quinta-feira, 14 de maio de 2020

Duo? Deixa!

Realmente, vivemos, no Brasil, um tempo onde os dualismos imperam. No sul então, isso está arraigado em nossa essência desde antes do nascimento. Ou é isso ou é aquilo. Ou gosta disso, ou gosta daquilo. Ou vai com esse, ou fica com aquele. Ou faz assim, ou assado. Serve pra tudo. É tão internalizado em cada um, que a própria educação, tanto familiar como formal, inconscientemente, desde o início nos apresenta duas opções para tudo. É sério. Pare e pense como foi que nos educaram e como nós seguimos educando nossos filhos, sobrinhos, afilhados. É por aí gente. Repassamos aquilo que vivenciamos. Só um parêntese. Não estou aqui para julgar sobre ser certo ou errado, sobre ser correto ou incorreto. É apenas a leitura que trago pelas vivências presenciadas. Algumas à duras penas, outras com muitas alegrias. Simples assim. Entretanto, esse dualismo, quando externado, e principalmente, quando feito junto ou para, estranhos, invariavelmente gera alguns estranhamentos (quanta criatividade!). Mas é isso mesmo. Se formos nos balizar pelas redes (anti)sociais, aí a coisa descamba. Não são só estranhamentos. É cacete mesmo. Do mais puro, cru e duro “pau comendo”. Na política, no futebol, na religião, nos gostos pessoais, em tudo. Já presenciei, inclusive, discussão ferrenha pelo fato de uma pessoa ter pedido opiniões para colocar nome em um pet que havia/estava adotando. É incrível. É assustador. Analisemos os casos. Presencialmente, o velho e bom olho-no-olho, as conversas e pontos de vista tendem a ser mais amenos, conciliadores e brandos. Muito porque, pelo simples fato de nos determos a conversar sobre qualquer assunto com alguém, mesmo que inconscientemente, estamos nos dispondo a emitir opiniões, e também ouvi-las. Ao ouvir e falar, nasce o diálogo. Tendo diálogo, e este sendo dentro de um nível mínimo de respeito e cordialidade, o entendimento está a um passo, embora possa se manter a divergência sobre o assunto em questão. O que está a se entender é o porquê dessa divergência. Agora, passemos as redes (anti)sociais e suas respectivas mídias e afins. Alguém escreve algo, um segundo lê e comenta. Um terceiro lê as duas escritas e comenta levando em conta o que entendeu das duas, não só da primeira. Daí pra frente, a coisa descamba valendo. Nem vou levar em consideração na análise, os erros crassos de escrita, embora deveria, pois alguns se expressam de uma forma inteligível, e querem ser entendidos e compreendidos. Mas isso é outro ponto. A questão que pega aqui, é a interpretação do que se lê. Quem lê algo nas mídias, já lê pré-disposto a entender conforme melhor lhe convém e se enquadra no seu modo de pensar e/ou agir. E daí pra frente, Deus nos acuda, já que bom senso é algo que “tem mas tá em falta”, como diria o atendente da vendinha de antigamente. Empatia então, nunca se ouviu falar. Respeito? Digamos que sim, mas com uma boa dose de malícia ou cinismo e sarcasmo. Chega. Esses ingredientes já bastam para os “comportamentos” descerem a ladeira. Ah! Uma ressalva oportuna: Eu já caí nessa armadilha. E quando se entra nessa, é tipo caminhão sem freio. É com tudo! A dica que me atrevo a dar, é para termos um pouco mais de calma. Analisar mais de uma vez o caso, pensar se vale a pena, tentar entender o que uma possível “discussão digital” trará de benefício para eu e o meu momento. E também, se o que entendemos é realmente o que a outra ou as outras pessoas querem dizer com o exposto. Em muitos casos, não é. Uma abordagem cordial e educada, que suscite uma segunda abordagem do emissor da mensagem inicial normalmente tende a trazer compreensão e entendimento para a situação, e aí tudo fica mais fácil de resolver. Se é que é preciso resolver algo. Em muitos casos, é evitar uma discussão desnecessária, simplesmente. Dito isto, podemos propor à todos e todas, que pratiquem a paciência e compreensão ao “habitar” esses mundos digitais. Tem muita gente precisando dessas atitudes. Em muitos casos somos nós mesmos. Para evitar incômodos e desgastes totalmente desnecessários, uma vez que, o dualismo, muito dificilmente conseguiremos atenuar, quiçá extinguir! Embora fosse uma ótima pedida!

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