domingo, 24 de maio de 2020

Fora do lugar? Talvez não...

Dia desses, envolvido numa lida gaúcha, me deparei com um artefato fora do contexto, pra quem tem um olhar definido sobre peças de nosso uso. E exatamente este item, naquele lugar, destoando dos demais, tipo pato em cancha de carreira, me fez pensar um pouco e expandir meus próprios horizontes e abrir o pensamento. Estava pilotando o fogão campeiro no quiosque de um grande amigo, dando vazão à uma de minhas paixões, que é a produção de "bóia forte". Neste dia em específico, espinhaço de ovelha com mandioca, na panela de ferro. No quiosque citado, há uma infinidade de coisas, muitas de uso e muitas de decoração. E muitas com dupla aptidão. Corria o olhar pelo ambiente, buscando identificar cada artefato, contemplando a beleza e charme que as peçam emprestam ao lugar. Até que numa mirada, entre os cuidados com o fogo e seu produto, bati o olho em algo diferente. De pronto, pensei: "Mas o que isso faz aqui??" E logo, também me dispus a buscar, ou melhor, formular, algumas alternativas, já que estava sozinho no momento. A parceria finalizava um serviço em outro ambiente. Nessas hipóteses é que o pensamento se expande. Poderia ser um presente. Poderia ser uma lembrança. Poderia ser várias coisas. Não importa. O fato de estar um chapéu de couro, dos tradicionais usados pelos vaqueiros nordestinos, junto às demais peças de couro cru, em nada muda. Ou muda, pra melhor. Mostra que somos hospitaleiros, que nos integramos com os demais rurais tradicionais desse mundo, e que valorizamos essa diversidade. Ponto positivo. Não existe uma fórmula pronta, tipo receita de bolo, mas passa, não só por estes gestos e pensamentos, também pela atitude, podermos enraizar e levar adiante a nossa própria cultura. A partir da aceitação da diversidade dos diferentes locais, entendendo que mesmo diferentes somos da mesma essência. E através da integração podemos ir mais longe, todos. Voltando ao chapéu, jantamos, conversamos longa e demoradamente, e não perguntei de onde surgiu e como foi parar lá. Hora dessas lembro e questiono. Vai que a história do dito vale um escrito...

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