Quem por taura se faz
Não afrouxa pra vida
Nem se nega da lida
Quando ela anda pra trás
Afirma bem “os braço”
Se estrivando nos bastos
Pra não roçar os pastos
Aguentando firme o tironaço
Não dobra o espinhaço
Nem perde a mirada
Defende a boleada
E sai dando simbronaço
Pra enfeitar o estouro
Empurra toda a ponta
Até perder “as conta”
De quem se mete a touro
O golpe seco tonteia
Deixam um xirú perdido
Não se dá por vencido
Quando o destino volteia
A vida vem de retovo
Atraca metendo “as pua”
Risca fundo a carne crua
E faz se aprumar de novo
Faz parte da caminhada
Remalhar “um ou dois tento”
Os outros firmam, dando alento
E garantem a retomada
E se a vida pede rudeza
Lhe atendo de imediato
Atiro no papel “uns fato”
E lhe ofereço nobreza
Minha natureza alçada
De andar solito no mundo
Me permite ser profundo
Sem opinião desperdiçada
Um destino que é só meu
Pelear “só com o toco”
Não arrefecer “de soco”
Tipo sorro, que o chumbo correu
É fato, nunca neguei
Errar faz parte de mim
E também acertei, sim
Pois até aqui cheguei
Se bem ou mal, não sei
Ainda tenho “graxa no rim”
E se Deus quiser assim
Refaço tudo o que passei
Decerto no mundo ando
Sempre de peito aberto
Fui ensinado a ser liberto
E cruzar cumprimentando
Isso gera muita malícia
E puxa também maldade
Essa gente da cidade
Se acha igual a polícia
Por redomão fiquei assim
Empurrando no osso do peito
O tempo, que vinha sujeito
Me apeiou na cidade jardim
Jamais corro desse tal
Nem descerro cancela
Me criei na Portela
E sou cria da capital
E se hoje a tradição é viva
Aprendi a lida campeira
Pisando numa mangueira
Encravada lá na Estiva
E de lá trago vivência
Que guardo desde guri
Pois na vida aprendi
A honrar a descendência
Chapéu, bombacha e bota
Poncho, guaiaca e pala
Espora e mango de tala
Boina e bainha canhota
De à cavalo sou um mais
Eternizando nosso pampa
Colorindo nossa estampa
Que não morrerá jamais
Pois hoje, basteriado e taludo
Miro adiante os herdeiros
Pilchaditos, gaúchos e faceiros
E sinto que ali, tenho tudo
O que mais hei de querer
Nessa tacanha jornada
Se me basta essa mirada
No meu sereno alvorecer
É a certeza do divino
Fazer muito por nós
A presença cala a voz
E entendo o destino
Vou partir um dia, bem sei
Irei feliz, manso e tranquilo
Se da vida tiver aquilo
Que com suor eu trancei
Ao ideal dar continuidade
Honra, coragem e respeito
Fé, lealdade, ser direito
Pra descansar na eternidade
0 comentários:
Postar um comentário