segunda-feira, 4 de março de 2024

Me emocionei



Era hora do mate, da calmaria, de sossegar o garrão. Guri estreava no rodeio, pela primeira vez indo e ficando dois dias ali, envolvido, envolto. Aprendendo, perguntando, tendo curiosidade sobre tudo. Bem normal, bem dentro do esperado. Além de ser esperto, é de uma índole e comportamento admiráveis. Achou logo um lugar diferente pra observar melhor tudo o que acontecia. Subiu no caminhão boiadeiro e sentou para ver tudo de cima, ampliar a visão. “aqui de cima dá pra ver mais longe e melhor”, disse ele. Não se sentiu confiante para laçar. Deixei à vontade. Quando quiser, que vá! Me juntei a ele no fim de tarde, depois de atirar umas armadas, experimentar a égua e sentir confiança no pingo, me restou tratar bem, banhar, oferecer água pra debelar o calor insuportável e alimentar a contento a parelha. Conversávamos, ali, em cima do caminhão, ele empolgado, me relatando os fatos vivenciados no dia, me perguntando as dúvidas que iam surgindo, e comentando sobre os acontecidos. Era hora da ave-maria do rodeio. Momento sempre ímpar, diga-se de passagem. Narrador mandou bem, extraindo emoção e deixando boas palavras para o público. Nesse momento, estávamos um tanto distantes, muito devido ao calor intenso. Ao prestar atenção nas palavras ditas ao microfone, me aproximo dele, abraço e beijo, como sempre, porém, devido ao momento em si, me emociono, me engasgo, lacrimejo. E pra minha surpresa, com ele ocorre o mesmo. Momento sutil, porém único e marcante. Como bem disse meu amigo Felipe de Freitas, a correria e os problemas do dia a dia são tantos, que nos esquecemos de visualizar e entender as bênçãos que temos diariamente. Parabéns Felipe! Sou fã do teu trabalho e tu é sabedor disso. Grande e forte abraço irmão! Me tocou em um momento importante pra mim. Por força de diversos fatores, nunca tinha tido a companhia do meu filho num rodeio. Tive nesse, e graças à Deus, foi tudo lindo. Foi tudo espetacular. Pra mim, foi uma daquelas memórias que jamais se apagarão. Como qualquer Pai, ver a empolgação do filho pelas atividades que amamos e trazemos arraigados em nosso ser é indescritível. É inebriante. Voltei pra casa com as melhores sensações possíveis. Meu coração ecoa gratidão e amor. Eu gosto de rodeio, há décadas. E não é só pelo laço, pois sou o tal do perna de pau na laçada, embora goste bastante de correr boi. É por toda atmosfera que se cria. Estar entre amigos, estar junto da família, conhecer e firmar parcerias, sempre com bom humor, ouvindo música, dando risadas, lidando com bóia e assado. Sai caro, mas é recompensador. Se bem que caro, é perder um filho pra outras tantas coisas que não prestam. Caro, é ter que lidar com doença, que além de esvaziar o bolso, seca a energia e vivacidade. Caro, é comprar remédio. Caro, é ter a vida esvaziada, sem sentido. O restante corremos atrás e damos jeito aos poucos. E vamos indo. Gratidão sincera a vida, aos nossos orixás e guias, por tudo que tem nos proporcionado, por tudo que tem nos brindado. Que continuemos a fazer por merecer essas bênçãos. Só nos faz bem. Só nos engrandece, só nos deixa cada dia mais gratos, felizes e completos. Vamos por mais! Sempre!

1 comentários:

Rose Müller disse...

Esses ficam para todo sempre em nossos corações.