É hora hermano, encilha!
Tem mugido por toda a invernada
A novilhada vem encarreirada
E no entardecer a tropa se perfilha
Ringem os bastos na recolhida
Vem o gateado pedindo serviço
Sabe e entende do compromisso
No campo, uma volta, vale a vida
O pastiçal cortado de dente
Mostra o viço da perenidade
E a bênção da natural lealdade
De terra fecunda e seu ventre
E fica como maior legado
De quem tanto cuida do chão
Não perder a linda exatidão
Desse trabalho esforçado
Emparelhando a revisada
Com o cio à bate cola
Mexendo as anca, rebola
E vem ladeando, a colorada
Vem muy bem de estado
Mostrando folga de pasto
Quase não senta o basto
No lombo “envaletado”
A parelha segue o trilho
É a lida de campeiro
No passito caminheiro
Pra juntar boi e novilho
Se vai no fundo da invernada
Bombeando bem estrivado
Pra que nenhum alçado
Fique perdido na tropeada
E quando no anoitecer
Na hora em que a lua apareça
A tropa baixa a cabeça
Tenteando espichar o recolher
Tranqueiam para o cocho
Azulego, osco e brasino
Preto, vermelho e salino
Aspado, orelhudo e mocho
A “bóia” imita o ponteiro
O aramado faz a parede
Dos que de ração “tem sede”
No relinchar do culatreiro
O cupinzudo canela estendida
Quer refugar e negaceia
O pingaço, num upa, paleteia
Mostrando o rumo da subida
“Afrouxam a boca” no parador
Pra não apertar na porteira
Pois juntou a tropa inteira
Pra se tocar pelo corredor
E vão subindo, no movimento
Um por um, à todos reparando
Os assobios e gritos empurrando
Charlando com muito fundamento
Escarceiam os fletes, suados
Visualizam a fim da lida do dia
Se entregam sem nenhuma rebeldia
E retornam, sem ficar estafados
É linda a lida nessas grota
Pra quem aprecia essa veia
E quando um turuno se “esgueia”
Tem pingo pra trazer de volta!
Se finda o dia no galpão
Fogo, chaleira e mate
Se findou o bom combate
É hora de descansar o garrão
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