sexta-feira, 22 de maio de 2020

Nossos desperdícios

Por onipresente e adimensional, o tempo faz troça e escarnece de seres simplórios e inacabados em seus constructos, que se adicionam na conta da finitude dos dias de cada um de nós. Se empenha em ensinar através das lições vagarosas e simples do cotidiano. Importa-se em apresentar lições valiosas dentro do seu andar ritmado. Provoca o instinto, sempre que necessário, criando situações. Prova, em seu decorrer e de forma inconteste, que seu decorrer é implacável. Soma tudo. Diminui tudo. Multiplica e divide conforme a necessidade do momento. Pois momentos é o que lhe sobra. Por indelével, não se apega e nem se deixa ficar. Somente permite que lhe guardem nas memórias e lembranças dos que se permitem e dignam à tanto. Se doces ou amargas, se tenras ou duras, faz a escolha por cada um. É sua magia. Transcorrer mútua e paralelamente para todos, permitindo a coexistência e as vivências de vicissitudes e defeitos múltiplos de cada ser. Individualmente, mesmo que em grupo. Em cada momento, longo ou breve, marca cada ser e demarca cada existência dentro daquilo que ele, sábio, autoriza. Por ardiloso, concede que cada um internalize aprendizados ao com ele andarem ladeados. E se faz todo sentimento quando essa concessão é desperdiçada. Sabe que assim como a água da cachoeira não subirá o rio, ele também não retorna. E nós? Estamos recolhendo os ensinamentos e internalizando-os? Ou deixando que se vão? Experiência não é viver simplesmente. É o que se faz com o que se vive. E não há como inventar experiência, é necessário vivê-la!

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