melhor tudo o que acontecia. Subiu no caminhão boiadeiro
e sentou para ver tudo de cima, ampliar a visão. “aqui de cima dá pra ver mais
longe e melhor”, disse ele. Não se sentiu confiante para laçar. Deixei à
vontade. Quando quiser, que vá! Me juntei a ele no fim de tarde, depois de
atirar umas armadas, experimentar a égua e sentir confiança no pingo, me restou
tratar bem, banhar, oferecer água pra debelar o calor insuportável e alimentar
a contento a parelha. Conversávamos, ali, em cima do caminhão, ele empolgado,
me relatando os fatos vivenciados no dia, me perguntando as dúvidas que iam
surgindo, e comentando sobre os acontecidos. Era hora da ave-maria do rodeio.
Momento sempre ímpar, diga-se de passagem. Narrador mandou bem, extraindo
emoção e deixando boas palavras para o público. Nesse momento, estávamos um
tanto distantes, muito devido ao calor intenso. Ao prestar atenção nas palavras
ditas ao microfone, me aproximo dele, abraço e beijo, como sempre, porém,
devido ao momento em si, me emociono, me engasgo, lacrimejo. E pra minha
surpresa, com ele ocorre o mesmo. Momento sutil, porém único e marcante. Como
bem disse meu amigo Felipe de Freitas, a correria e os problemas do dia a dia
são tantos, que nos esquecemos de visualizar e entender as bênçãos que temos
diariamente. Parabéns Felipe! Sou fã do teu trabalho e tu é sabedor disso.
Grande e forte abraço irmão! Me tocou em um momento importante pra mim. Por
força de diversos fatores, nunca tinha tido a companhia do meu filho num
rodeio. Tive nesse, e graças à Deus, foi tudo lindo. Foi tudo espetacular. Pra
mim, foi uma daquelas memórias que jamais se apagarão. Como qualquer Pai, ver a
empolgação do filho pelas atividades que amamos e trazemos arraigados em nosso
ser é indescritível. É inebriante. Voltei pra casa com as melhores sensações
possíveis. Meu coração ecoa gratidão e amor. Eu gosto de rodeio, há décadas. E
não é só pelo laço, pois sou o tal do perna de pau na laçada, embora goste
bastante de correr boi. É por toda atmosfera que se cria. Estar entre amigos,
estar junto da família, conhecer e firmar parcerias, sempre com bom humor, ouvindo
música, dando risadas, lidando com bóia e assado. Sai caro, mas é
recompensador. Se bem que caro, é perder um filho pra outras tantas coisas que
não prestam. Caro, é ter que lidar com doença, que além de esvaziar o bolso,
seca a energia e vivacidade. Caro, é comprar remédio. Caro, é ter a vida
esvaziada, sem sentido. O restante corremos atrás e damos jeito aos poucos. E
vamos indo. Gratidão sincera a vida, aos nossos orixás e guias, por tudo que
tem nos proporcionado, por tudo que tem nos brindado. Que continuemos a fazer
por merecer essas bênçãos. Só nos faz bem. Só nos engrandece, só nos deixa cada
dia mais gratos, felizes e completos. Vamos por mais! Sempre!
1 comentários:
Esses ficam para todo sempre em nossos corações.
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