Já sentiu, do nada, uma sensação esquisita ao chegar e estar em um lugar? Esquisita, porém boa. De preenchimento, de pertencimento? Estranho não? Saber que é apenas um visitante, nada mais que isso. Estando ali, se propõe a ajudar como pode, e preza por não atrapalhar nada, pois muito ajuda quem não atrapalha, já diz o ditado. E mesmo assim a cada momento parece que saiu apenas dar uma volta e voltou rapidamente. Confesso que é estranho barbaridade. Mas é real e verdadeiro. Sentimento permanente. Coisa de louco, bem sei, mas fazer o quê? É a realidade vivida. Nestes tempos de vida sacudida “de cabo à rabo”, tendo que ficar confinado forçadamente, os pensamentos e lembranças nos tomam de assalto, como que quisessem nos fazer voltar no tempo e reviver, reparar, refazer. E creio, são estes filmes das retinas, todos, os memoráveis e os nem tanto, que alimentam essa estranheza sentida. Sabores, odores, sons e visões de passados remotos, misturados com saudades de infância e juventude dão um caldo cultural pessoal e familiar encorpado e consistente. Temperados por uma vivência e convívio fortes, moldados pelo gauchismo, pelo campo, pelo agro. Tem-se o alicerce desse sentimento e entendemos sua origem. Trator ronca, colheitadeira corta léguas, caminhão carrega, boiada muge, portão bate, cavalo relincha, xerga sua, pelego sova, agulha na vacagem, poeira na mangueira, carne, feijão, arroz, batata, mandioca, couve, bacon, fogão à lenha, lareira, churrasqueira, chimarrão, cavaco, lenha, cepo, panela, disco, espeto, grelha, frigideira. Tudo, simplesmente tudo, se afeiçoa, tudo completa, tudo revive. O tendeu de informações no começo deixa atrapalhado, depois se acomoda, traz entendimento e aos poucos gera o vislumbre de futuro, tanto imediato quanto em longo prazo para o lugar e suas possibilidades. E os dias transcorrem de forma imperceptíveis. Qualidade de vida inconteste. Ar puro, água de qualidade, banho revigorante, comida qualificada e com sabor diferenciado, sono reparador, noites de luxo. Isto posto, não demora e não deixa por mistério saber o porquê esse sentimento se aloja e se estriva num teatino. Pois nos acostumamos fácil ao que é bom e nos faz bem. Simples assim. Os momentos de gratidão, as conversas solitárias e bem fundamentadas com o astral, as orações e rezas deram conta de deixar o ar leve, respirável, dentro do que nos é possível, enquanto reles seres em desenvolvimento. Pois temos, sabemos bem, tudo dentro do que merecemos. Nem mais e nem menos. Podem e é possível que digam que isso não é vida. Discordo. São visões exteriores, de quem lança olhares supérfluos e se detém apenas ao que o olho vê. Digo por mim mesmo. Ver de fora e estar dentro é diferença contrastante tipo noite e dia, sal e açúcar. Não se pode emitir parecer sem conhecer. E para conhecer, nestes casos, só vivendo. Olhando, “necas de pitibiribas” como diria minha querida avó! Se aventure a ir nestes locais e “tirar tempo” para re-vivenciar estes locais. Será surpreendente, te digo! Pra mim, fez bem, trouxe muitas coisas de volta. Me deparei comigo mesmo e me percebi, me enfrentei, me encarei. É transcendental. Ímpar! Grato à vida e aos que possibilitam estas experiências! Meu mais honesto muito obrigado, do fundo do coração!
1 comentários:
"Neca de pitibiribas"... boas lembranças.
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